tag:blogger.com,1999:blog-79913057594333332282024-02-21T15:11:47.978-02:00Sol de AusterlitzCBhttp://www.blogger.com/profile/14574921363611189081noreply@blogger.comBlogger29125tag:blogger.com,1999:blog-7991305759433333228.post-38160813333136739742015-11-03T17:58:00.004-02:002015-11-03T18:04:37.708-02:00A CASA DE ASTÉRION<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg3Z1qb8UBUN5d3cUrc7ybE5HUlZQu9cwMSG7F7TU2ZMl_N7lx7jhV7I4Bsi6-S5UXDbKhcnfBuWi0udMdLhLZpR5gcg9piOGNAAMK7gCi_uj9NKtxO_wLcA_wm1XkeDwYYFF7I2TcQCHj0/s1600/borges_labirinto.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="336" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg3Z1qb8UBUN5d3cUrc7ybE5HUlZQu9cwMSG7F7TU2ZMl_N7lx7jhV7I4Bsi6-S5UXDbKhcnfBuWi0udMdLhLZpR5gcg9piOGNAAMK7gCi_uj9NKtxO_wLcA_wm1XkeDwYYFF7I2TcQCHj0/s640/borges_labirinto.jpg" width="640" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 26pt; line-height: 37.0933px;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 26pt; line-height: 37.0933px;">A CASA DE <span class="il">ASTÉRION</span></span></b></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px; text-align: right;">
<br /></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: right;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 14pt;"><br /></span>
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 14pt;">E a rainha deu à luz um filho que se chamou</span></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: right;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 14pt;"><span class="il">Astérion</span>.</span></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px; text-align: right;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">APOLODORO: <i>Biblioteca</i>, III, I.</span></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px; text-align: right;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 14pt;">Sei que me acusam de soberba, e talvez de misantropia, talvez de loucura. Tais acusações (que castigarei no devido tempo) são irrisórias. É verdade que não saio de minha casa, mas também é verdade que suas portas (cujo número é infinito)</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 9.5pt;">1 </span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 14pt;">estão abertas dia e noite aos homens e também aos animais. Que entre quem quiser. Não encontrará aqui pompas femininas, nem o bizarro aparato dos palácios, mas sim a quietude e a solidão. Por isso mesmo, encontrará uma casa como não há outra na face da terra. (Mentem os que declaram existir uma parecida no Egito.) Até meus detratores admitem que não há <i>um só móvel </i>na casa. Outra afirmação ridícula é que eu, <span class="il">Astérion</span>, sou um prisioneiro. Repetirei que não há uma porta fechada, acrescentarei que não existe uma –, fechadura? Mesmo porque, num entardecer, pisei a rua; se voltei antes da noite, foi pelo temor que me infundiram os rostos da plebe, rostos descoloridos e iguais, como a mão aberta. Já se tinha posto o sol, mas o desvalido pranto de um menino e as rudes preces da grei disseram que me haviam reconhecido. O povo orava, fugia, se prosternava; alguns se encarapitavam no estilóbato do templo dos Machados, outros juntavam pedras. Alguém, creio, ocultou-se no mar. Não em vão que foi uma rainha minha mãe; não posso confundir-me com o vulgo, </span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">ainda que minha modéstia o queira.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 14pt;">O fato é que sou único. Não me interessa o que um homem possa transmitir a outros homens; como o filósofo, penso que nada é comunicável pela arte da escrita. As enfadonhas e triviais minúcias não encontram espaço em meu espírito, que está capacitado para o grande; jamais guardei a diferença entre uma letra e outra. Certa impaciência generosa não consentiu que eu aprendesse a ler. Às vezes o deploro, porque as noites e os dias são longos.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 14pt;">Claro que não me faltam distrações. Como o carneiro que vai investir, corro pelas galerias de pedra até cair no chão, atordoado. Oculto-me à sombra de uma cisterna ou à volta de um corredor e divirto-me com que me procurem. Há terraços de onde me deixo cair, até me ensangüentar. A qualquer hora posso brincar que estou dormindo, com os olhos fechados e a respiração forte. (Às vezes durmo realmente, às vezes já é outra a cor do dia quando abro os olhos.) Mas, de tantas brincadeiras, a que prefiro é a de outro <span class="il">Astérion</span>. Finjo que ele vem visitar-me e que eu lhe mostro a casa. Com grandes reverências, digo-lhe: "<i>Agora voltamos à encruzilhada anterior</i>" ou "<i>Agora desembocamos em outro pátio</i>" ou "<i>Bem dizia eu que te agradaria o pequeno canal</i>" ou "<i>Agora verás uma cisterna que se encheu de areia</i>" ou " <i>lá verás como o porão se bifurca</i>". As vezes me engano e os dois nos rimos, amavelmente.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 14pt;">Não só criei esses jogos; também meditei sobre a casa. Todas as partes da casa existem muitas vezes, qualquer lugar é outro lugar. Não há uma cisterna, um pátio, um bebedouro, um pesebre; são catorze [são infinitos] os pesebres, bebedouros, pátios, cisternas. A casa é do tamanho do mundo; ou melhor, é o mundo. Todavia, à força de andar por pátios com uma cisterna e com poeirentas galerias de pedra cinzenta, alcancei a rua e vi o templo dos Machados e o mar. Não entendi isso até que uma visão da noite me revelou que também são catorze [são infinitos] os mares e os templos. Tudo existe muitas vezes, catorze vezes, mas duas coisas há no mundo que parecem existir uma única vez: em cima, o intrincado sol; embaixo, <span class="il">Astérion</span>. Talvez eu tenha criado as estrelas e o sol e a enorme casa, mas já não me lembro.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 14pt;">Cada nove anos, entram na casa nove homens para que eu os liberte de todo o mal. Ouço seus passos ou sua voz no fundo das galerias de pedra e corro alegremente para procurá-los. A cerimônia dura poucos minutos. Um após o outro, caem, sem que eu ensangüente as mãos. Onde caíram, ficam, e os cadáveres ajudam a distinguir uma galeria das outras. Ignoro quem sejam, mas sei que um deles profetizou, na hora da morte, que um dia chegaria meu redentor. Desde esse momento a solidão não me magoa, porque sei que vive meu redentor e que por fim se levantará do pó. Se meu ouvido alcançassem todos os rumores do mundo, eu perceberia seus passos. oxalá me leve para um lugar com menos galerias e menos portas. Como será meu redentor? – me pergunto. Será um touro ou um homem? Será talvez um touro com cara de homem? Ou será como eu?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 14pt;">O sol da manhã reverberou na espada de bronze. Já não restava qualquer vestígio de sangue.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 14pt;">– Acreditarás, Ariadne? – disse Teseu. – O minotauro mal se defendeu.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 14pt;">A Marte Mosquera Eastman.</span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 14pt;"><br /></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 14pt;"><br /></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 14pt;"><br /></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif;"><span style="font-size: 18.6667px;">BORGES, Jorge Luis. <b>O Aleph</b>. Tradução de Flávio José Cardozo. São Paulo: Globo, 1999. Título Original: El Aleph.</span></span></div>
CBhttp://www.blogger.com/profile/14574921363611189081noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7991305759433333228.post-77491866018544187262013-05-25T21:04:00.002-02:002013-05-25T21:04:45.260-02:00So Long and Thanks for All the Fish<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgjDbZGgzZQ4RX7GpvgcVlIaigdI7O9ZDAFvDor8jwrY0Pd-nECiYtBLhZlHFO9sa8TyZknIyL4XOSKS2RD5Gz-fele68euTGC0RwuMp-pLJtq0wsUiXCnJFF4wA0255CCxpkkH6Q52EZtd/s1600/SoLongAndThanksForAllTheFish_by_ChayaA.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="425" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgjDbZGgzZQ4RX7GpvgcVlIaigdI7O9ZDAFvDor8jwrY0Pd-nECiYtBLhZlHFO9sa8TyZknIyL4XOSKS2RD5Gz-fele68euTGC0RwuMp-pLJtq0wsUiXCnJFF4wA0255CCxpkkH6Q52EZtd/s640/SoLongAndThanksForAllTheFish_by_ChayaA.jpg" width="640" /></a> <!--[if gte mso 9]><xml>
<w:WordDocument>
<w:View>Normal</w:View>
<w:Zoom>0</w:Zoom>
<w:HyphenationZone>21</w:HyphenationZone>
<w:PunctuationKerning/>
<w:ValidateAgainstSchemas/>
<w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid>
<w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent>
<w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText>
<w:Compatibility>
<w:BreakWrappedTables/>
<w:SnapToGridInCell/>
<w:WrapTextWithPunct/>
<w:UseAsianBreakRules/>
<w:DontGrowAutofit/>
</w:Compatibility>
<w:BrowserLevel>MicrosoftInternetExplorer4</w:BrowserLevel>
</w:WordDocument>
</xml><![endif]--></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<!--[if gte mso 9]><xml>
<w:LatentStyles DefLockedState="false" LatentStyleCount="156">
</w:LatentStyles>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 10]>
<style>
/* Style Definitions */
table.MsoNormalTable
{mso-style-name:"Tabela normal";
mso-tstyle-rowband-size:0;
mso-tstyle-colband-size:0;
mso-style-noshow:yes;
mso-style-parent:"";
mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt;
mso-para-margin:0cm;
mso-para-margin-bottom:.0001pt;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:10.0pt;
font-family:"Times New Roman";
mso-ansi-language:#0400;
mso-fareast-language:#0400;
mso-bidi-language:#0400;}
</style>
<![endif]-->
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;">Encontraram um espaço na grama, relativamente livre de
casais deitados um em cima do outro, sentaram-se e observaram os patos
espetaculares e a luz do sol ondulando na superfície do lago que corria sob os
patos espetaculares.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;">– Uma história – disse Fenchurch, aconchegando o braço
dele no dela.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;">– Que vai te dar uma idéia do tipo de coisa que
acontece comigo. É completamente real.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;">– Você sabe que algumas vezes as pessoas contam
histórias que supostamente aconteceram com o melhor amigo do primo da sua
mulher, mas que, no fim das contas, foram inventadas mesmo.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;">– Bom, parece mesmo uma dessas histórias, só que
realmente aconteceu e eu sei que aconteceu, porque a pessoa com a qual tudo
aconteceu fui eu.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;">– Como o bilhete da rifa.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;">Arthur riu.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;">– Exatamente. Eu ia pegar um trem – prosseguiu ele. –
Cheguei na estação...</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;">– Eu já te contei – interrompeu Fenchurch – o que
aconteceu com os meus pais numa estação?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;">– Já – disse Arthur.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;">– Só estou conferindo.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;">Arthur deu uma olhada no relógio.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;">– Acho que já podíamos voltar – disse ele.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;">– Conte a sua história – respondeu ela, decidida. –
Você chegou na estação.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;">– Eu estava uns vinte minutos adiantado. Confundi o
horário do trem. Acho que é no mínimo igualmente possível – acrescentou, após
uma breve reflexão – que a companhia de trens tenha confundido o horário. Nunca
tinha pensado nisso.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;">– Tá, continua. – Fenchurch riu.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;">– Aí eu comprei um jornal, para fazer as palavras
cruzadas, e fui até o restaurante para tomar um café.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;">– Você faz palavras cruzadas?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;">– Faço.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;">– Quais?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;">– As do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">The
Guardian</i>, normalmente.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;">– Eu acho que eles sempre tentam ser espertinhos.
Prefiro a do Times. Você resolveu?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;">– O quê?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;">– As palavras cruzadas do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Guardian</i>.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;">– Ainda não tive chance de dar uma olhada nelas –
disse Arthur. – Ainda estou tentando comprar um café.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;">– Tudo bem, então. Compre o café.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;">– Estou comprando. Estou comprando também alguns <span class="il">biscoitos</span>.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;">– Que tipo?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;">– <i>Rich Tea</i>.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;">– Boa escolha.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;">– Também gosto. Com tudo isso em mãos, eu procuro uma
mesa e me sento. E, antes que você me pergunte como era a mesa, não sei, não
lembro, isso aconteceu há séculos. Provavelmente era redonda.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;">– Tá bem.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;">– Deixa eu recapitular a cena. Eu lá, sentado à mesa.
A minha esquerda, o jornal. À direita, o café. E no meio da mesa o pacote de <span class="il">biscoitos</span>.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;">– Estou vendo perfeitamente.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;">– O que você não vê – disse Arthur -, porque ainda não
o mencionei, é um cara que já estava sentado nessa mesa. Ele está sentado na
minha frente.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;">– Como ele é?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;">– Perfeitamente normal. Maleta de couro. Terno e
gravata. Não tinha cara de quem estava prestes a fazer uma coisa estranha.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;">– Ah. Conheço bem esse tipo. O que ele fez?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;">– Ele fez o seguinte. Ele se inclinou sobre a mesa,
pegou o pacote de <span class="il">biscoito</span>, abriu, pegou um e...</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;">– E?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;">– Comeu.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;">– <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O quê</i>?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;">– Ele comeu.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;">Fenchurch olhou para ele, abismada.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;">– E que diabos você fez?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;">– Bem, diante das circunstâncias, fiz o que qualquer
inglês viril faria. Fui obrigado a ignorá-lo.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;">– Como assim? Por quê?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;">– Bom, não é o tipo de coisa para a qual a gente está
preparado, né? Vasculhei minha alma e descobri que não havia nada na minha
criação, experiência ou até nos meus instintos básicos me dizendo como reagir
diante de alguém que, sentado na minha frente, simplesmente, calmamente, rouba
um dos meus <span class="il">biscoitos</span>.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;">– Ah, você podia... – Fenchurch pensou a respeito. –
É, tenho que admitir que eu teria feito a mesma coisa. E aí, o que aconteceu?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;">– Concentrei furiosamente a minha atenção nas palavras
cruzadas – disse Arthur. – Não consegui preencher nada, tomei um gole de café,
estava quente demais para beber, então eu não tinha nada para fazer. Me
preparei. Apanhei um <span class="il">biscoito</span>, tentando fingir que não
tinha reparado que o pacote já estava misteriosamente aberto...</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;">– Mas você reagiu, adotou uma postura firme.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;">– Do meu jeito, sim. Comi o <span class="il">biscoito</span>.
Comi deliberada e ostensivamente, para que ele não tivesse dúvida sobre o que
estava fazendo. E, quando eu como um <span class="il">biscoito</span> – disse
Arthur -, devo dizer que não tem volta.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;">– E o que ele fez?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;">– Apanhou outro. Sério – insistiu Arthur -, foi
exatamente o que ele fez. Ele apanhou outro <span class="il">biscoito</span> e
comeu. Tão claro como a luz do dia. Tão certo como estarmos sentados aqui no
chão.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;">Fenchurch mexeu-se desconfortavelmente.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;">– E o problema – disse Arthur – é que, como eu não
havia dito nada da primeira vez, ficou ainda mais difícil levantar o assunto da
segunda vez. O que eu poderia dizer? "Com licença... não pude deixar de
notar que..." Não dava mais. Não, eu o ignorei, até mesmo com mais vigor
do que antes</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;">– Esse é o meu homem...</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;">– Olhei para as palavras cruzadas, novamente, não
consegui fazer uma linha, aí, inspirando-me na coragem de Henrique V no Dia de
São Crispim...</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;">– Ahn?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;">– Eu ataquei novamente. Peguei outro <span class="il">biscoito</span>.
E, por um momento, os nossos olhos se encontraram.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;">– Assim?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;">– Sim, bem, não, não desse jeito. Mas se encontraram.
Por um breve instante. E nós dois desviamos o olhar. Mas devo dizer – disse
Arthur – que houve uma pequena eletricidade no ar. Havia uma pequena tensão
crescendo naquela mesa. Àquela altura.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;">– Imagino.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;">– Acabamos com o pacote assim. Ele, eu, ele, eu.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;">– O pacote <i style="mso-bidi-font-style: normal;">todo</i>?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;">– Bom, eram só oito <span class="il">biscoitos</span>,
mas parecia que toda uma vida de <span class="il">biscoitos</span> havia se
passado diante de nós. Nem mesmo os gladiadores enfrentavam algo tão difícil.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;">– Os gladiadores – disse Fenchurch – teriam que fazer
tudo isso sob um sol forte. Exige mais do condicionamento físico.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;">– É, tem isso. Enfim. Quando o pacote vazio jazia
morto entre nós, o cara finalmente se levantou, já tendo feito o pior e foi
embora. Eu suspirei aliviado, é claro. Anunciaram o meu trem um pouco depois,
então terminei o meu café, levantei, apanhei o jornal e, embaixo do jornal...</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;">– Ahn?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;">– Estavam os meus <span class="il">biscoitos</span>.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;">– O quê? – perguntou Fenchurch. – O quê?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;">– É sério.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;">Ela ficou sem ar e se jogou de costas na grama,
morrendo de rir.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;">Sentou-se novamente.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;">– Seu bobalhão – disse ela, levantando a voz -, seu
bobo, tolo e completo idiota!</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;">Empurrou Arthur para trás, rolou sobre ele, lhe deu um
beijo e rolou de volta ao seu lugar.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;">Ele ficou impressionado ao sentir como ela era leve.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;">– Agora é a sua vez de me contar uma história.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;">ADAMS.
Douglas. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Até mais, e obrigado pelos
peixes!</b> Tradução de Márcia Heloísa Amarante Gonçalves. São Paulo: Arqueiro,
2010, p. 76-80. Título Original: <i>So Long, And Thanks for All the Fish</i>.</span></div>
<br />
<br />CBhttp://www.blogger.com/profile/14574921363611189081noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7991305759433333228.post-85580424766247473092012-12-30T19:45:00.000-02:002012-12-30T19:45:58.929-02:00O Sangue do Ombro de Pallas<!--[if gte mso 9]><xml>
<w:WordDocument>
<w:View>Normal</w:View>
<w:Zoom>0</w:Zoom>
<w:HyphenationZone>21</w:HyphenationZone>
<w:PunctuationKerning/>
<w:ValidateAgainstSchemas/>
<w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid>
<w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent>
<w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText>
<w:Compatibility>
<w:BreakWrappedTables/>
<w:SnapToGridInCell/>
<w:WrapTextWithPunct/>
<w:UseAsianBreakRules/>
<w:DontGrowAutofit/>
</w:Compatibility>
<w:BrowserLevel>MicrosoftInternetExplorer4</w:BrowserLevel>
</w:WordDocument>
</xml><![endif]--><br />
<!--[if gte mso 9]><xml>
<w:LatentStyles DefLockedState="false" LatentStyleCount="156">
</w:LatentStyles>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 10]>
<style>
/* Style Definitions */
table.MsoNormalTable
{mso-style-name:"Tabela normal";
mso-tstyle-rowband-size:0;
mso-tstyle-colband-size:0;
mso-style-noshow:yes;
mso-style-parent:"";
mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt;
mso-para-margin:0cm;
mso-para-margin-bottom:.0001pt;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:10.0pt;
font-family:"Times New Roman";
mso-ansi-language:#0400;
mso-fareast-language:#0400;
mso-bidi-language:#0400;}
</style>
<![endif]-->
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_NI-7ekxs51PDml2h3vMWNJp6qqiJJeL50bsiubJfQx9e3Qp2QvT78EdcsZGsxcFribXU_X8eIMCJGpAzIcRAmO2evPfRuh7_Jjt2RLKc_6CUXsggAbczz-CLxeyEgWuVxYZES8QD__LJ/s1600/imagem.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_NI-7ekxs51PDml2h3vMWNJp6qqiJJeL50bsiubJfQx9e3Qp2QvT78EdcsZGsxcFribXU_X8eIMCJGpAzIcRAmO2evPfRuh7_Jjt2RLKc_6CUXsggAbczz-CLxeyEgWuVxYZES8QD__LJ/s640/imagem.JPG" width="587" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<!--[if gte mso 9]><xml>
<w:WordDocument>
<w:View>Normal</w:View>
<w:Zoom>0</w:Zoom>
<w:HyphenationZone>21</w:HyphenationZone>
<w:PunctuationKerning/>
<w:ValidateAgainstSchemas/>
<w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid>
<w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent>
<w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText>
<w:Compatibility>
<w:BreakWrappedTables/>
<w:SnapToGridInCell/>
<w:WrapTextWithPunct/>
<w:UseAsianBreakRules/>
<w:DontGrowAutofit/>
</w:Compatibility>
<w:BrowserLevel>MicrosoftInternetExplorer4</w:BrowserLevel>
</w:WordDocument>
</xml><![endif]-->
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt; line-height: 150%;"><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:WordDocument>
<w:View>Normal</w:View>
<w:Zoom>0</w:Zoom>
<w:HyphenationZone>21</w:HyphenationZone>
<w:PunctuationKerning/>
<w:ValidateAgainstSchemas/>
<w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid>
<w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent>
<w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText>
<w:Compatibility>
<w:BreakWrappedTables/>
<w:SnapToGridInCell/>
<w:WrapTextWithPunct/>
<w:UseAsianBreakRules/>
<w:DontGrowAutofit/>
</w:Compatibility>
<w:BrowserLevel>MicrosoftInternetExplorer4</w:BrowserLevel>
</w:WordDocument>
</xml><![endif]--></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt; line-height: 150%;"><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:LatentStyles DefLockedState="false" LatentStyleCount="156">
</w:LatentStyles>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 10]>
<style>
/* Style Definitions */
table.MsoNormalTable
{mso-style-name:"Tabela normal";
mso-tstyle-rowband-size:0;
mso-tstyle-colband-size:0;
mso-style-noshow:yes;
mso-style-parent:"";
mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt;
mso-para-margin:0cm;
mso-para-margin-bottom:.0001pt;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:10.0pt;
font-family:"Times New Roman";
mso-ansi-language:#0400;
mso-fareast-language:#0400;
mso-bidi-language:#0400;}
</style>
<![endif]-->
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 13.0pt;"><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:WordDocument>
<w:View>Normal</w:View>
<w:Zoom>0</w:Zoom>
<w:HyphenationZone>21</w:HyphenationZone>
<w:PunctuationKerning/>
<w:ValidateAgainstSchemas/>
<w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid>
<w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent>
<w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText>
<w:Compatibility>
<w:BreakWrappedTables/>
<w:SnapToGridInCell/>
<w:WrapTextWithPunct/>
<w:UseAsianBreakRules/>
<w:DontGrowAutofit/>
</w:Compatibility>
<w:BrowserLevel>MicrosoftInternetExplorer4</w:BrowserLevel>
</w:WordDocument>
</xml><![endif]--></span></i></b></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 13.0pt;"><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:LatentStyles DefLockedState="false" LatentStyleCount="156">
</w:LatentStyles>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 10]>
<style>
/* Style Definitions */
table.MsoNormalTable
{mso-style-name:"Tabela normal";
mso-tstyle-rowband-size:0;
mso-tstyle-colband-size:0;
mso-style-noshow:yes;
mso-style-parent:"";
mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt;
mso-para-margin:0cm;
mso-para-margin-bottom:.0001pt;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:10.0pt;
font-family:"Times New Roman";
mso-ansi-language:#0400;
mso-fareast-language:#0400;
mso-bidi-language:#0400;}
</style>
<![endif]-->
</span></i><span style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 13.0pt;"></span></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 13.0pt; line-height: 150%;">Por Daniel Dreiberg</span></b></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 13.0pt;">
O
Texto a seguir é reimpressão do Jornal da Sociedade Ornitológica Americana,
outono de 1983.</span></i></b><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt; line-height: 150%;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt; line-height: 150%;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt; line-height: 150%;">Será possível estudar um pássaro tão
de perto, observar e catalogar suas peculiaridades em detalhes tão minuciosos,
que o mesmo se torna invisível? Será possível que, enquanto medimos
fastidiosamente a envergadura de suas asas ou o comprimento de seu tarso,
acabamos perdendo a visão de sua poesia?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt; line-height: 150%;">Será possível que, em nossas
prosaicas descrições de plumagens marmóreas ou vermiculadas, perdemos a visão
de pinturas vivas, uma sucessão de tons de marrom e dourado que envergonharia
Kandinsky ou explosões de luz e cor à altura de Monet? Eu creio que sim.
Acredito que, ao estudarmos nosso objeto com a sensibilidade de um estatístico
ou de um dissector, nós nos distanciamos cada vez mais das maravilhas e
encantamentos da imaginação.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<a name='more'></a><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhwQNZvI2QzqRTLHL4x-jYYJE6F5HegMFAS5aa1wGo7ybK91xp2f3EaoHWzeq8D0mXfjXrk2uhD28umgRDOXn-jO7qso2JZFTxnDce7ePDMgppzgnncaIKeCvJvMItGsG2OtJ-LpAyFX5yx/s1600/coruja+voo.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="343" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhwQNZvI2QzqRTLHL4x-jYYJE6F5HegMFAS5aa1wGo7ybK91xp2f3EaoHWzeq8D0mXfjXrk2uhD28umgRDOXn-jO7qso2JZFTxnDce7ePDMgppzgnncaIKeCvJvMItGsG2OtJ-LpAyFX5yx/s400/coruja+voo.JPG" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt; line-height: 150%;">A menos que nossas observações sejam
imbuídas de discernimento poético, elas não passarão de gemas opacas, pedras
semi preciosas que não valem a pena ser colecionadas.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt; line-height: 150%;">Olhando para um falcão, notamos
pequenas diferenças na largura das linhas de haste da plumagem inferior, onde
os egípcios viram Horus. Porém, até conseguirmos transformar nossos simples
conceitos em visões genuínas, até nossos ouvidos estarem maduros para captar
uma sinfonia no estridente pandemônio de um aviário, talvez tenhamos adquirido
um <i style="mso-bidi-font-style: normal;">hobby</i>, mas não uma paixão.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt; line-height: 150%;">Eu tinha verdadeira paixão por
corujas quando criança. Durante os longos verões no início dos anos cinquenta,
enquanto o resto do país observava os céus à procura de discos voadores e
mísseis soviéticos, em plena noite, eu costumava correr pelos campos da Nova
Inglaterra para meu ponto de obervação. Ali posicionava-me e esquadrinhava o
céu na esperança de ver um tipo de espetáculo diferente: o vôo de uma coruja em
busca de alimento.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt; line-height: 150%;">Mas minha paixão perdeu-se
inadvertidamente, como minério cintilante metamorfoseado num banal e opaco
sistema de arquivos. Essa mudança paulatina passou despercebida e tornou-se um
hábito. Só recentemente consegui vislumbrar o filão precioso através da poeira
acumulada de estudos metódicos e acadêmicos: no estacionamento de um hospital
em Maine, quando ia visitar um amigo que fora internado, eu divisei de repente
o pio de uma coruja caçadora.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt; line-height: 150%;"><span id="goog_1524969766"></span><span id="goog_1524969767"></span>Tratava-se de um velho pássaro. Seu
grito decrépito propagava-se loucamente através do céu escuro e gelado. O som
me deixou petrificado. Consiste em falácia a crença de que corujas gritam para
atrair as presas. Seu grito, na verdade, é uma voz do Inferno, capaz de
transformar ratos selvagens em estátuas e prender doninhas ao solo. Em meu
instante de paralisia, postado no brilhante calçamento entre os carros
estacionados, eu compreendi a razão oculta daquele som. Com aguda clareza, do
mesmo modo que o compreendia quando era garoto. No infinito momento que se
descortinava, senti-me solidário com as pequenas criaturas que, mais vulneráveis
que eu, quedavam-se imobilizadas de medo. Trepada no galho com fixidez
desconcertante, sorvendo a escuridão pelas pupilas dilatadas e sedentas, a
coruja localizara seu jantar. Ignorando qual de nós havia sido escolhido, eu
fiquei de pé, congelado, junto com os roedores do campo. Meu coração martelava
à espera do súbito ataque das garras afiadas. As penas das corujas são macias e
fofas, e não fazem um ruído sequer quando investem através do ar. Sua vítima
nunca sabe o momento em que será atacada.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt; line-height: 150%;">Então, em algum lugar, na sombra do
crepúsculo que circundava o hospital iluminado, pareceu-me ter ouvido uma
pequena criatura emitir seu derradeiro clamor. Os segundos se arrastavam. Eu
podia mover-me novamente, assim como todos os invisíveis habitantes da mata.
Aliviados. Salvos. A coruja não mais gritava por nós. Podíamos continuar com
nossos afazeres noturnos, com nossas vidas. Não estávamos nos contorcendo, sem
forças, na escuridão sufocante e fétida, com a cabeça entrando pela goela do
predador e nossos rabos pendendo, patéticos, do bico da cimitarra, antes de
nossas patas posteriores e cintura pélvica finalmente serem lançadas para fora.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt; line-height: 150%;">Embora eu tivesse recuperado minhas
habilidades motoras, descobri que meu equilíbrio não retornaria com a mesma
facilidade. O impulso de experimentar, e não simplesmente de registrar,
reascendeu-se dentro de mim, estimulando os processos do pensamento e
auto-avaliação que me levou a este artigo.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt; line-height: 150%;">Como já deixei transparecer antes,
não significa que eu tenha abandonado os esforços e pesquisas acadêmicas
relacionadas a esse campo para fugir e viver uma existência primitiva nos
bosques. Pelo contrário: dediquei-me aos estudos com ânimo renovado,
contemplando fatos insípidos e descrições áridas sob a mesma luz que os
favorecera quando eu era criança. A compreensão científica do movimento
sincronizado e articulado das plumagens de uma coruja durante o vôo não impede
a apreciação poética desse mesmo fenômeno. As duas se realçam: um olho mais
lírico<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>empresta aos dados frios o
romance do qual eles se divorciaram há muito tempo.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgU0kHDKqhX4BN83nmzuzAp4tuftbSl8sRUi5p5qSvm0U6pSdiLEPMVPmODcE97RIuAV_YNpW81BUXxGhkcG8qpIOp1J5dXXPF5Xj1ee_D4ipgfYUfqF3fdWNbhXCu8cbkmRq5gBGkx0S29/s1600/ratos.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="287" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgU0kHDKqhX4BN83nmzuzAp4tuftbSl8sRUi5p5qSvm0U6pSdiLEPMVPmODcE97RIuAV_YNpW81BUXxGhkcG8qpIOp1J5dXXPF5Xj1ee_D4ipgfYUfqF3fdWNbhXCu8cbkmRq5gBGkx0S29/s400/ratos.JPG" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt; line-height: 150%;">Mergulhando avidamente nas
referências de livros empoeirados, eu deparei com passagens esquecidas, que me
deixaram sem fôlego, e tomos de aspecto sombrio que se revelaram como arcas de
tesouro contendo maravilhas iridescentes. Redescobri antigos trechos de prosa
descritiva e a violenta essência de seu conteúdo. Tropecei, mais uma vez, no
conto absorvente de T. A. Coward sobre seu encontro com a Águia Coruja: “Na
Noruega, vi um pássaro que fora pego em seu próprio ninho, mas ele não só
assumiu uma atitude típica de aterradora, como fez freqüentes investidas ao
arame, golpeando-o com os pés. Como a plumagem eriçada, moldou sua cabeça entre
as asas e disparou uma rajada de altos estalos com seu bico. Mas o que mais me
impressionou foi o cintilar intenso dos seus olhos enormes.”</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt; line-height: 150%;">É claro que também há o conto de
Hudson sobre a Águia Coruja magalânica que ele feriu na Patagônia: “Os olhos
eram de uma cor laranja brilhante, mas, cada vez que eu tentava me aproximar do
pássaro, eles se tornavam grandes globos ígneos com pupilas negras que
dardejavam faíscas amarelas no ar.” Em palavras quase esquecidas, como as acima
mencionadas, eu aprendi um pouco de intensidade apocalíptica que senti naquele
estacionamento em Maine.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt; line-height: 150%;">Atualmente, quando observo um
espécime de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Carine Noctua</i>, tento
transcender o moro cinza de suas unhas e as manchas brancas dispostas em linhas
caprichadas. Em vez disso, procuro olhar o pássaro cuja imagem os gregos
entalharam sem suas moedas: empoleirado tranquilamente no ombro da deusa Pallas
Athena, compartilhando em silêncio de sua sabedoria imortal.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt; line-height: 150%;">Em lugar de medirmos os tufos de
penugem que cobrem seus ouvidos, talvez devêssemos especular o que essa ave
ouviu. Talvez, se considerássemos a maneira como ela segura seu galho, com duas
garras à frente e outra atrás, devêssemos parar por um momento e admitir que tais
garras podem ter, em alguma ocasião, arrancado sangue do ombro de Pallas.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgCqAGAHnmzVBpa2lJwRaa4wn8zT3tK7wdF5ZjzCLriX5xLI_CL7tdA8oBCGmTRO2cwmya66brYAGFFUR0cBdyyQqQZq6_RfAWbaFMzQoD-N2Whv-zU-Qn9gu-kXunULzUQjYWBzwq3ii9j/s1600/fecho.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="420" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgCqAGAHnmzVBpa2lJwRaa4wn8zT3tK7wdF5ZjzCLriX5xLI_CL7tdA8oBCGmTRO2cwmya66brYAGFFUR0cBdyyQqQZq6_RfAWbaFMzQoD-N2Whv-zU-Qn9gu-kXunULzUQjYWBzwq3ii9j/s640/fecho.JPG" width="640" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt; line-height: 150%;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt; line-height: 150%;">MOORE, Alan. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Watchmen</b>: um irmão para os dragões. Tradução e adaptação: Estúdio
Criarte. nº 4. DC Comics Inc. São Paulo: Editora Abril, 1989, p. 29-32.</span></div>
<!--[if gte mso 9]><xml>
<w:LatentStyles DefLockedState="false" LatentStyleCount="156">
</w:LatentStyles>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 10]>
<style>
/* Style Definitions */
table.MsoNormalTable
{mso-style-name:"Tabela normal";
mso-tstyle-rowband-size:0;
mso-tstyle-colband-size:0;
mso-style-noshow:yes;
mso-style-parent:"";
mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt;
mso-para-margin:0cm;
mso-para-margin-bottom:.0001pt;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:10.0pt;
font-family:"Times New Roman";
mso-ansi-language:#0400;
mso-fareast-language:#0400;
mso-bidi-language:#0400;}
</style>
<![endif]-->CBhttp://www.blogger.com/profile/14574921363611189081noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7991305759433333228.post-38446206780346066792012-09-01T00:10:00.002-02:002012-09-02T00:53:17.011-02:00A Patrulha da Noite<!--[if gte mso 9]><xml>
<w:WordDocument>
<w:View>Normal</w:View>
<w:Zoom>0</w:Zoom>
<w:HyphenationZone>21</w:HyphenationZone>
<w:PunctuationKerning/>
<w:ValidateAgainstSchemas/>
<w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid>
<w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent>
<w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText>
<w:Compatibility>
<w:BreakWrappedTables/>
<w:SnapToGridInCell/>
<w:WrapTextWithPunct/>
<w:UseAsianBreakRules/>
<w:DontGrowAutofit/>
</w:Compatibility>
<w:BrowserLevel>MicrosoftInternetExplorer4</w:BrowserLevel>
</w:WordDocument>
</xml><![endif]-->
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgG7vn2vlPUBtoC1Pqe00hUE5dGt2C0OfJ5sMTW4g5GQls7ILDNCsI0A7v0jZDea_3SDo0kP4CWfS_O6whm2biIf0gnP6hYBZBHpLG_RIEQxE_fIlqJcVdYW8phI6tkvKPSO1QYduHxW4oV/s1600/Night-s-Watch-a-song-of-ice-and-fire-3437951-500-392.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="499" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgG7vn2vlPUBtoC1Pqe00hUE5dGt2C0OfJ5sMTW4g5GQls7ILDNCsI0A7v0jZDea_3SDo0kP4CWfS_O6whm2biIf0gnP6hYBZBHpLG_RIEQxE_fIlqJcVdYW8phI6tkvKPSO1QYduHxW4oV/s640/Night-s-Watch-a-song-of-ice-and-fire-3437951-500-392.jpg" width="640" /></a></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 20.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-language: PT-BR;"></span></b></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 13.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-language: PT-BR;">Em suas <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Crônicas de Gelo e Fogo</b>, o autor
norte-americano George R. R. Martin concebeu <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">A Patrulha da Noite</b>, no original <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Night's Watch</i></b>, como uma
Ordem militar responsável pela segurança dos Sete Reinos de Westeros.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 13.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-language: PT-BR;">Em muitos momentos
durante a leitura dos livros da saga, a comparação com os Cavaleiros Templários
é quase inevitável. Afinal, assim como os integrantes da <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão</b> (do
latim <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ordo Pauperum Commilitonum Christi
Templique Salominici</i>), os Patrulheiros da Noite são celibatários e não
possuem bens.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 13.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-language: PT-BR;">Ouso dizer que a
associação aos Templários só é amortecida quando, bem mais adiante, o leitor
trava conhecimento com as ordens monásticas militares dos<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"> Filhos do Guerreiro</b> e dos <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Pobres
Irmãos </b>que, por motivos óbvios, se parecem ainda mais com os Templários. Os
Filhos do Guerreiro são cavaleiros que renunciam toda riqueza e aos prazeres da
carne para juramentar suas espadas à Fé. Eles usavam mantos arco-íris e
armadura embutida de prata por cima de cilícios, e trazem cristais em forma de
estrela nos botões do punho das espadas. Por seu turno, <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Os Pobres Irmãos</b> formam uma irmandade mendicante cujos membros
trazem consigo machados de guerra e passam o tempo a correr pelas estradas,
escoltando viajantes de septo em septo. O seu símbolo é a estrela de sete
pontas, vermelha sobre branco. O povo simples chama aqueles de Espadas e estes
de Estrelas.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<a name='more'></a><br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiyY4j81dU3HcfnKZ38WrY0HBSl7w_ousM7dIRH1rj-KslD4igmnHq2Qmc5Oi4ACZ4GXjxXtxj5HOGp2H4-nCx0mB4iQbRnkugJXjmMFw4DVbQwxCoG7oKGTpKp9udW17714G29h7uQY1rr/s1600/NW2b.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="392" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiyY4j81dU3HcfnKZ38WrY0HBSl7w_ousM7dIRH1rj-KslD4igmnHq2Qmc5Oi4ACZ4GXjxXtxj5HOGp2H4-nCx0mB4iQbRnkugJXjmMFw4DVbQwxCoG7oKGTpKp9udW17714G29h7uQY1rr/s640/NW2b.jpg" width="640" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><b>Brothers in Black</b></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 13.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-language: PT-BR;">Por outro lado, é
bastante provável que a Patrulha da Noite seja a ordem militar mais antiga dos
Sete Reinos, remontando aos tempos anteriores à queda dos reinos dos Primeiros
Homens, evento que precedeu a chamada Invasão dos Ândalos e à própria Guerra da
Conquista de Aegon.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 13.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-language: PT-BR;">O surgimento da
Patrulha ocorreu aproximadamente 8.000 anos antes da época em que são narradas
as Crônicas de Gelo e Fogo. Conta-se que nesse período, conhecido como <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Noite Longa</b>, houve uma noite durou toda
uma geração. Na escuridão, <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">os Outros</b>
saíram das Terras do Sempre Inverno e invadiram Westeros, causando pânico e
destruição até serem derrotados na <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Batalha
pela Aurora</b>. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgx8ldRWA40qewXQZ0ehp-R_RH1B3VLfYh2pMU7Iy6jZKXHwOcv8srDwzdh7naon2bAXscImDUq53wFzGFjTMvlNblRJHF5MNKWbwesGeA4gINAnYoTx1kqreCkqPakq76mi4ihwQnJ5tSf/s1600/the-wall-by-marc-simonetti-484x750.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgx8ldRWA40qewXQZ0ehp-R_RH1B3VLfYh2pMU7Iy6jZKXHwOcv8srDwzdh7naon2bAXscImDUq53wFzGFjTMvlNblRJHF5MNKWbwesGeA4gINAnYoTx1kqreCkqPakq76mi4ihwQnJ5tSf/s400/the-wall-by-marc-simonetti-484x750.jpg" width="256" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><b>"The Wall" de Marc Simonetti</b></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 13.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-language: PT-BR;">Depois disso, um
ancestral da Casa Stark, Brandon, o Construtor, ergueu a grande <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Muralha</b> que mede mais de 200m de altura
e figura na obra como o grande aparentemente intransponível marco entre as
terras dos homens civilizados e o desconhecido norte. A inspiração na Muralha
de Adriano, construída pelos romanos para estabelecer os novos limites de seu
império em retração, parece óbvia.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 13.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-language: PT-BR;">Nos tempos em que se
passam as crônicas, o leitor encontra a Patrulha da Noite como uma instituição
decadente. Em dias pretéritos, de uma maneira ou de outra, o inimigo foi
sossegado e a Patrulha da Noite iniciou um movimento que a fez olvidar seu
próprio passado: a Patrulha da Noite, pois, foi instituída para combater os
terríveis Caminhantes Brancos e não apenas para manter afastados os povos selvagens
que vivem pra-lá-da-Muralha.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 13.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-language: PT-BR;">Assim, nos dias da
narrativa de Martin, a antes gloriosa Patrulha da Noite é composta basicamente
por uma escória de criminosos, condenados, camponeses, devedores, saqueadores,
estupradores, ladrões e bastardos. Os poucos nobres que vestem o Negro o fazem
por má sorte: alguns são infelizes apoiaram os Targaryen durante a <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Rebelião</b></span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"> </b><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 13.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-language: PT-BR;">de Robert Baratheon; </span></b><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 13.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-language: PT-BR;">e
outros nada mais senão filhos desprezados pelos pais ou aniquilados nos
meandros das mais torpes maquinações políticas.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 13.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-language: PT-BR;">A organização
política <i style="mso-bidi-font-style: normal;">interna corporis</i> da Patrulha
da Noite é muito interessante: seu líder, o Senhor Comandante, possui um cargo
vitalício e é escolhido por meio do escrutínio de todos os <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Black Brothers</i>. Quando um Senhor Comandante morre, qualquer Patrulheiro
juramentado pode candidatar-se ou ser indicado por seus irmãos para o alto cargo.
Para ser considerado eleito, o candidato deve receber dois terços dos votos dos
Irmãos Juramentados da Patrulha da Noite. Quando o quórum não é alcançado, o
processo é repetido no dia seguinte até que surja um resultado que atenda ao
regulamento.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjjSwLFbGTlWKQCndGuYjtapXI6WYDM_dZS9MRd17fgsYm8yZ-ngVFjRrdOgxTraAadZdfSx0vnSO5OW5e2GHGl0ZpqEjARZg7Wq48OB-HgXTAMZ9vtt6MvN3ZOSRkzySRKjIO0t_K8EslN/s1600/NW1b.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="392" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjjSwLFbGTlWKQCndGuYjtapXI6WYDM_dZS9MRd17fgsYm8yZ-ngVFjRrdOgxTraAadZdfSx0vnSO5OW5e2GHGl0ZpqEjARZg7Wq48OB-HgXTAMZ9vtt6MvN3ZOSRkzySRKjIO0t_K8EslN/s640/NW1b.jpg" width="640" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 13.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-language: PT-BR;">O papel desses nobres
e abnegados guerreiros que envergam o Negro cresce a media que a narrativa
evolui, pois, como os Stark advertem em seu estandarte, o Inverno se aproxima
gradativamente. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 13.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-language: PT-BR;">Não obstante as
grandes dificuldades enfrentadas, algumas tradições e a própria mística da
Patrulha da Noite permanecem vivas. A cerimônia de iniciação de um novo
Patrulheiro, que ocorre após a sua aprovação no treinamento, é marcada por um
juramento que, por significar a entrega irrevogável a uma vida de privações e
enormes sacrifícios, não pode ser tomado à força. Quem decide seguir adiante
profere as seguintes palavras diante dos deuses e dos homens:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 2.0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 13.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-language: PT-BR;">A noite chega, e
agora começa a minha vigia. Não terminará até a minha morte. Não tomarei
esposa, não possuirei terras, não gerarei filhos. Não usarei coroas e não
conquistarei glórias. Viverei e morrerei no meu posto. Sou a espada na
escuridão. Sou o vigilante nas muralhas. Sou o fogo que arde contra o frio, a
luz que traz consigo a alvorada, a trombeta que acorda os que dormem, o escudo
que defende os reinos dos homens. Dou a minha vida e a minha honra à Patrulha
da Noite, por esta noite e por todas as noites que estão para vir.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 13.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-US; mso-fareast-language: PT-BR;">Do original:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 2.0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 13.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-US; mso-fareast-language: PT-BR;">Night gathers, and now my
watch begins. It shall not end until my death. I shall take no wife, hold no
lands, father no children. I shall wear no crowns and win no glory. I shall
live and die at my post. I am the sword in the darkness. I am the watcher on
the walls. I am the fire that burns against the cold, the light that brings the
dawn, the horn that wakes the sleepers, the shield that guards the realms of
men. I pledge my life and honor to the Night's Watch, for this night and all
the nights to come.</span></i></b></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 13.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-language: PT-BR;">Uma vez feito, o
juramento é irretratável. O passado, a família, as disputas pelo poder, tudo
fica para trás. Um dos princípios que rege a vida na Muralha é a Meritocracia,
de forma que nobres e camponeses têm as mesmas oportunidades. De acordo com as
habilidades demonstradas durante o treinamento, os novos Irmãos Negros são
divididos em Intendentes, Construtores, Patrulheiros. </span></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgoNS5ePfH1g8ksZkFNbPwUgLaiW5R-mE5xDr3Vp_vkAQdf4mhtRurhWtzV2_PMWBSCiqn2F-epacpeho1xnIFkpDc7t1r5WKhNo8t0EURj7VLIrWGOjpTqy_BwyuaQ17eidbeTvGD7lU35/s1600/NW3b.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="363" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgoNS5ePfH1g8ksZkFNbPwUgLaiW5R-mE5xDr3Vp_vkAQdf4mhtRurhWtzV2_PMWBSCiqn2F-epacpeho1xnIFkpDc7t1r5WKhNo8t0EURj7VLIrWGOjpTqy_BwyuaQ17eidbeTvGD7lU35/s640/NW3b.jpg" width="640" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><b>Construtores, Patrulheiros e Intendentes</b></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 13.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-language: PT-BR;">Os Patrulheiros</span></b><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 13.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-language: PT-BR;"> são a mão da espada da Ordem, os exploradores do mundo desconhecido e
selvagem que do lado norte da Muralha e seus verdadeiros guardiões. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Os Construtores</b> são responsáveis pela
manutenção da Muralha, dos castelos e do equipamento. Já <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Os Intendentes</b> desenvolvem funções operacionais e logísticas como,
por exemplo, a caçada, o cultivo, o preparo dos alimentos e até das roupas.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 13.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-language: PT-BR;">No fantástico e
complexo universo que Martin criou, a Patrulha da Noite representa a abnegação,
a coragem, a perseverança e a renuncia dos anseios particulares em prol da
coletividade. A Patrulha da Noite sobreviveu por milênios enquanto outras
instituições e dinastias caíram. Alheios às disputas políticas, os Patrulheiros
mantiveram-se austeros e resolutos, sólidos como a própria Muralha, defendendo
os homens civilizados de perigos inimagináveis. O inimigo virá de todos os
lados e eles, firmes, ainda estarão lá. Eles são a espada na escuridão. Eles
são os vigilantes da Muralha e sabem que a deserção significa a morte. </span></div>
<!--[if gte mso 9]><xml>
<w:LatentStyles DefLockedState="false" LatentStyleCount="156">
</w:LatentStyles>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 10]>
<style>
/* Style Definitions */
table.MsoNormalTable
{mso-style-name:"Tabela normal";
mso-tstyle-rowband-size:0;
mso-tstyle-colband-size:0;
mso-style-noshow:yes;
mso-style-parent:"";
mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt;
mso-para-margin:0cm;
mso-para-margin-bottom:.0001pt;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:10.0pt;
font-family:"Times New Roman";
mso-ansi-language:#0400;
mso-fareast-language:#0400;
mso-bidi-language:#0400;}
</style>
<![endif]-->CBhttp://www.blogger.com/profile/14574921363611189081noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7991305759433333228.post-88729242679281008052012-07-31T21:43:00.002-02:002012-07-31T21:43:25.843-02:00Keep Calm and Carry On<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhrrV9PS565-lReZ6xhmZEa05A8kTmePDBUpfLLLiV79yYN6m3Nim-gQt2_LnRmzl31AEH0qO8au-rvdw551X_ht3ztfRPNduka_axk-p8n8FuM6GaWK6KW8Vr2YTImOrJmjgRwGx3hF8ko/s1600/Keep-calm-and-carry-on.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhrrV9PS565-lReZ6xhmZEa05A8kTmePDBUpfLLLiV79yYN6m3Nim-gQt2_LnRmzl31AEH0qO8au-rvdw551X_ht3ztfRPNduka_axk-p8n8FuM6GaWK6KW8Vr2YTImOrJmjgRwGx3hF8ko/s640/Keep-calm-and-carry-on.jpg" width="452" /></a></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: ""serif"","serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Não sei bem
se nos últimos meses ou semanas, o antigo cartaz motivacional produzido pelo
governo britânico em 1939 se espalhou de tal forma pela internet que muitas pessoas,
que, alias,já viram quase todas as múltiplas versões produzidas por milhares,
quiçá milhões, de internautas, não sabem como tudo começou.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: ""serif"","serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Antes de
virar <i>meme</i>, antes de <i>viralizar</i>, a mensagem <b><i>Keep
Calm and Carry On</i></b> fez parte de uma série de cartazes que o Ministério da
Informação, antecipando os dias difíceis que viriam pela frente, concebeu logo
no início do conflito que viria a ser conhecido como a <b>Segunda Guerra Mundial</b>. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: ""serif"","serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Assim, em
1939, visando aplacar as fortes tensões sociais de um território que, em pouco
tempo, se tornaria um dos principais alvos dos bombardeios alemães, as
mensagens foram criadas e começaram a ser difundidas para elevar o moral da
população inglesa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: ""serif"","serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Inicialmente
eram três cartazes, em verdade bastante simples, todos com a mesma tipologia, uma
fonte facilmente reconhecível e ao mesmo tempo difícil de ser copiada pelo
inimigo, confeccionados em apenas duas cores e ostentando uma frase de impacto,
que tem como pedra angular a coroa britânica, do então Rei George VI. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<a name='more'></a><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi0zqyBFVfO8QLKpWG9g18pC3lPAtC4VQJdy8NbrE5B0jwL9Q4uERtvN_KW_xh8BA4A47X5VAhyphenhyphentPo7VPWz9uI-ndGBk4nNJ0jJkkZh0JiY7ubbOt80Vlq1FvQgFRjnMNUfFPgcxWDloISv/s1600/keep_cam_courage_peril.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="297" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi0zqyBFVfO8QLKpWG9g18pC3lPAtC4VQJdy8NbrE5B0jwL9Q4uERtvN_KW_xh8BA4A47X5VAhyphenhyphentPo7VPWz9uI-ndGBk4nNJ0jJkkZh0JiY7ubbOt80Vlq1FvQgFRjnMNUfFPgcxWDloISv/s640/keep_cam_courage_peril.jpg" width="640" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: ""serif"","serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O primeiro cartaz
dizia<b><i>:
Your courage, your cheerfulness, your resolution will bring us victory</i></b>,
que em tradução livre poderia soar como: <b>sua
coragem, sua alegria, sua resolução nos trará a vitória</b>. Esse primeiro cartaz teve uma tiragem de 400
mil exemplares. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: ""serif"","serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O segundo
estampava: <b><i>Freedom is in peril, defend it with all your might</i></b>, ou seja: <b>a liberdade está em perigo, defenda-a com
toda sua força</b>. Por sua vez,<b> </b>teve
tiragem de 800 mil exemplares.<o:p></o:p></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjhebcfqCsRoqsyUY7qBxawGNdg5SfhL3wZbHcBBEFdurhO6cpvbHjZYuPK0b3F3a2tXD3bOXtNyjiUHFw77fNFV47yA-kwpnxOQjVgQZNqAiKMD9HEWaKx9cGu2XgkG6dPT5DMT-1kHhVc/s1600/KEEP+SOL.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjhebcfqCsRoqsyUY7qBxawGNdg5SfhL3wZbHcBBEFdurhO6cpvbHjZYuPK0b3F3a2tXD3bOXtNyjiUHFw77fNFV47yA-kwpnxOQjVgQZNqAiKMD9HEWaKx9cGu2XgkG6dPT5DMT-1kHhVc/s320/KEEP+SOL.png" width="256" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: ""serif"","serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O último cartaz
dessa série, o conhecidíssimo <b><i>Keep Calm and Carry On</i></b>, simplesmente,
<b>Mantenha a calma e prossiga,</b> não foi
concebido para o momento inicial do conflito. Antes, a ideia era divulgar o
cartaz apenas se a guerra tomasse rumos realmente ruins para os ingleses, quem
sabem como a efetivação do sonho de Hitler de invadir a Inglaterra e acabar com
uma invencibilidade que já dura desde 1066, quando da invasão de Guilherme, o
Conquistador. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: ""serif"","serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A Historiografia
ensina que Hitler não teve sucesso na invasão, assim como muitos outros antes
dele, mas os ingleses estavam preparados com 5 milhões de cartazes estocados.
Com o a renovação do moral britânico, a recrudescimento da resistência, o
contragolpe da RAF, e toda a reviravolta que se seguiu, os pôsteres foram deixados
de lado e depois simplesmente destruídos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: ""serif"","serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Tem-se que restaram
apenas sete exemplares. Desses sete, seis foram descobertos em 2009 e hoje
podem ser encontrados em um museu britânico. O outro cartaz foi encontrado no
norte da Inglaterra, em uma livraria em Alnwick, por Stuart Manley,
proprietário da Barter Books.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: ""serif"","serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><br /></span></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjitjUxR1LJrwVhc7B8HJoAbQ5hw03XgyRJRLuxzwY55hCqzgUDWlFTbtdqyH89HH0_bzhUGkbxh_Hth1vFaVx1_WiLut209VTSboh04E37p8IQlWQgrMEIv6ObZ1ZwSErz3DiRd9ALmBoE/s1600/Stuart-Manley-dono-da-Barter-Books.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="408" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjitjUxR1LJrwVhc7B8HJoAbQ5hw03XgyRJRLuxzwY55hCqzgUDWlFTbtdqyH89HH0_bzhUGkbxh_Hth1vFaVx1_WiLut209VTSboh04E37p8IQlWQgrMEIv6ObZ1ZwSErz3DiRd9ALmBoE/s640/Stuart-Manley-dono-da-Barter-Books.jpg" width="640" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: Arial, sans-serif;"><b>Stuart Manley e seu cartaz</b></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: ""serif"","serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Em 2000, Manley
descobriu o cartaz no fundo de uma caixa com livros e velhos artigos que havia
arrematado em um leilão. Manley e a esposa Mary resolveram colocar o cartaz em
uma moldura e pendurá-lo em sua pitoresca livraria alfarrabista. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: ""serif"","serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; text-transform: uppercase;">A</span><span style="font-family: ""serif"","serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> boa aceitação que o cartaz teve por parte de seus
clientes, levou Manley a reproduzi-lo para a venda. Os cartazes começaram a
vender mais que os livros. Hoje em dia, fora da internet e seus <i>memes</i>, o cartaz pode ser encontrado
estampado em uma série de produtos e pendurados nas paredes dos lugares mais
improváveis como no Palácio de Buckingham, no número 10 da Downing Street, que
é a residência oficial do Primeiro Ministro inglês e na Embaixada dos EUA na
Bélgica.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>CBhttp://www.blogger.com/profile/14574921363611189081noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7991305759433333228.post-80480361086772458282012-06-17T00:20:00.001-02:002012-06-17T00:20:52.612-02:00Febre de Bola de Nick Hornby<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgCODCaTyFcsSZ7twudQvjR515RmPntHAPBfgTMAqLv4aXTh92Ps0i_hGcn5NAXPCzy5AkJKyit1zZCCnmyTqFBSypbi6qW-XwqpOd2xiG05omLqB9nd6l06OQjNt91UBFsp6RuuB8znPfh/s1600/Last+Days+of+Highbury+Stadium.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgCODCaTyFcsSZ7twudQvjR515RmPntHAPBfgTMAqLv4aXTh92Ps0i_hGcn5NAXPCzy5AkJKyit1zZCCnmyTqFBSypbi6qW-XwqpOd2xiG05omLqB9nd6l06OQjNt91UBFsp6RuuB8znPfh/s1600/Last+Days+of+Highbury+Stadium.jpg" /></a></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;"><span class="il"><b>O Turbilhão Nervoso</b></span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span class="il"></span><span class="il"></span></b></span><span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">Em <span class="il"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Febre</b></span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"> <span class="il">de</span> <span class="il">bola</span></b> encontramos
divertidas partículas da experiência universal do futebol. O jogo que domina as
mentes <span class="il">de</span> milhões <span class="il">de</span> seguidores e
fãs pelo mundo. O esporte que, em larga medida, ignora as fronteiras naturais
e, sobretudo, as fronteiras erigidas pelo homem. Em todos os continentes as
crianças correm atrás da <span class="il">bola</span> e lançam suas bobinadas
certeiras enquanto gritam os nomes <span class="il">de</span> seus heróis. A
magia, o espetáculo, a paixão do futebol. Tantos são os adjetivos e as fórmulas
utilizadas na tentativa <span class="il">de</span> explicar o sentimento “sem
nome” do futebol. Porém – máxima ironia – o senhor <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Nick Hornby</b>, a seu modo, resolveu explicar isso tudo escrevendo um
livro sobre ele mesmo.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">Exatamente, conforme um grande amigo
afirmou, <span class="il"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Febre</b></span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"> <span class="il">de</span> <span class="il">Bola</span></b>
não é um livro sobre o futebol. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Fever Pitch</i></b> é o título original desse
livro em que o autor relata momentos <span class="il">de</span> sua vida entre
1968 e 1992, tendo como pano <span class="il">de</span> fundo o futebol. Na
verdade, posso dizer que vai um pouco além disso: o futebol para Hornby é muito
mais do que um simples cenário, o futebol é a sua <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">obsessão</b>.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">O autor tinha 13 anos <span class="il">de</span>
idade quando o mundo da <span class="il">bola</span> se desvelou diante <span class="il">de</span> seus olhos. A separação dos pais, justo naquela época, e as
complicações próprias da aurora da adolescência são os ingredientes que
transformaram a alma do autor em um campo fértil para o florescimento <span class="il">de</span> uma paixão avassaladora, uma fuga, uma obsessão: o futebol.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<a name='more'></a><br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgomvTaiDaGugRXwSUgWKgv6EU6EsmIdwoefWoOmiFONGmMbhpIawTi3AhiEq2cD24f0f7LLZwFq4t9Juwa6rU9BArAXxpbyAjUZcotPrDPGPmfR8oVOQHQfnMO2A2w0QzZjmA0ZCtKiAz0/s1600/febre+de+bola.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgomvTaiDaGugRXwSUgWKgv6EU6EsmIdwoefWoOmiFONGmMbhpIawTi3AhiEq2cD24f0f7LLZwFq4t9Juwa6rU9BArAXxpbyAjUZcotPrDPGPmfR8oVOQHQfnMO2A2w0QzZjmA0ZCtKiAz0/s1600/febre+de+bola.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><b>A edição brasileira</b></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">É curioso notar que quando o pai <span class="il">de</span> Nick o convidou para que fossem assistir a um jogo juntos,
ele, com qualquer adolescente que se preze, <span class="il">de</span> pronto
recusou. O jovem se considerava totalmente disposto a ir a qualquer lugar com o
pai, nas vezes em que ele aparecia para visitá-lo, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">“com exceção <span class="il">de</span> todos os lugares que ele [o pai]
conseguia pensar.”</i> Independente disso, ele se tornou um torcedor do
Arsenal, tradicional clube inglês.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">No início, só o futebol mantém a
relação entre pai e filho, reduzindo as tensões, direcionando e
compatibilizando interesses. Sem o futebol, seus encontros seriam apenas os
jantares monótonos, sempre no mesmo restaurante, sem assunto para conversar.
Depois do futebol, naturalmente, não mais faltou assunto. Todos os amantes do
esporte bretão sabem o quão prolífero pode ser o mundo do futebol, até mesmo
quando a falta <span class="il">de</span> assunto é o principal assunto. Talvez
essa última frase necessite <span class="il">de</span> um bom exemplo para ficar
mais clara: pensem nos intervalos entre as temporadas e nas pré-temporadas que
os times realizam. O que há <span class="il">de</span> interessante para se
comentar quando não há jogos do seu time e por toda parte tudo que se ouve são
as velhas especulações sobre transferências <span class="il">de</span> jogadores.
Nessas épocas estéreis há algum assunto realmente interessante? Sim, para os
obsessivos sempre há. Diferente do meu tempo <span class="il">de</span> garoto,
quando era necessário esperar a banca <span class="il">de</span> jornais abrisse
de manhã para ler as novidades nas páginas cor-<span class="il">de</span>-rosa do
<i>Jornal dos Sports</i>, hoje a informação e a desinformação circulam em tempo
real nos 140 caracteres das <i>twittadas</i> relâmpago dos jornalistas e <span class="il">de</span> seus ávidos seguidores virtuais.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjwJmQTVGbJhLshZj8B7kNGayl_o81NmTgqZFtgNCETg6oqyqsAM-h2DxTaEP-4E0pQbZmuPRhnGJ_XP3q48ARqec3-mbSFEopf29JH7UOBdEUM63ctBmWkhyTP2tjMj1KXd8s-b5HpXKjq/s1600/Nick-Hornby-at-Highbury-i-007.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="384" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjwJmQTVGbJhLshZj8B7kNGayl_o81NmTgqZFtgNCETg6oqyqsAM-h2DxTaEP-4E0pQbZmuPRhnGJ_XP3q48ARqec3-mbSFEopf29JH7UOBdEUM63ctBmWkhyTP2tjMj1KXd8s-b5HpXKjq/s640/Nick-Hornby-at-Highbury-i-007.jpg" width="640" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><b>Nick Hornby em "casa", no Highbury</b></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;"> Devidamente contextualizado com sua
realidade, é fácil identificar-se com o garoto Nick quando, por exemplo, ficamos
sabendo do nervosismo que sentia antes dos jogos, vezes em que <i style="mso-bidi-font-style: normal;">“acordava com um turbilhão nervoso no
estômago”</i>. Ou em sua estréia no estádio e o sobressalto ao ver tantas
pessoas felizes bradando palavrões e impropérios <span class="il">de</span> toda
sorte. Assim como o jovem Nick, esse aspecto me impressionou em primeira visita
ao estádio. Assim como ele já tinha ouvido todos aqueles palavrões antes, mas
não entoados pelos adultos e não naquele volume.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">Não poucos saberão precisamente do
que Hornby está falando quando conta a primeira grande decepção que sofreu no
futebol: final <span class="il">de</span> um campeonato importante e o Arsenal,
franco favorito, perde o título para um clube <span class="il">de</span> menor
expressão em pleno Wembley, um dos palcos clássicos do futebol em todo o mundo.
A dor da derrota foi atroz, mas o pior era o sentimento <span class="il">de</span>
traição em relação às pessoas que antes haviam dito a ele que o Arsenal
venceria aquela disputa ou aquelas outras que não demonstravam entender a sua
relação com o seu time.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">Isso não é tudo. À medida que a
narrativa avança, Hornby revela fatos e acontecimentos <span class="il">de</span>
sua adolescência, do início da vida adulta, da universidade, dos
relacionamentos com as mulheres, com os amigos e do quanto o seu vínculo
extremo com o futebol influenciou a vida <span class="il">de</span> todas as
pessoas que conviveram com ele. Suas referência cronológicas não remetem ao
calendário cristão. Antes, o que demarca sua trajetória são as temporadas do
Arsenal, anos em dobradinhas: 80/81, 86/87, 91/92, na forma do tradicional
calendário esportivo europeu. Ele não descreve o quarto, a sala ou a cozinha
das casas em que viveu, mas, por outro lado, o leitor lê as descrições <span class="il">de</span> cada pedaço das arquibancadas <span class="il">de</span>
Highbury, o estádio do Arsenal. Conforme avança em anos e experiência, surge a
necessidade <span class="il">de</span> migrar para se acomodar em diversas partes
diferentes daquele pedaço <span class="il">de</span> concreto tão querido.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhtoZ0Bo3sXlMf0GQz5VHbW-3yj9RwxZKmbs9EKroZvychrBgdii9IT3Phs-AxiX_RxG-Hl3EOQfUrApLEvrq-TDXrg4rE5S_9k4Y-KBNwY-H-4yKTJSSytISsqOMCQuU_-1Ec9I7xxMgu2/s1600/Nick+Hornby+Fever+Pitch.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhtoZ0Bo3sXlMf0GQz5VHbW-3yj9RwxZKmbs9EKroZvychrBgdii9IT3Phs-AxiX_RxG-Hl3EOQfUrApLEvrq-TDXrg4rE5S_9k4Y-KBNwY-H-4yKTJSSytISsqOMCQuU_-1Ec9I7xxMgu2/s400/Nick+Hornby+Fever+Pitch.jpg" width="260" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><b>Edição na língua original</b></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;"> Falando em arquibancadas, logo se
pensa nos <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">hooligans</i></b>. Inegavemlemente o hooliganismo é um ponto sensível
do futebol europeu. Obviamente a violência das torcidas não é um problema
exclusivo do <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Velho Mundo</b>, mas a
grande parte da inspiração dos arruaceiros <span class="il">de</span> hoje partiu
das confusões registradas por lá, sobretudo na Inglaterra. O autor tocou nesse
assunto, mas eu diria que ele foi condescendente em relação os atos criminosos
e selvagens praticados pelos <i style="mso-bidi-font-style: normal;">hooligans</i>.
Ele até chega a repudiar essa violência, mas <span class="il">de</span> forma
complacente, indulgente. Diria mais, as tentativas <span class="il">de</span>
encontrar explicações para alguns massacres famosos em estádios europeus
envolvendo ingleses soaram como simples corporativismo. Afinal, é seguro dizer
que, no período <span class="il">de</span> que trata o livro, qualquer
frequentador assíduo dos jogos do Arsenal, como o autor, para dizer o mínimo,
esteve muito envolvido nas atividades dos <i style="mso-bidi-font-style: normal;">hooligans</i>.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">Por outro lado, o autor aparenta o
amor próprio pouco desenvolvido. Ele se define como um sofredor nato. Diz
claramente que os jogos do Arsenal sempre foram uma chatice sem fim. Torcer
para o Arsenal, na visão <span class="il">de</span> Nick, é algo como uma tarefa <span class="il">de</span> <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Sísifo</b>: uma
eternidade <span class="il">de</span> jogos muito ruins, repletos <span class="il">de</span>
empates sem gols, derrotas amargas e poucas vitórias apertadas. Em realidade,
porém, entendi essa visão pessimista sobre o próprio time, mais como um recurso
literário do que como a realidade dos fatos. Afinal, como disse no início, o
foco da obra não é o futebol e sim a obsessão. E, a meu sentir, nenhuma
obsessão existe que não traga consigo algum sofrimento arraigado e persistente,
daí a necessidade em exagerar o “sofrimento” causado pelas alternâncias, pela
transitoriedade, e, acima <span class="il">de</span> tudo, pelas injustiças do
mundo da <span class="il">bola</span>, no qual sonhos acalentados por anos a fio
terminam abruptamente, no trágico e imprevisível voo <span class="il">de</span>
uma Jabulani qualquer.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">Enfim, já no primeiro parágrafo, eu
dizia que Hornby havia conseguido expressar o que é o futebol falando dele
mesmo. E o fez, descortinando seu universo permeado pelo futebol e, com isso,
estabeleceu pronto canal com outros obsessivos pela <span class="il">bola</span>.
A compreensão é imediata e muitas vezes não é preciso sequer terminar a leitura
<span class="il">de</span> uma frase ou capítulo para saber exatamente do que o
autor está falando. “Papo reto”, por assim dizer. <span class="il">De</span>
obsessivo para obsessivo. Surge, então, sem esforço, o entendimento (pelo menos
quero crer que foi assim).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgvuX8WoqyffOJ-P-nQ9ppzAnOA49UZpeWhoXXL7xeJWKX2mbxZUcw2Bt66elRBhze8GyqsQDUsrwL07OsVVqUrGDPe2THjvuK5e1Ov117rimRiC_XkS0-YVn1c8nr6CDj80rL7cLSrMCf-/s1600/p00937b4_640_360.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgvuX8WoqyffOJ-P-nQ9ppzAnOA49UZpeWhoXXL7xeJWKX2mbxZUcw2Bt66elRBhze8GyqsQDUsrwL07OsVVqUrGDPe2THjvuK5e1Ov117rimRiC_XkS0-YVn1c8nr6CDj80rL7cLSrMCf-/s640/p00937b4_640_360.jpg" width="640" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><b>O livro de Nick é, muitas vezes um relato de obcecado para obcecado</b></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;"> Antes de ler o livro, ouvi de alguns
leitores que me precederam que os signos lançados nas páginas <span class="il">de</span>
“Fever Pitch” estariam fora do alcance da compreensão das mulheres. Não, não.
As mulheres possuem lá suas próprias obsessões. Nem sempre se trata do futebol,
mas o mundo é mesmo assim: ninguém é perfeito. Elas, claro está, poderiam
decifrá-lo (falo do livro) plenamente. Colheriam a essência da maneira mais
absoluta, bastando focar em outros paradigmas e imaginando exemplos
identificáveis para elas como o futebol é para a grande maioria dos homens. O
problema é que Nick Hornby é um grande bastardo inglês e um tremendo egoísta. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">Tudo bem que ele escreveu essa jóia
divertidíssima, o <span class="il"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Febre</b></span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"> <span class="il">de</span> <span class="il">Bola</span></b>,
mas isso não redime o seu egocentrismo. O livro, por seu turno, é tão bom que,
se não soubesse que a melhor maneira <span class="il">de</span> dizer obrigado a
um autor é ler o seu livro, poderia até dizer uma ou duas palavras para esse
inglês egoísta <span class="il">de</span> uma figa. Claro que poderia e não
desconsidero nada disso. Todavia, estimo que ele não daria a mínima para nada
disso. Até porque quando escrevi essas linhas, era janeiro <span class="il">de</span>
2011 e a temporada 10/11 estava em pleno andamento na Inglaterra: o Arsenal estava
apenas 4 pontos atrás do Manchester United, que era então o líder, <span class="il">de</span> maneira que Nick Hornby tinha mais com o que se preocupar.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>CBhttp://www.blogger.com/profile/14574921363611189081noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7991305759433333228.post-70925404642250177842012-05-31T18:46:00.003-02:002012-06-02T02:12:12.968-02:00As origens da queda do absolutismo<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiuaZd5rZ5LvO-XImGUlRzCjdn7lq4bVFylCnLPki2VG9kEC1WqUJSoHh_Ba5r3hdcbnP1gXavH4pd-RCMyzJ4NlBnWmUafdmkk5n5UggEKJHAm4hyLkSjzKk_LeuJTcN1A6RemVDFhUBv1/s1600/757px-Eug%C3%A8ne_Delacroix_-_La_libert%C3%A9_guidant_le_peuple.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="505" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiuaZd5rZ5LvO-XImGUlRzCjdn7lq4bVFylCnLPki2VG9kEC1WqUJSoHh_Ba5r3hdcbnP1gXavH4pd-RCMyzJ4NlBnWmUafdmkk5n5UggEKJHAm4hyLkSjzKk_LeuJTcN1A6RemVDFhUBv1/s640/757px-Eug%C3%A8ne_Delacroix_-_La_libert%C3%A9_guidant_le_peuple.jpg" width="640" /></a></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">Não raras
fontes históricas defendem que a monarquia francesa encontrou seu fim ao pé do
cadafalso e, segundo essas mesmas fontes, a expressão máxima de sua derrocada
teria ocorrido em 21 de janeiro de 1793, quando o povo francês decapitou seu
Rei, o monarca <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Luis XVI</b>. Munro Price
[1] lembra que antes desse evento dramático, a monarquia era uma estrutura
grandiosa, malgrado todas as suas rachaduras, e o rei que, por fim, ficou uma
cabeça menor governava por Direito Divino, sendo responsável por suas ações apenas
diante de Deus.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">Antes de
prosseguir, é bom que se diga que cortar a cabeça de um rei não era novidade na
Europa, pois em 1649, a Câmara dos Comuns criou uma corte (Tribunal de Exceção?
Sim, claro) para promover o julgamento de <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Carlos
I</b>. Assim, no dia 29 de janeiro daquele mesmo Ano do Senhor de 1649, Carlos
I foi condenado à morte por decapitação e – celeridade a toda prova –, decapitado
já no dia seguinte, do lado de fora da <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Banqueting
House.</i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">Ao matar um
rei, portanto, não significa acabar com a monarquia. Mesmo porque, na França,
ao contrário do que ocorrera antes da Inglaterra, houve a <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Revolução</b>. Segundo M. J. Roberts [2], a Revolução Francesa
compreende conjunto de eventos ocorridos entre 5 de maio de 1789, com a
convocação dos Estados Gerais e a famosa Queda da Bastilha e 9 de novembro de
1799, com o 18 de Brumário de Napoleão Bonaparte.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<a name='more'></a><br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjx1ZB_zfopeBRvZaM7yLreEM69Rfu4mHZR1T5oWvpLXcCUWd7TgF59RbEB0efck1J42jyhrL2kCK1bY0MI0v55Duvst9OEces_pcVQ7Rxnt3RONplCgDXCAQal4zhKxPRjeFTxhyphenhyphenpJUc2g/s1600/seguEspa1_LuisXIV.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjx1ZB_zfopeBRvZaM7yLreEM69Rfu4mHZR1T5oWvpLXcCUWd7TgF59RbEB0efck1J42jyhrL2kCK1bY0MI0v55Duvst9OEces_pcVQ7Rxnt3RONplCgDXCAQal4zhKxPRjeFTxhyphenhyphenpJUc2g/s640/seguEspa1_LuisXIV.jpg" width="449" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><b>Luis XIV, O Rei Sol</b></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">Lançadas
tais premissas, é tempo de registrar que outras fontes defendem que a monarquia
absolutista já balançava muito antes de <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Robespierre</b>
e de todos os Terroristas de 93. Em verdade, as bases do regime absolutista já
estavam solapadas antes mesmo que as ideias de iluministas como <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Diderot</b> (1713-1784), <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Voltaire </b>(1694 -1778) e <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Montesquieu</b> estivessem no papel.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">Um dos
autores que defendem essas correntes é <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Wiliam
Weir</b>, que não é historiador, mas escreveu diversos livros e artigos sobre
História Militar. Para ele, o primeiro aríete que atacou os portões do
absolutismo foi vibrado por ninguém menos que <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Luis XIV</b>, o temível<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"> Rei Sol</b>,
a figura história que personifica o regime monárquico absolutista.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">Para Wiliam
Weir [3], Luis XIV jamais disse a célebre frase “<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">L’état c’est moi</i></b>” [4]. A
historiadora Susan Kennedy [5] também defende que Luis XIV porvavelmente nunca
tenha proferido a famosa frase, porém, ambos concordam que ele poderia
perfeitamente tê-la dito, pois, acreditava que ele próprio era a França, que
Carlos II era a Grã-Bretanha e Guilherme de Orange era as províncias Unidas da
Holanda.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 2.0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">Quando o El
Rei, Dom Carlos II de Espanha, morreu e não deixou filhos, as melhores
pretensões ao trono eram a do Duque de Anjou, neto de Luis XIV e a de Carlos, o
Arquiduque de Áustria [6], filho do imperador da Áustria, Leopoldo I.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjqPD1pdtvDO3k-qMnhYFrOj3fCTJWBo0MuD-TzElJqpAi4iUx1z9j8pwOojcQ2DjJsVEjXmtjOSEHsKuXQE7kx-QQGo4JDUP-x5Os5U03jVxVjNGKBIELT9g0nvEaa9uKyE2nLfovzDnVh/s1600/762px-Nicolas_de_Largilli%C3%A8re_003.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="502" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjqPD1pdtvDO3k-qMnhYFrOj3fCTJWBo0MuD-TzElJqpAi4iUx1z9j8pwOojcQ2DjJsVEjXmtjOSEHsKuXQE7kx-QQGo4JDUP-x5Os5U03jVxVjNGKBIELT9g0nvEaa9uKyE2nLfovzDnVh/s640/762px-Nicolas_de_Largilli%C3%A8re_003.jpg" width="640" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><b>Luis XIV e seus herdeiros dois anos antes da Batalha de Malplaquet </b></span></td></tr>
</tbody></table>
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">Quando
eclodiu a guerra, Luis XIV teve que enfrentar ninguém menos que John Churchill,
o Duque de <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Malborough</b>, quiçá o maior
dos generais que já envergaram a casaca vermelha dos exércitos britânicos. Em
1708 <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Malborough</b> expulsou as forças
francesas de Flandres e invadiu a França ao lado de uma aliado de grande
estatura, o príncipe <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Eugênio de Sabóia </b>[7].
Dentre as 40 condições de paz que apresentaram a Luis XIV, uma em especial
consternou o velho monarca absolutista: “ele teria que remover seu neto do
trono espanhol” [8].</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">Luis XIV não
vê alternativa senão recorrer ao<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"> povo</b>.
O libelo dirigido ao povo francês pelo maior de todos os monarcas absolutista
no auge das monarquias absolutistas teve a força foi a um só tempo iconoclasta
e decisivo. Eis as palavras do Rei Sol:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 2.0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">Posso dizer
que violei meu caráter (...) procurando a imediata paz para meus súditos, ainda
que à custa de minha satisfação pessoal e talvez mesmo de minha honra (...) já
não vejo outra alternativa senão preparar-nos para nos defender. No intuito de
assegurar que uma França unida é maior que todas as potências congregadas pela
força e pelas maquinações para derrotá-la (...), vim pedir (...) sua ajuda
neste recontro, que envolve sua própria segurança. Pelos esforços que faremos
juntos, nossos inimigos hão de ver que não somos de tolerar abusos. </span></b><span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">[9].</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">A Batalha
que se seguiu foi tida, então, como a mais sangrenta desde a invenção da
pólvora. Foram 10 mil baixas no lado francês, mas os aliados possivelmente
perderam quase 30 mil. A vitória aliada cobrou um preço altíssimo. O próprio <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Malborough </b>usou o adjetivo “atrocíssima”
para classificar o grande moedor de carne que foi a <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Batalha de Malplaquet</b>. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">Os milhares
de mortos nos campos de batalha exigiram que os governantes buscassem a paz e,
entrementes, a questão da sucessão ao trono espanhol tomava outros rumos quando
os valentes ibéricos se uniram sob o neto de <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Le Roi Soleil</i></b>. Assim, o
que mudou os rumos da História não foi o desfecho do confronto. Antes, o que alterou
para sempre as torpes e pequenas paixões humanas foi algo que ocorreu antes da
própria batalha: o apelo do Rei Sol ao seu <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">povo</b>.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">Pela
primeira vez na História um monarca que ocupava um trono em decorrência de seu
direito divino teve que recorrer ao povo. O mais impressionante é que, dentre todos
os monarcas que existiram, a honra de tal missão tenha recaído justamente sobre
Luis XVI, quiçá o mais orgulhoso de todos os reis.</span></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiU1pFENuf2r_U8PI9uyNJA6cDPHwySys6GQiaoYkMLBz-aed_F2_r_9x1PmwCstzB3gNond8E_HBNg_SLXJXXpXU2mAviaZbJ4baEF1CYErxP7BXCuzQ0NUF7YIyvrPrl2zdXcfAPgsmQS/s1600/revolucao-francesa-2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiU1pFENuf2r_U8PI9uyNJA6cDPHwySys6GQiaoYkMLBz-aed_F2_r_9x1PmwCstzB3gNond8E_HBNg_SLXJXXpXU2mAviaZbJ4baEF1CYErxP7BXCuzQ0NUF7YIyvrPrl2zdXcfAPgsmQS/s640/revolucao-francesa-2.jpg" width="468" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><b>Um representante do povo, os Sans-Culottes</b></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">O
significado foi claro: quem salvou a França da destruição foi a gente simples,
a gente comum e não seu poderoso rei. Isso mostrou que o poder supremo vem do
povo e não do rei. Os iluministas que estavam por surgir não se esqueceriam
dessa lição em não tardou até que a Liberdade, desnuda, fértil, grandiosa, empunhando
a bandeira tricolor, conduzisse o povo á luta.</span></div>
<div style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">____________________________</span></div>
<div style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">[1]</span><span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;"> PRICE, Munro. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">A
queda da monarquia francesa</b>: Luis XVI, Maria Antonieta e o barão de
Breteuil. Tradução de Julio Castañon Guimarães. Rio de Janeiro: Record, 2007.
p. 37. Título original: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">The fall of the
french monarchy</i>.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">[1] ROBERTS,
J. M. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">O Livro de ouro da História do
Mundo</b>: Da Pré-Historia à Idade Contemporânea. Tradução de Laura Alves e
Aurélio Rebello. Rio de Janeiro: Ediouro, 2004. p. 518-519. </span><span lang="EN-US" style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">Título original: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">The shorter history of the world</i>.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">[3] WEIR, William. </span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">50 Batalhas que mudaram o mundo</span></b><span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">: os conflitos que mais influenciaram o curso da
história. Tradução de Roger Maioli. São Paulo: M. Books, 2006, p. 179. Título
original: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">50 Battles that changed the
World</i>.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">[4] <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">“O Estado sou eu”,</b> frase atribuída a
Luis XIV, personificação do absolutismo que ao contrário de seus antecessores,
recusou a figura de um chanceler, além de reduzir drasticamente a influência
dos parlamentos regionais, jamais tendo convocado os Estados Gerais.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">[5] KENNEDY,
Susan. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">in;</i> <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">1001 dias que abalaram o mundo</b>. Edição de Peter Furtado; prefácio
de Michael Wood; tradução de Fabiano Morais, Fernanda Abreu e Pedro Jorgensen
Júnior. Rio de Janeiro: Sextante, 2009, p. 379. Título Original: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">1001 days that shaped the world.</i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">[6] Carlos
de Habsburgo, do alemão <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Karl von
Habsburg</b>, Imperador Romano-Germânico de 1711 a 1740, como Carlos VI. Além
disso, rei da Hungria, como Carlos III.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">[7] Eugênio
de Sabóia é reputado como um dos mais brilhantes generais de seu tempo, ao lado
de nomes como Oliver Cromwell, <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Malborough,
Príncipe Ruppert</b>, <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Sir Thomas Fairfax</b>,
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Guilherme de Orange</b> e <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">de Carlos XII</b> da Suécia. Conta-se que
Luis XIV negou autorização a Eugênio para que este ingressasse na vida
castrense. Inconformado, Eugênio abandonou Paris e se colocou a serviço dos
Hadsburgo, prometendo que só regressaria à França a frente de um exército.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">[8] WEIR,
William. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">50 Batalhas que mudaram o mundo</b>:
os conflitos que mais influenciaram o curso da história. </span><span lang="EN-US" style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">Tradução de Roger Maioli.
São Paulo: M. Books, 2006, p. 183. Título original: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">50 Battles that changed the World</i>.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">[9] WEIR, William. </span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">50 Batalhas que mudaram o mundo</span></b><span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">: os conflitos que mais influenciaram o curso da
história. Tradução de Roger Maioli. São Paulo: M. Books, 2006, p. 182. Título
original: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">50 Battles that changed the
World</i>.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>CBhttp://www.blogger.com/profile/14574921363611189081noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7991305759433333228.post-91283343949063550422012-05-16T21:22:00.003-02:002012-05-18T12:50:50.663-02:00Os Nove da Fama<br />
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;"></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_yhI51MYA2IllKJ5UlgordRMy5EPl2LCjDumAoLwwSpFYGsVfmul07lT1qZg4J9y00UqUgitIMCVnDOp6hrS55wUdjhBUzowB0id3vYC7rEE2-oFy8MgBYFKuO7zNJc1v9_tKxNUvABHt/s1600/neufpreux-dragon.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="440" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_yhI51MYA2IllKJ5UlgordRMy5EPl2LCjDumAoLwwSpFYGsVfmul07lT1qZg4J9y00UqUgitIMCVnDOp6hrS55wUdjhBUzowB0id3vYC7rEE2-oFy8MgBYFKuO7zNJc1v9_tKxNUvABHt/s640/neufpreux-dragon.jpg" width="640" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">Os <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Nove da Fama</b> são os nove príncipes
legendários que personificam os ideais da </span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: windowtext; font-size: 13pt; line-height: 150%; text-decoration: none;">cavalaria</span></b><span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">, quiçá a
maior de todas as instituições humanas da </span><span style="color: windowtext; font-size: 13pt; line-height: 150%; text-decoration: none;">Idade Média</span><span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">. No idioma de Denis Diderot, eles são chamados de <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Les
Neuf Preux</i></b>, que em tradução livre (e não menos literal) poderia soar
como “os nove valentes”, termo que passa
uma ideia mais precisa do tipo de virtude moral que foi considerada para a
escolha daqueles soldados que passariam a ser sinônimo dos elevados ideais cavaleirescos.
Na Itália eles são conhecidos como <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Nove Prodi</i></b>. Em inglês o termo
utilizado para designá-los é <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Nine Worthies</i></b>.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">Os
escolhidos compõem três grupos triádicos orientados pelas religiões que
professaram: três gentios (<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Heitor,
Alexandre e Júlio César</b>); três judeus (<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Josué,
Davi e Judas Macabeu</b>); e três cristãos (<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">o Rei Arthur, Carlos Magno e Godofredo de Bouillon</b>).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">Esses
grandes cavaleiros representam todas as facetas do guerreiro perfeito. Com
exceção de Heitor e Arthur, todos são heróis conquistadores. Aqueles que não eram
príncipes vieram de famílias da aristocracia. No universo da cavalaria seus
predicados e suas virtudes são reconhecidas por sua atemporalidade e
universalidade. Todos trouxeram glória e honra para suas nações, e foram
conhecidos por sua habilidade pessoal nas armas. Individualmente, cada um exibia
alguma qualidade excepcional que os tornou o modelo de <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">cavaleiro</b>. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<a name='more'></a><br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjYuJX0bPANS7j-XfhIF72IK1ismxn1DN8OAk_88ZQ5EKlNbUJRaxFdylphWT3h0e1zLVaxjdpe6Om1MiOFZfvExNkR_tMe-yDAV7aEfdn7TvNAY3FsTdgJ0FpGXOatP4VGlBlRclCoQeCA/s1600/med_gallery_22_123388.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjYuJX0bPANS7j-XfhIF72IK1ismxn1DN8OAk_88ZQ5EKlNbUJRaxFdylphWT3h0e1zLVaxjdpe6Om1MiOFZfvExNkR_tMe-yDAV7aEfdn7TvNAY3FsTdgJ0FpGXOatP4VGlBlRclCoQeCA/s640/med_gallery_22_123388.jpg" width="435" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><b>Os três cristãos, os três gentios e os três judeus<i><br /></i></b></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">Sobre a
etimologia da palavra <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">cavaleiro,</b> o
professor da Universidade de Paris, medievalista e historiador das cruzadas e
das ordens militares <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Alain Demurger</b> esclarece
que, no decorrer da Idade Média, a cavalaria evoluiu até se tornar a principal
arma dos exércitos e, com isso, o cavaleiro atingiu o status de “modelo de
combatente”. Demurger conclui:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 2.0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">[...] A palavra <i style="mso-bidi-font-style: normal;">miles
</i>(plural <i style="mso-bidi-font-style: normal;">milites</i>) designava isso
[a cavalaria]. Mas essa palavra, embora mantendo o sentido técnico daquele que
combate a cavalo, foi contaminada por um sentido ético, passando a designar a
elite dos combatentes a cavalo. As línguas vernáculas, em sua maior parte,
distinguiram esses dois sentidos com duas palavras: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">cavalier-chevalier </i>em francês, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ritter-reiter</i>
em alemão, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">knight-rider</i> ou <i style="mso-bidi-font-style: normal;">horse-man </i>em inglês, em contrapartido, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Cavaliere</i> em italiano e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Caballero</i> em espanhol permanecem únicas.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">Por outro
lado, a reunião desses soldados de tão diversas culturas ressalta certo
sincretismo religioso, que se revela nessa expressão que harmoniza a reverência
aos heróis da antiguidade e a plenitude, alcançada com a redenção do Ocidente,
proporcionada pelo cristianismo. A trindade não foi escolhida a esmo, pois ao
número <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">3</b> é atribuída também a
trindade de Deus: O pensamento (sabedoria), a ação (força) e o amor (beleza).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">Ainda sobre
a simbologia do número <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">3</b>, Genaro
Ladereche Figoli acrescenta [2] que o <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">3</b>
“é o primeiro número perfeito e completo de energia, pois observando o
primitivismo do 1 somado ao antagonismo do 2, é gerado o equilíbrio perfeito,
representado pela tríade”</span></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi2DmJ4WErdqI0I3eEznCerB3I9ejhdkuRHqzFPSwwH-DFFxUki130PEXG1qE-3vUK792qDKPKQh67A2CZaLlR8GFakd4O-X0-WwPdzPHCz6dohKF6gT-heGLToh0fa56rpmuyPI1XkUWfD/s1600/thenineworthies.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="307" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi2DmJ4WErdqI0I3eEznCerB3I9ejhdkuRHqzFPSwwH-DFFxUki130PEXG1qE-3vUK792qDKPKQh67A2CZaLlR8GFakd4O-X0-WwPdzPHCz6dohKF6gT-heGLToh0fa56rpmuyPI1XkUWfD/s640/thenineworthies.jpg" width="640" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><b>Os Nove da Fama<i><br /></i></b></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">
Os <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Nove da Fama </b>foram descritos pela
primeira no início do século XIV, por Jacques de Longuyon em sua obra <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Voeux du Paon</i> de 1312. É certo que os
Nove possuem estreita ligação com o gênero literário <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">romance de cavalaria</b>. A lendária tríade de tríades, formada por
homens considerados, cada qual em seu sua tradição particular, como paradigma. A
figura dos Nove da Fama logo se tornou um tema comum na literatura e na arte da
Idade Média e ganhou um lugar permanente na consciência popular.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjqH59x0Pgll0VJ5QwpUVSpQLBvZQjC_Ik_Vnj3ub4RppeBApmm2FVqNGGYfx41X2cLDAQOr16tQgxITaYhV-8M3sPfJ5fBBwPKY4D8LcmnCESh9XUxaW8zY5jO5A5VpvvXYcJ8QCYsCPeB/s1600/Os+nove+da+fama+%28a%29.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="287" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjqH59x0Pgll0VJ5QwpUVSpQLBvZQjC_Ik_Vnj3ub4RppeBApmm2FVqNGGYfx41X2cLDAQOr16tQgxITaYhV-8M3sPfJ5fBBwPKY4D8LcmnCESh9XUxaW8zY5jO5A5VpvvXYcJ8QCYsCPeB/s400/Os+nove+da+fama+%28a%29.JPG" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><b>Arthur, Carlos Magno e Godofredo<i><br /></i></b></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;"> Miguel de
Cervantes Saavedra, em seu clássico Dom Quixote, faz menção aos intrépidos <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Neuf
Preux</i></b> no Capítulo V, intitulado <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Onde
se prossegue a narrativa da desgraça de nosso cavaleiro. </i>Na cena, Dom
Quixote<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> </i>oferece uma réplica ao seu
vizinho Pedro Alonso, que acabara de dizer que não era D. Rodrigo de Narvais e
que tampouco ele (Dom Quixote) era Valdovinos ou Abindarrais:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 2.0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;"> – Sei quem
sou – respondeu Dom Quixote – e sei que posso ser não somente os que disse, mas
todos os doze Pares de França e, ainda, todos os Nove da Fama, já que minhas
façanhas ultrapassarão as de todos eles juntos e as de cada um de per si. [3].</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">No Capítulo
XX [4], daquele que foi eleito O melhor livro de todos os tempos [5], <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">o Manco de Lepanto</b> [6], coloca
novamente os Nove da Fama na boca de Dom Quixote:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 2.0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">– Sancho amigo, hás de saber que nasci, por vontade
do céu, nesta nossa idade do ferro, para ressuscitar nela a de ouro, ou a
dourada, como sói chamar-se. Sou aquele para quem estão reservados os perigos,
as grandes façanhas e os feitos valorosos. Sou, repito, quem há de ressuscitar os
cavaleiros da Távola Redonda, os Doze de França e os Nove da Fama, e o que há
de fazer esquecer os Platires, os Tablantes, Olivantes e Tirantes, os Febos e
Belianises, com toda a caterva dos famosos cavaleiros andantes das eras
passadas, realizando, nesta época em que vivo, tais grandiosidades, estranhezas
e feitos de armas, que escureçam os que eles fizeram mais brilhantes. [7].</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi7rjzZ9i3aJVJ67mkY6OJDVec59mw3A2lc0PNylp6_nB67CK9X17cv5THfbQ2T9HfVqXybKQyOh4QICbiaA22ahWcx3Hyi1zYpSIBBY8CDS7DHrMvLi-gKgmQochjxM60wtHprNexPY4Uc/s1600/Os+nove+da+fama+%28b%29.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="278" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi7rjzZ9i3aJVJ67mkY6OJDVec59mw3A2lc0PNylp6_nB67CK9X17cv5THfbQ2T9HfVqXybKQyOh4QICbiaA22ahWcx3Hyi1zYpSIBBY8CDS7DHrMvLi-gKgmQochjxM60wtHprNexPY4Uc/s400/Os+nove+da+fama+%28b%29.JPG" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><b>Alexandre, Heitor e César</b></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">Para nós,
que vivemos nesse século da ciência, em que a Historiografia ainda se mostra incapaz
de confirmar se realmente houve uma Guerra de Tróia, afigura-se, no mínimo,
curiosa a presença de Heitor de Tróia na lista de notáveis. Ao longo dos anos,
por exemplo, muitos se ressentiram da ausência de Aquiles, que poderia
substituir Heitor entre os gentios. Por meu turno, apoio uma pequena alteração
na tríade dos <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">pagãos</b>, conquanto me
declare incapaz de contestar Alexandre e César. O único que sobraria seria
Heitor e, portanto, tenho que, no lugar do Filho de Príamo, a lista poderia
perfeitamente apresentar <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Aníbal</b> ou <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Cipião</b>, mas seria preciso uma segunda
Zama [8] para uma justa escolha entre ambos.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">David </span></b><span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">é a figura
mais mítica, e talvez a de maior relevo, entre os três cavaleiros judeus.
Considerado o maior rei de Israel, e de reconhecido talento em diversas searas,
como a música e a poesia. Não a esmo, é atribuída ao Rei Davi a autoria do
Livro dos Salmos. Um dos eventos mais conhecidos de sua vida foi o embate
contra o gigante guerreiro filisteu Golias. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Josué</b>, por seu turno, liderou o <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">povo escolhido</b> nas importantes conquistas das cidades-estados da terra de
Canaã. Não menos importante, foi <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Judas
Macabeu</b>, o “Judas Martelo”, conforme indica a transliteração do hebraico do significado do
termo “macabeu”. Judas Macabeu ganhou notoriedade quando Antióco determinou a
destruição da fé Judaica e a helenização dos Judeus. Graças a ele, no futuro, pôde
existir o cristianismo.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjOGIV425zXZpm4IG06L_NY1o8dieGhQ6525aIZnlxokB-GoSSrZjF4VbF9n9LKFNV7UtspEG8dJ_OflnO9WACyX8hPfvSUOzgXfKPuOQyR4AmRMqwlHDVwDJaOI_Twad6bBOzpahClM8eU/s1600/Os+nove+da+fama+%28c%29.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="286" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjOGIV425zXZpm4IG06L_NY1o8dieGhQ6525aIZnlxokB-GoSSrZjF4VbF9n9LKFNV7UtspEG8dJ_OflnO9WACyX8hPfvSUOzgXfKPuOQyR4AmRMqwlHDVwDJaOI_Twad6bBOzpahClM8eU/s400/Os+nove+da+fama+%28c%29.JPG" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Judas Macabeu, Davi e Josué</span></b></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;"> Entre os
cavaleiros cristãos, o mais famoso foi aquele que talvez não tenha existido, ou
pelo menos não tenha existido na forma com que foi representado nos famosos
romances de cavalaria:<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"> O Rei Arthur</b>.
Até hoje, os historiadores divergem sobre a lenda arthuriana e se revelam incapazes
de assegurar se houve um personagem histórico correspondente na Bretanha, logo
após a evacuação romana, na Alta Idade Média. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Godofredo de Bouillon</b> foi o primeiro governante de Jerusalém após a
sua tomada aos muçulmanos pelos cristãos na Primeira Cruzada. Descrito como o
líder das cruzadas, o rei de Jerusalém (em que pese, tenha recusado o trono) e
legislador de escol. Por fim, o irrefutável <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Carlos Magno</b>, fundador do chamado Império Carolíngeo, o filho de
Pepino, o Breve, foi um dos homens mais importantes da História, porquanto seus
feitos refletiram diretamente na posterior formação das identidades nacionais
na Europa.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhkjFePBnXV6Iq250-DoYl_fW0HxA5T44Nz4NeV6_GsofRo1f-gc5v0KszbrGy_lF_eMHKgm-4vCdhBgBCGvaXy_QKEYK8hDRQxhxiPK6A46_PLS9Jrt-3yHG_7sHsZBhiAq19QOHnbs_Q9/s1600/neun_gute_helden_rathaus_koeln.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="276" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhkjFePBnXV6Iq250-DoYl_fW0HxA5T44Nz4NeV6_GsofRo1f-gc5v0KszbrGy_lF_eMHKgm-4vCdhBgBCGvaXy_QKEYK8hDRQxhxiPK6A46_PLS9Jrt-3yHG_7sHsZBhiAq19QOHnbs_Q9/s640/neun_gute_helden_rathaus_koeln.jpg" width="640" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Os Nove da Fama em estílo gótico na antiga câmara municipal em Colônia na Alemanha</span></b></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;"> O arco longo
inglês pôs fim à saga dos cavaleiros na Europa em batalhas decisivas como de Poitiers,
Crécy e Azincourt. Não obstante, a cavalaria jamais soçobrou. Os <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Nove da Fama</b> continuam a impactar o
imaginário popular nos dias de hoje e seus exemplos de coragem, bravura e honra
permanecem incólumes, como faróis a guiar o ocidente e mote a fomentar a
inspiração do moderno romance de cavalaria: o romance histórico.</span></div>
<div style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">____________________________</span></div>
<div style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">[1]</span><span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;"> DEMURGER, Alain. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Os Cavaleiros de Cristo</b>: Templários, Teutônicos, Hospitalares e
outra ordens militares na idade média.Tradução de André Telles. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar Ed., 2002, p. 10.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">[2] Disponível
em: </span><a href="http://espacodomacom.blogspot.com.br/2008/09/simbologia-dos-nmeros.html"><span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">http://espacodomacom.blogspot.com.br/2008/09/simbologia-dos-nmeros.html</span></a><span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">, acesso em 15/05/2012, às 17h44min.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">[3] CERVANTES
SAAVREDRA, Miguel de. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Dom Quixote de La
Mancha</b>, v.1.Tradução de Almir de Andrade e Milton Amado. Rio de Janeiro:
Ediouro, 2002, p. 142.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">[4] O
Capítulo XX intitula-se: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Da nunca vista
nem ouvida aventura, que jamais, e com pouco mais perigo, foi concluída por
nenhum famoso cavaleiro no mundo, mas a concluiu o valoroso Dom Quixote de La
Mancha</i>.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">[5] Em 2002,
a obra de Miguel de Cervantes Saavreda, <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Dom
Quixote</b>, foi eleita a melhor obra de ficção do mundo por um júri composto por
escritores famosos. O livro foi escolhido com 50% mais votos do que qualquer
outro. Participaram da votação, organizada pelo Instituto Nobel de Oslo, em
cooperação com os Clubes do Livro da Noruega, 100 escritores consagrados de 54
países. A cada um deles, foi solicitada uma lista dos dez melhores livros. Da
Alemanha, participaram Siegfried Lenz, Hans Magnus Enzensberger, Christoph
Hein, Herta Müller e Christa Wolf. Outros ilustres foram Paul Auster (EUA),
Carlos Fuentes (México), Cees Nooteboom (Holanda), Susan Sontag (EUA), John Le
Carré (Grá-Bretanha), o indiano Salman Rushdie, o trinidadiano V.S. Naipaul, o
nigeriano Wole Soyinka, o chinês Bei Dao.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">[6] <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">A Batalha de Lepanto</b> (1571) - A Cruz do
Ocidente enfrenta a Lua Crescente do Islã em uma das batalhas navais mais
decisivas que se travou no Mediterrâneo. Os turcos assolavam a Europa havia
mais de um século e desde 1453, quando tomaram Constantinopla seu poder e
influência apenas cresceu. Em 1570, os Otomanos invadiram a Ilha de Chipre,
então na posse da República de Veneza. Os venezianos, enfraquecidos, viram-se
obrigados a pedir ajuda, já que a posse de Chipre permitiria aos turcos o domínio
do Mediterrâneo. O Papa Pio V reuniu uma grande esquadra composta pelas
marinhas da República de Veneza, Reino de Espanha, Cavaleiros de Malta e dos
Estados Papais, sob o comando de João da Áustria, formando a então chamada <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Liga Santa</b>. A liga enfrentou duzentas e
trinta galés turcas ao largo de Lepanto, na Grécia, a 7 de Outubro de 1571. De
um lado lutaram Ali-Pachá e Uluch Ali e do outro <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Andrea Doria</b> e o Príncipe D. João de Áustria. A vitória cristã
refreia a expansão muçulmana e marca a última grande batalha de galeras do
Mediterrâneo. Entre os feridos do lado cristão, o homem que ficou conhecido
como <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">o Manco de Lepanto</b> e
posteriormente passaria a história como o autor de Dom Quixote: Miguel de
Cervantes.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">[7] CERVANTES
SAAVREDRA, Miguel de. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Dom Quixote de La
Mancha</b>, v.1.Tradução de Almir de Andrade e Milton Amado. Rio de Janeiro:
Ediouro, 2002, p. 283.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">[8] Cipião
derrotou Aníbal na Batalha de Zama em 202 a.C. e pôs fim à Segunda Guerra
Púnica.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>CBhttp://www.blogger.com/profile/14574921363611189081noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7991305759433333228.post-78444940149059945392012-04-30T03:05:00.001-02:002012-04-30T03:07:29.588-02:00Até quando, Catilina?<br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
</div>
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;"></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjKr7YpRMHFesPmrCDQDWULQpBZlKlWXXVhlhXyBQyR9DaJ3NlhyhS_ad-KI8VbrjyGE0Cv2e5QZsPe9IHkOtbkOYTHgY-8_bUuew9CEf4EH5bqQB7nNkxizBmhT3S17x-4x9C8KhZdm2P9/s1600/800px-Maccari-Cicero.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="396" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjKr7YpRMHFesPmrCDQDWULQpBZlKlWXXVhlhXyBQyR9DaJ3NlhyhS_ad-KI8VbrjyGE0Cv2e5QZsPe9IHkOtbkOYTHgY-8_bUuew9CEf4EH5bqQB7nNkxizBmhT3S17x-4x9C8KhZdm2P9/s640/800px-Maccari-Cicero.jpg" width="640" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<b><i><span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">Marcus
Tullius Cicero</span></i></b><span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;"> nasceu em
Arpino, por volta de 106 a.C. Passou à História como uma das mentes mais
atiladas da antiga Roma. Sua versatilidade fez com que seja ainda hoje
reconhecido como grande advogado, orador sublime, político, magistrado, filósofo,
linguista e tradutor.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">Ana Teresa
Marques Gonçalves [1], que elaborou estudo da obra <i style="mso-bidi-font-style: normal;">De Legibus</i> de Cícero
[2] afirma a família do grande orador pertencia à ordem equestre, de maneira
que, para ascender à ordem senatorial, Cícero foi submetido a uma cuidadosa e criteriosa
educação. Sabe-se que Cícero foi <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Questor</i></b>
na Sicília em 76 a. C. e <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Edil Curul</i></b> em 70 a. C. No ápice de
sua carreira política, Cícero foi Cônsul da República, mas foi degredado em 58
a.C. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;"><b>Júlio César</b>
concedeu a anistia a Cícero que voltou a Roma. Sendo, inclusive, durante a Ditadura de César que ele produziu várias
de suas obras. Contudo, no período conturbado que se seguiu desde a morte de
César até a ascensão de <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Otávio Augusto</b>
ao trono, o autor de <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">De re publica</i></b> foi morto a mando e a
soldo de <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Marco Antônio</b>, que em um
gesto ao mesmo tempo bárbaro e simbólico mandou pregar as mãos que haviam
escrito às novas Filipicas [3], juntamente com a cabeça, na </span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: windowtext; font-size: 13pt; line-height: 150%; text-decoration: none;">rostra</span></b><span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;"> no </span><span style="color: windowtext; font-size: 13pt; line-height: 150%; text-decoration: none;">Fórum Romano</span><span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">, o habitat
natural de Cícero, local onde provavelmente proferiu as <b>Catilinárias</b>, as
célebres orações acusatórias contra <b>Catilina</b> que ainda hoje ecoam mundo a fora.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<a name='more'></a><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">Fábio da Silva Fortes [4], em seu artigo <i>As Catilinárias de Cícero: uma análise discursiva </i>[5]<i>, </i>contextualiza e define as orações:</span><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 2.0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">Os textos em questão são amplamente institucionais, foram proferidos em ocasiões oficiais no Senado Romano. A República romana, como atestam os historiadores antigos, entre eles Tácito e Salústio, teria se iniciado no ano de 509a.C. e se encerrado em 46a.C., com o início do período imperial, com Júlio César (44-46a.C.). Durante esse longo período, Roma, que nas origens era uma comunidade de pastores pobres que viviam às margens do Tibre, numa região denominada Lácio (<i>Latium</i>), aos poucos foi saindo da obscuridade para se tornar umas das maiores potências militares do Mediterrâneo, sobretudo após a expansão pelo território itálico, a anexação de Cartago com as Guerras Púnicas e os contatos comerciais com o oriente, através do domínio da Magna Grécia e, finalmente, de Atenas. </span><br />
<br />
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">O século primeiro antes da Era Cristã representa, por assim dizer, o auge da república romana, então politicamente organizada e dominada pelos <i>optimates</i>. Politicamente, Roma era governada por magistrados eleitos anualmente, que poderiam pertencer às categorias de “questor” (<i>quaesto</i>r, idade mínima de 30 anos), “pretor” (<i>praetor</i>, idade mínima de 39 anos) e, finalmente, cônsul (<i>consul</i>, que eram apenas dois, com idade mínima de 42 anos e que detinham o poder máximo, o <i>imperium)</i>. Para se chegar ao consulado, além de pertencer à nobreza (garantindo, assim, os votos da parcela da população que participava das eleições), o candidato cumpria um programa que passava pelas categorias menores, processo conhecido como <i>cursus honorum</i>. Cumpre destacar, ainda, dois aspectos relacionados: o fato de Cícero ser cônsul na ocasião em que foram proferidas as Catilinárias e o de ter chegado ao poder como <i>homo novus</i>, ou seja, oriundo de camadas populares.</span><br />
<br />
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLzM5bkenV4cIlv7v-X9q9lXOJfEQIY-Q_EAD233PM9FoRZMwImzZv0ANPnD73Ae_kUlRw2wSztZi7-oWg0dXh38I_74kvWRr-CkUmaj020UJBhnD7TEKyWefj4K-NAeLrhY_FRoc_-Lvj/s1600/Ciceros+Speech+Attacking+Catilina+in+the+Roman+Senate.Jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="286" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLzM5bkenV4cIlv7v-X9q9lXOJfEQIY-Q_EAD233PM9FoRZMwImzZv0ANPnD73Ae_kUlRw2wSztZi7-oWg0dXh38I_74kvWRr-CkUmaj020UJBhnD7TEKyWefj4K-NAeLrhY_FRoc_-Lvj/s400/Ciceros+Speech+Attacking+Catilina+in+the+Roman+Senate.Jpeg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><b><i>Patere tua consilia no sentis?</i></b></span></td></tr>
</tbody></table>
</div>
<br />
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">Começa
assim, o extenso libelo [6]:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 2.0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;"> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Quo usque tandem abutere, Catilina,
patientia nostra? quam diu etiam furor iste tuus eludet? quem ad finem sese
effrenata iactabit audacia? Nihilne te nocturnum praesidium Palatii, nihil
urbis vigiliae, nihil timor populi, nihil concursus bonorum omnium, nihil hic
munitissimus habendi senatus locus, nihil horum ora vultusque moverunt? Patere
tua consilia non sentis? constrictam omnium horum scientia teneri coniurationem
tuam non vides? Quid proxima, quid superiore nocte egeris, ubi fueris, quos
convocaveris, quid consilii ceperis, quem nostrum ignorare arbitraris? <a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7991305759433333228" name="t1_2"></a>O tempora, o mores! senatus haec intellegit, consul videt: hic
tamen vivit. Vivit? immo vero etiam in senatum venit, fit publici consilii
particeps, notat et designat oculis ad caedem unum quemque nostrum. Nos autem,
viri fortes, satis facere rei publicae videmur, si istius furorem ac tela
vitemus. Ad mortem te, Catilina, duci iussu consulis iam pridem oporte bat, in
te conferri pestem istam, quam tu in nos machinaris. <a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7991305759433333228" name="t1_3"></a>An vero
vir amplissimus, Scipio, pontifex maximus, Ti. Gracchum, mediocriter
labefactantem statum rei publicae, privatus interfecit: Catilinam, orbem terrae
caede atque incendiis vastare cupientem, nos consules perferemus? Nam illa
nimis antiqua praetereo, quod C. Servilius Ahala Sp. Maelium, novis rebus
studentem, manu sua occidit. Fuit, fuit ista quondam in hac re publica virtus,
ut viri fortes acrioribus suppliciis civem perniciosum quam acerbissimum hostem
coërcerent. Habemus senatus consultum in te, Catilina, vehemens et grave; non
deest rei publicae consilium neque auctoritas huius ordinis: nos, nos, dico
aperte, consules desumus.</i></span><br />
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;"><i> </i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQvxXEyelCl1Vu1pszL-BvY1tswzZJI-mCq57-FoMklE16MY8Z9cQe0uNME65Z7AqMtRADKW4b9g2pFCaMEXmzVARgPwFyhz0_hHgDUmNhskdL9_sgaAn2ZAzSrpIsyxnV4TgtTTJi4Ou6/s1600/Catilina3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="265" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQvxXEyelCl1Vu1pszL-BvY1tswzZJI-mCq57-FoMklE16MY8Z9cQe0uNME65Z7AqMtRADKW4b9g2pFCaMEXmzVARgPwFyhz0_hHgDUmNhskdL9_sgaAn2ZAzSrpIsyxnV4TgtTTJi4Ou6/s400/Catilina3.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><b><i>Me, my friend?</i></b></span></td></tr>
</tbody></table>
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">Na tradução do
Padre Antônio Joaquim [7]:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 2.0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">Até quando, Catilina, abusarás de nossa paciência?
quanto zombará de nós ainda esse teu atrevimento? onde vai dar tua desenfreada
insolência? É possível que nenhum abalo te façam nem as sentinelas noturnas do
Palatino, nem as vigias da cidade, nem o temor do povo, nem a uniformidade de
todos os bens, nem este seguríssimo lugar do Senado, nem a presença e semblante
dos que aqui estão? Não pressentes manifestos teus conselhos? não vês a todos
inteirados da tua já reprimida conjuração? Julgas que algum de nós ignora o que
obraste na noite próxima e na antecedente, onde estiveste, a quem convocaste,
que resolução tomaste? Oh tempos! oh costumes! Percebe estas coisas o Senado, o
cônsul as vê, e ainda assim vive semelhante homem! Que digo, vive? antes vem ao
Senado, é participante do conselho público, assinala e designa com os olhos,
para a morte, a cada um de nós. E nós, homens de valor, nos parece ter
satisfeito à República, evitando as suas armas e a sua insolência. Muito tempo
há, Catilina, que tu devias ser morto por ordem de cônsul, e cair sobre ti a
ruína que há tanto maquinas contra todos nós. Porventura o insigne P. Cipião,
Pontífice Máximo, não matou a Tibério Graco, por deteriorar um pouco o estado
da República? e nós devemos sofrer a Catilina, que com mortes e incêndios quer
assolar o mundo? Passo em silêncio aqueles antiquíssimos exemplos, de quando C.
Servílio Ahala matou com sua própria mão a Spúrio Melo, que procurava
introduzir novidade. Houve antigamente na República esta fortaleza de
reprimirem homens de valor com os mais severos castigos seja ao cidadão
pernicioso que ao cruelíssimo inimigo. Temos contra ti, Catilina, decreto do
Senado veemente e severo; não falta conselho à República; nós, abertamente o
digo, nós somos os que faltamos.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVVE0Z13uqSy-Z64ZCkawR78G7NL42WEy3oUvMnLQydUjH2jN5RPiWUAtRs6A-16MqOBM4rVog3FQnqDwASIw-JKjY3mPpkOpcz0fe_FQbcEE9IbwCzjDh1w9jib7lltuWmoVKZON38yy1/s1600/Catilina2-Maccari_affresco.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVVE0Z13uqSy-Z64ZCkawR78G7NL42WEy3oUvMnLQydUjH2jN5RPiWUAtRs6A-16MqOBM4rVog3FQnqDwASIw-JKjY3mPpkOpcz0fe_FQbcEE9IbwCzjDh1w9jib7lltuWmoVKZON38yy1/s320/Catilina2-Maccari_affresco.jpg" width="226" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><b><i>Quo usque tandem?</i></b></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">E quem foi
esse homem que Cícero queria ver morto? Quem foi esse cidadão cujo atrevimento
foi objeto de tão veemente repúdio?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">Lucius
Sergius Catilina</span></i></b><span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;"> foi um
político romano que viveu nos estertores da República. Filho de família
patrícia, conquanto empobrecida, diz-se que iniciou-se em tenra idade na senda
do crime e do vícios. Acusam-no, com frequência por haver apoiado o ditador <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: windowtext; text-decoration: none;">Lúcio Cornélio Sila</span></b>. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">Todavia,
difícil negar que trata-se de um personagem histórico envolto em mistério e
contradição, pelo simples motivo de todas as raras fontes disponíveis sobre sua vida advirem de seus
inimigos, tais como o próprio Cícero.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">Em 64 a. C,
Catilina concorreu às eleições para Cônsul da República, mas foi derrotado
exatamente por Cícero. Não a esmo, é por essa época que surge a inimizade entre
ambos. No dia seguinte ao ápice da disputa, momento mais dramático, após Cícero proferir a primeira das quatro orações do famoso discurso, Catilina foge de Roma.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">Posteriormente, porém, decide
regressar à Roma e pegar em armas, mas Cícero consegue capturar alguns de seus principais
partidários e, mesmo contra a posição de César
no Senado, logra condena-los à morte sem julgamento. Na última batalha,
Catilina enfrenta o exército do Senado em desvantagem de três para um. Seu
cadáver foi encontrado no meio dos seus inimigos isolado na linha da frente. Em
outra comprovação de sua bravura , nenhum corpo dos rebeldes foi encontrado com
feridas nas costas, o que o fez merecedor do elogio do historiador <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Públio Aneu Floro</b>, que disse sobre seu fim:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 2.0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">Bela morte, assim tivesse tombado pela Pátria.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">Se a
História fosse justa, a defesa de Catilina na tribuna só poderia ser feita por um
Demóstenes. Por outro lado, seu extenso libelo é ainda hoje repetido e considerado uma
obra prima da retórica. Contudo, como não é de justiça que as reputações são construídas, Catilina continua privado de qualquer vantagem que poderiam lhe conceder os princípios do
contraditório e da ampla defesa.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">Talvez nunca
saibamos que interesses se escondiam por trás das palavras imortais de Cícero
em sua brilhante acusação contra Catilina. Culpado ou inocente, pouco importa,
pois, talvez, por falta de um patrono à altura de seu oponente, Catilina,
jamais obtenha sua absolvição.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-RKP9i5OGkru4o7GGT-fQ-JBuPjZA3ipMgO4SeBAxsXu-mHqL6daJUndnObLi3fkTrHzST-EIxxOTKKDoFKQwgt5AQ7Tabf8m6A3cm4WAjIxh24MHRPXH-zhIeQELrV21OJpQGUF5aisw/s1600/maccaricicerobig.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-RKP9i5OGkru4o7GGT-fQ-JBuPjZA3ipMgO4SeBAxsXu-mHqL6daJUndnObLi3fkTrHzST-EIxxOTKKDoFKQwgt5AQ7Tabf8m6A3cm4WAjIxh24MHRPXH-zhIeQELrV21OJpQGUF5aisw/s400/maccaricicerobig.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><i><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><b>O tempora, o mores!</b></span></i></td></tr>
</tbody></table>
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">Não obstante impossível negar que, mais de dois mil anos depois, </span><span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">as palavras
de Cícero </span><span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">permanecem atualíssimas,
encontrando novos Catilinas cada vez de mais desenfreada insolência. Novos facínoras, homens
cujo braço da Justiça se mostra demasiado curto para alcançar, porquanto apesar de
estarmos todos inteirados de suas ações (sempre), eles permanecem incólumes e, com suas condutas, teimam em abusar de nossa
paciência. Oh tempos! oh costumes!</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">____________________________</span></div>
<div style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">[1]</span><span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;"> Professora de História Antiga e Medieval da
Universidade Federal de Goiás. Mestre em História Social pela USP e Doutoranda
em História Econômica na USP.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">[2] GONÇALVES,
Ana Teresa Marques. Lei e Ordem na República Romana: uma análise da obra <i style="mso-bidi-font-style: normal;">De Legibus</i> de Cícero. Artigo publicado
na Revista Justiça e História. Rio Grande, v. 2, n. 3, p. 125-148, 2002.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">[3] As <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Filípicas </b>são um conjunto de discursos
proferidos por </span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: windowtext; font-size: 13pt; line-height: 150%; text-decoration: none;">Demóstenes</span></b><span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;"> contra </span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: windowtext; font-size: 13pt; line-height: 150%; text-decoration: none;">Felipe II</span></b><span style="color: windowtext; font-size: 13pt; line-height: 150%; text-decoration: none;"> da Macedônia</span><span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">, cognominado o Caolho – pai de Alexandre, o Grande
–, conclamando os atenienses a lutar contra sua tirania que, segundo o orador,
representava uma ameaça à Hélade. Anos mais tarde, </span><span style="color: windowtext; font-size: 13pt; line-height: 150%; text-decoration: none;">Cícero</span><span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">, escreveu
também uma oração que, inspirada neste modelo, designou de Filípica, defendendo
os direitos de Otávio Augusto após o assassinato de César, em detrimento das
pretensões de Antônio.</span><br />
<br />
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">[4] Doutorando em Linguística (Letras Clássicas) pelo Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Professor Assistente de Língua Latina da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE).</span><span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br />
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">[5] FORTES, Fábio da Silva. AS <i>CATILINÁRIAS</i> DE CÍCERO: uma análise discursiva. Alétheia: Revista de estudos sobre Antigüidade e Medievo, Volume 1, Janeiro a Julho de 2010.</span><br />
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;"> </span><span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">[6] Texto
original em latim, disponibilizado pelo audacioso </span><a href="http://www.gutenberg.org/"><span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">The Project
Gutenberg</span></a><span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">[7] Atena
Editora, 1938, disponível em: </span><a href="http://www.consciencia.org/catilinarias-de-cicero-oracao-i"><span style="color: windowtext; font-size: 13pt; line-height: 150%; text-decoration: none;">http://www.consciencia.org/catilinarias-de-cicero-oracao-i</span></a><span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">, acesso em 26 de abril de 2012, às 20h14min.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>CBhttp://www.blogger.com/profile/14574921363611189081noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7991305759433333228.post-42463765189452184582012-04-15T21:30:00.002-02:002012-04-15T22:16:00.369-02:00Napoleão: Máximas e Pensamentos, de Honoré de Balzac<br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiW5riqOf8Pcn_WPoMG6wjDEcqzHL_pR7gn65f32BFrkBh_0IOmYdUPq5IsbuYOa1lLNpowqMyDrRP3ndPUUTrMqS244MVeu6oTxNgSx04BeWVQHgespfsXK0EHaQoJHz-hDPQerJCwJ3VE/s1600/chapeau-de-napoleon-guer.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="457" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiW5riqOf8Pcn_WPoMG6wjDEcqzHL_pR7gn65f32BFrkBh_0IOmYdUPq5IsbuYOa1lLNpowqMyDrRP3ndPUUTrMqS244MVeu6oTxNgSx04BeWVQHgespfsXK0EHaQoJHz-hDPQerJCwJ3VE/s640/chapeau-de-napoleon-guer.jpg" width="640" /></a></div><br />
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 20pt; line-height: 150%;">O Moderno Prometeu</span></b></div><div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 13pt; line-height: 150%;">A primeira edição de “<i>Napoleão: Máximas e Pensamentos</i>” não apontava <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Honoré de Balzac</b> como autor do prefácio e organizador, pois o célebre autor de “<i>Le Lys dans la vallée</i>”, precisando saldar alguns compromissos com seus credores, vendeu o livro a um certo J. L. Gaudy Jeune pela importância de 4 mil francos.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 13pt; line-height: 150%;">É, de fato, bastante curioso pensar em um dos maiores escritores de todos os tempos como uma espécie de <i>ghost writer</i> do século XIX. O equivalente moderno do “melhoro sua monografia” ou algo do gênero. A história, porém, aconteceu realmente. Balzac trabalhou árdua e incessantemente durante toda a vida para dar à luz sua vastíssima obra, era, para utilizar um termo em voga, um <i style="mso-bidi-font-style: normal;">workaholic</i> inveterado, movido a grandes doses de café forte, mas sempre passou por dificuldades financeiras. Quando ele nasceu, em 1799, Napoleão acabava de regressar do Egito para, após o 18 de Brumário, se tornar Cônsul da República Francesa ao lado de Ducos e Sieyès. O autor de “Ilusões Perdidas”, portanto, cresceu sob a influência do <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Fazedor de Reis</b>. Como se sabe, nem mesmo a derrota sofrida em 1815 e o consequente exílio em Santa Helena, onde o Imperador morreu em 1821, tiveram o condão de enfraquecer o mito napoleônico. Muito pelo contrário, pois foi justamente durante a Restauração que a já legendária figura do <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Artilheiro de Toulon</b> ascendeu ao quase sagrado.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
<a name='more'></a><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2qTjaEZy0w-acmKMbdEhGyURy5dAB39m9WjYhp5ZJBa3rUaARV4881BZk8NN4yUdZAUE9Ofq-OdQb2531PSl6bvZ_47Jvu1tfZJz0OvPaY483h0kuiNO8EPX-a4mX-T43kqBRI9JXmD81/s1600/131738_4.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2qTjaEZy0w-acmKMbdEhGyURy5dAB39m9WjYhp5ZJBa3rUaARV4881BZk8NN4yUdZAUE9Ofq-OdQb2531PSl6bvZ_47Jvu1tfZJz0OvPaY483h0kuiNO8EPX-a4mX-T43kqBRI9JXmD81/s400/131738_4.jpg" width="300" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><b>A edição brasileira</b></span></td></tr>
</tbody></table><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 13pt; line-height: 150%;">Nesse período, as pessoas cultuavam o Imperador cada vez mais de maneira menos latente. Entrementes, Balzac, íntimo das palavras, percebeu de imediato o potencial literário das frases de Napoleão e passou a anotá-las e a classificá-las. Em carta datada de 10 de outubro de 1838, dirigida à aristocrata russa Madame Hanska, que viria a se tornar sua esposa no fim da vida, Balzac esclarece o processo:</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 2.0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 13pt; line-height: 150%;">[...] Há cerca de sete anos, sempre que lia um livro em que se tratava de Napoleão, ou sempre que encontrava um pensamento intenso, novo, enunciado por ele, anotava-o imediatamente em um ‘caderno de cozinha’ que estava constantemente sobre a minha mesa de trabalho.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 2.0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 13pt; line-height: 150%;">Na mesma missiva, ele conta que precisou vender “o mais belo livro da época” ao comerciante de gorros, mencionado acima, que esperava dedicá-lo ao Rei Luis Felipe e receber a medalha da Legião de Honra, a distinção que <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">l’Empereur</i></b> concedeu à sua Guarda em 1802 <a href=#Nota1>[1]</a><a name=Topo1>.</a> Em que pese o tom leve e irônico dessa carta, estimo ter sido duríssima, para Balzac, a separação de sua acalentada obra. Afinal, nenhum outro senão o próprio Balzac mantinha um busto de <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Le Petit Caporal</i></b> sobre a sua mesa de trabalho, junto ao qual fixou a mensagem: “o que ele começou com a espada eu concluirei com a pena.” Além disso, como escreveu à sua futura esposa, o autor tinha plena consciência de que se tratava de “uma das coisas mais lindas desses tempos: o pensamento, a alma daquele grande homem, recolhidos após inumeráveis investigações”. Antes do fim ele diz: “Que a sombra de Napoleão me perdoe”.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhq1_l8dXTRdR-4MohWAhsecSJzLHCp50eL9gGXWtzn30jXfQ9Ti3WQR7yHCtlNJ7Wa4nguIEa7gIa30jeej4-QxVvXKR4epl2ORgp3j5G7ue-hKwCqfqdP5-ZiMxkfbnPLOjA7scEg1eNc/s1600/honore-de-balzac.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhq1_l8dXTRdR-4MohWAhsecSJzLHCp50eL9gGXWtzn30jXfQ9Ti3WQR7yHCtlNJ7Wa4nguIEa7gIa30jeej4-QxVvXKR4epl2ORgp3j5G7ue-hKwCqfqdP5-ZiMxkfbnPLOjA7scEg1eNc/s400/honore-de-balzac.jpg" width="311" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><b> Honoré de Balzac</b></span></td></tr>
</tbody></table></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 13pt; line-height: 150%;">Não obstante, Napoleão não teria do que se queixar em relação a Balzac pelo conjunto de sua obra. Nos 95 livros que compõe a “Comédia Humana, um total de 546 páginas são dedicadas ao <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Vencedor de Friedland e de Marengo</b>. Voltaire Schiling <a href=#Nota2>[2]</a><a name=Topo2>,</a> em seu excelente artigo “Balzac e o Imperador” descreve detalhadamente as aparições de Napoleão na obra balzaquiana:</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 2.0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 13pt; line-height: 150%;">[...] O acampamento do imperador nas vésperas da batalha de Iena (1806) foi descrito por ele no <i>Une ténébreuse affaire</i> (Um caso tenebroso); a batalha de Eylau, travada em 1807, é narrada no conto sobre o pobre coronel Chabert (<i>Le colonel Chabert</i>), ocasião em que o personagem da novela é gravemente ferido na cabeça, enquanto que a terrível e heróica passagem sobre o rio Beresina, quando o imperador retirava-se da Rússia em outubro de 1812, apareceu no <i>Adieu</i> (Adeus). </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 2.0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 2.0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 13pt; line-height: 150%;">O momento narrativo mais grandioso da presença de Napoleão na obra de Balzac dá-se no capítulo inicial da <i>La Femme de Trente Ans</i>, (A mulher de trinta anos) ocasião em que o imperador, em Paris, passa em revista o <i>Grande Armée</i>, perfilado e alinhado, antes de ser lançado nas batalhas finais travadas na Campanha da Alemanha de 1813. O vivo relato que o escritor faz das tropas enfileiradas no Campo de Marte, as fanfarras e o rufar dos tambores de guerra que anunciam ao povo e aos regimentos embandeirados à chegada eminente do grande homem, o silêncio respeitoso e a respiração em suspenso com que ele é recebido pela multidão, tudo isso, além de ser uma estupenda viagem no tempo, eletriza o leitor. Chega-se quase a ouvir-se o galope do belo cavalo branco do imperador, vestido com o seu capote cinza sem ornamentos e com o chapéu bicórneo à cabeça, passando à frente das águias da Guarda Imperial e dos símbolos gloriosos das divisões militares que se curvam frente a ele. </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 2.0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 13pt; line-height: 150%;">Tampouco, Napoleão teria do que se queixar em relação ao livro ora comentado. Em primeiro lugar, a História fez justiça em relação a Balzac, lhe restituindo a obra que este foi obrigado a vender, de modo que hoje em dia, no mundo inteiro, o livro de <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Máximas e Pensamentos de Napoleão</b> é comercializado em edições que apontam Balzac como seu organizador. Ademais, pela classificação dos aforismos, divididos pelas distintas fases da Vida de Napoleão, Balzac sugere a melhor maneira de estudar-lhe a personalidade. Ao arguto olhar do autor não escapou que “o terrorista de 93 e o generalíssimo ficaram absorvidos pelo imperador, o governante desmentiu com frequência o governado, mas as palavras contraditórias que as frequentes crises lhe arrancaram, sim, revelam admiravelmente a enorme luta a que esteve condenado.” <a href=#Nota3>[3]</a><a name=Topo3>.</a></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjCW1O2fJ_KuQMuwrCAwFHIsJxvKTazQuKoI0YFBpCPbIj1mNpHjBiKv5bQDdGHA4YG9dVUr2rh46N_PmYstYOjEfergF3hxGWIrpYpplTW5Gpww0gB3W4DpCsZVbq9UuRFNROqXWtaT4my/s1600/Napoleon_friedland.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="560" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjCW1O2fJ_KuQMuwrCAwFHIsJxvKTazQuKoI0YFBpCPbIj1mNpHjBiKv5bQDdGHA4YG9dVUr2rh46N_PmYstYOjEfergF3hxGWIrpYpplTW5Gpww0gB3W4DpCsZVbq9UuRFNROqXWtaT4my/s640/Napoleon_friedland.jpg" width="640" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><b> Napoleão, durante a Batalha de Friedland, dá ordens ao General Oudinot, por Horace Vernet</b></span></td></tr>
</tbody></table><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 13pt; line-height: 150%;">Balzac sabia ser impossível abarcar toda a personalidade de Napoleão em um único golpe de vista. O Imperador atuou com destaque em muitos seguimentos da vida do século XIX, alcançando notável distinção na maioria deles: general, político, administrador, legislador e reformador. Seu império se estendeu da Holada à Westfália, de Madrid ao Norte da Itália, por seu gênio e por sua espada, o antigo regime, as velhas ancestralidades feudais foram fortemente sacudidos em suas bases, tanto que Jean Tulard <a href=#Nota4>[4</a><a name=Topo4>]</a> assevera que, anos mais tarde, Carl Marx conferiu à Napoleão o título de grande destruidor do regime feudal alemão.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjvjpHZ1zqNAjhSfIz1AiNu_ZE6c0RUQ9PUIDoH-XiBmrOjCi8xqCNDEaFNU4Usk_N4tsP2OUBrh_tJSVczrjvMpW34HYm3WbmhqSJN3TVmUjtC2XRo75a_TvDKvKw-vWDqdF-ZfWXDadtN/s1600/1194097-gf.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjvjpHZ1zqNAjhSfIz1AiNu_ZE6c0RUQ9PUIDoH-XiBmrOjCi8xqCNDEaFNU4Usk_N4tsP2OUBrh_tJSVczrjvMpW34HYm3WbmhqSJN3TVmUjtC2XRo75a_TvDKvKw-vWDqdF-ZfWXDadtN/s400/1194097-gf.jpg" width="260" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><b>Uma e</b></span><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><b>dição francesa</b></span></td></tr>
</tbody></table><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 13pt; line-height: 150%;">Portanto, Balzac houve por bem classificar os mais de 500 aforismos que recolheu em capítulos: “O republicano e o cidadão”; “Arte militar”; “O soberano e o organizador”; “Experiência e infortúnio”. Em verdade, o autor de “Mulher de trinta anos” utilizou-se do mesmo princípio adotado por Amandou Guillöm de Montlèon quando este compilou as observações de leitura, à margem de “O Príncipe” de Maquiavel, feitas por Napoleão em diversos momentos de sua vida e publicadas pela primeira vez em Paris em 1816. Guillöm de Montlèon já naquela época sentiu a necessidade de indicar se o comentário pertencia ao general, ao cônsul, ao imperador, ou ao exilado <a href=#Nota5>[5]</a><a name=Topo5>.</a></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 13pt; line-height: 150%;">Nada obstante, essas máximas estão repletas de um fatalismo genuíno. O leitor se vê incapaz de desprezar, por exemplo, a genuína aptidão de moldar o próprio destino que Napoleão provou possuir. A forma com que o Imperador constrói cada um desses pensamentos também leva a marca do gênio. Nesse ponto, não seria nenhum absurdo dizer que Balzac prestava uma homenagem a um par, por certo que Napoleão era dono de um estilo literário único como descreve Gustave Lanson, citado por Euclides Mendonça em seu livro “A Força do Estilo de Napoleão”:</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 2.0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 13pt; line-height: 150%;">Ele [Napoleão] desenvolveu uma forma curta, brusca, tensa, nervosa admiravelmente expressiva, e seja por seu realismo, seja pela imagem que ele procurava passar de si mesmo, admiravelmente adaptado à alma elementar das multidões e das tropas. <a href=#Nota6>[6]</a><a name=Topo6>.</a></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 2.0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 13pt; line-height: 150%;">M. Émile Henriot, crítico literário do “Le Monde” de Paris, também citado no já referido livro de Euclides Mendonça, é categórico ao afirmar que Napoleão possuía “O dom do estilo, o talento de se expressar com vigor, com precisão, com elegância e colorido, na tonalidade e no ritmo inconfundíveis que lhe são peculiares. Tais atributos são próprios de um escritor nato.” <a href=#Nota7>[7]</a><a name=Topo7>.</a></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgq9WXHHvgxvG8_7bv_zFxCzevXmgbhOt0Hj4ZNPQFH0baFVB_8vXoNzqxsAzQ3G_Q16Rpxsu1DlWRFZgg54GRNZXrc9XJKGo3sAh1Iz8_bOavZSNOdPQZ_amnugPQgqkUCxBItgbenjJaF/s1600/477px-Balzac_bust_by_Rodin1892.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgq9WXHHvgxvG8_7bv_zFxCzevXmgbhOt0Hj4ZNPQFH0baFVB_8vXoNzqxsAzQ3G_Q16Rpxsu1DlWRFZgg54GRNZXrc9XJKGo3sAh1Iz8_bOavZSNOdPQZ_amnugPQgqkUCxBItgbenjJaF/s320/477px-Balzac_bust_by_Rodin1892.jpg" width="254" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><b>O busto de Balzac de Auguste Rodin</b></span></td></tr>
</tbody></table></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 13pt; line-height: 150%;">Somados todos esses múltiplos ingredientes temos a fórmula que explica os motivos pelos quais a leitura dos aforismos de Napoleão ainda é atraente nos dias de hoje, bem como aqueloutros que confirmam a genialidade do escritor que os catalogou dois séculos atrás, já antevendo que seria “o mais belo livro” daquela e de outras épocas. Os sutis epigramas do Imperador despertam a imaginação do leitor que, por um momento, se julga capaz de empreender feitos equivalentes àqueles que um dia foram levados a efeito por ele. As breves sentenças proferidas pelo <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Vencedor de Marengo</b> estão impregnadas de sua própria tragédia. A última delas, em especial, para citarmos um bom exemplo, dita pelo imperador deposto e exilado em Santa Helena, merece ser lida e relida, diversas vezes, e, quem sabe, recitada como um mantra em homenagem à frágil transitoriedade das coisas terrenas:</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 2.0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 13pt; line-height: 150%;">Novo Prometeu, vejo-me atado a uma rocha, onde um corvo </span></b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 13pt; line-height: 150%;"><a href=#Nota8>[8</a><a name=Topo8>]</a></span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 13pt; line-height: 150%;"> me rói as entranhas. Eu me havia apoderado do fogo celeste para dotar a França, e o fogo voltou à sua origem. Eis-me aqui.</span></b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 13pt; line-height: 150%;"> <a href=#Nota9>[9]</a><a name=Topo9>.</a><a href="" name="Topo8">.</a></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 2.0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 13pt; line-height: 150%;">____________________________</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 13pt; line-height: 150%;"><a name=Nota1>[1]</a> <a href=#Topo1>^</a> A <i><b>Ordre National de la Légion d'Honneur</b>, </i>a condecoração honorífica que ainda hoje é a ordem máxima concedida pelo Governo francês, foi instituída pelo próprio Napoleão em 1802.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 13pt; line-height: 150%;"><a name=Nota2>[2]</a> <a href=#Topo2>^</a> SCHILING, Voltaire. <b>Balzac e o imperador</b>. Disponível em: < <a href="http://educaterra.terra.com.br/voltaire/cultura/2006/03/07/000.htm" target="_blank"><span style="color: blue;">http://educaterra.terra.com.br/voltaire/cultura/2006/03/07/000.htm</span></a>>. Acesso em: 05 jan. 2011, às 03h00min.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 13pt; line-height: 150%;"><a name=Nota3>[3]</a> <a href=#Topo3>^</a> BALZAC, Honoré de (Org.): <b>Napoleão</b>: Máximas e Pensamentos. Tradução de José Dauster. Rio de Janeiro: Topbooks, 1995. p, 16. Título original: Maximes et Pensées de Napoléon.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 13pt; line-height: 150%;"><a name=Nota4>[4]</a> <a href=#Topo4>^</a> TULARD, Jean: Napoleão: O Construtor de uma nova Europa. <b>Revista História Viva</b>, São Paulo, ano 1, n. 1, p. 40-45, nov. 2003.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 13pt; line-height: 150%;"><a name=Nota5>[5]</a> <a href=#Topo5>^</a> MACHIAVELLI, Niccolò. <b>O Príncipe</b>. Tradução de Cândida de Sampaio Bastos. Notas e comentários de Napoleão Bonaparte e da Rainha Cristina da Suécia. São Paulo: DPL, 2008, p. 17.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 13pt; line-height: 150%;"><a name=Nota6>[6]</a> <a href=#Topo6>^</a> MENDONÇA, Euclides. <b>A Força do Estilo de Napoleão</b>. 2. ed. Brasília: Tesaurus, 2008, p. 21-22.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 13pt; line-height: 150%;"><a name=Nota7>[7]</a> <a href=#Topo7>^</a> MENDONÇA, Euclides. <b>A Força do Estilo de Napoleão</b>. 2. ed. Brasília: Tesaurus, 2008, p. 21.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 13pt; line-height: 150%;"><a name=Nota8>[8]</a> <a href=#Topo8>^</a> Naturalmente o Imperador deposto se refere a <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Hudson Lowe</b>, seu odioso carcereiro em Santa Helena. Lowe foi um discreto oficial inglês que mereceu uma nota de rodapé nos anais da História (e, por ironia, outra no presente comentário) apenas por haver empregado os maiores e os mais vis esforços para tornar a estada de Napoleão em Santa Helena a pior possível. O imperador acusou Lowe de está-lo envenenando a mando e a soldo de seu maior inimigo: a Inglaterra, a pérfida Albion. </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 13pt; line-height: 150%;"><a name=Nota9>[9]</a> <a href=#Topo9>^</a> BONAPARTE, Napoleão. in: BALZAC, Honoré de (Org.): Napoleão: Máximas e Pensamentos. Tradução de José Dauster. Rio de Janeiro: Topbooks, 1995, p, 113. Título original: Maximes et Pensées de Napoléon.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><br />
</div>CBhttp://www.blogger.com/profile/14574921363611189081noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7991305759433333228.post-27908160456654328052012-03-30T21:17:00.000-02:002012-04-19T12:35:03.565-02:00O Leitor, de Bernhard Schlink<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQMfd0pBU1CFjF943frEJo0DuKbHgyhXcXw2yRuhwrIDiXkm8l_1vwB54_zYwBHgDEd1Wu41JrxEXMBUKlrZ6N6fuXCO8pYmJQASxm3q_hY2Xzb-lTvTRiQg8SO-L2GMHavcaM_Mvb2Ckh/s1600/o-leitor.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="267" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQMfd0pBU1CFjF943frEJo0DuKbHgyhXcXw2yRuhwrIDiXkm8l_1vwB54_zYwBHgDEd1Wu41JrxEXMBUKlrZ6N6fuXCO8pYmJQASxm3q_hY2Xzb-lTvTRiQg8SO-L2GMHavcaM_Mvb2Ckh/s640/o-leitor.jpg" width="640" /></a></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 20pt; line-height: 150%;">O majestosamente belo e o tetricamente trágico</span></i></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">O belo e o trágico andam lado a lado no <b>livro</b> do professor Bernhard Schlink, muito embora, é evidente, não se trate da beleza majestosa referida no título deste comentário. Antes, o livro contém uma beleza pálida, uma espécie de altivez insípida, como se tudo o que pudesse ser reconhecido como belo nesta estória estivesse a tal ponto subjugado pelas forças incoercíveis da tragédia humana que só pode ser lembrado envolto pelo manto desbotado que sói cobrir as piores lembranças da Segunda Guerra Mundial.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">Nada obstante, essa beleza esmaecida bem existe. Há a beleza opaca da força que impele a sociedade rumo ao progresso, na tentativa de se reerguer dos escombros da guerra que, pela segunda vez em menos de 30 anos, devastou a Europa. Nesse cenário, Michael Berg, o jovem protagonista de 15 nos, vive com os pais em um (imagino) subúrbio da capital alemã e se prepara para voltar à escola depois de ter ficado afastado das aulas para se tratar de uma hepatite que contraiu.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;"></span></div>
<a name='more'></a><br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpxNnXTZwV34iQjcGdrpTQmHlTaoKeiJ97KSlbD4UyTBUMvoBgoK1o9iJ5X5NjxdrQJdbFG3Ev_WvQxen0aDIgCg_pWJvUrsH_7l0vFq9_mXb7-mDBfpkzM0i4d5swJoYG5003mKwIEp_b/s1600/o+leitors.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="285" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpxNnXTZwV34iQjcGdrpTQmHlTaoKeiJ97KSlbD4UyTBUMvoBgoK1o9iJ5X5NjxdrQJdbFG3Ev_WvQxen0aDIgCg_pWJvUrsH_7l0vFq9_mXb7-mDBfpkzM0i4d5swJoYG5003mKwIEp_b/s400/o+leitors.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10pt;">O romance e o filme</span></b></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2cm;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;"> Voltando a tratar do belo, não se pode esquecer da triste beleza das descrições que Berg faz de Hanna Schmitz, sempre comoventes e apaixonadas. Berg entra por acaso na vida de Hanna, que é cerca de 21 anos mais velha do que ele. Os laços entre eles vão se estreitar até o ponto em que surge um improvável romance.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">O autor utilizou-se do recurso de fazer com que Berg falasse através de uma máscara, ou seja, um Michael Berg mais maduro relembra e relata os episódios de sua juventude, de modo que é possível sentir claramente que às vezes a história é contada não como o jovem que viveu a sentiu, mas como o homem mais velho se lembra dela.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2cm;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_8NL37eHVHmR4vIAlojeQ86izoayD5pf4QOQLhschVMOPAZ9svXfr_z2fj6-A4LjlSc7dOEB0O57iDrrTeFM1K9AyZZ1_lxNK8l32KYFaTKNnONDNumGugqQpBEM8liwv3MzdEfADB8Gu/s1600/600--o_leitor_gg.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="243" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_8NL37eHVHmR4vIAlojeQ86izoayD5pf4QOQLhschVMOPAZ9svXfr_z2fj6-A4LjlSc7dOEB0O57iDrrTeFM1K9AyZZ1_lxNK8l32KYFaTKNnONDNumGugqQpBEM8liwv3MzdEfADB8Gu/s400/600--o_leitor_gg.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10pt;">Kate Winslet vive Hanna Schmitz no cinema</span></b></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;"> Esse recurso, ao mesmo tempo em que propicia uma imagem panorâmica dos acontecimentos passados, permite a inserção de alguns questionamentos profundos e de algumas constatações inquietantes, arriscaria a dizer filosóficas, considerando a formação do autor. Não raro um parágrafo ou um capítulo terminam com uma interrogação, como a demonstrar que, por mais que se passe toda uma vida a meditar sobre determinada situação, as respostas não ocorrem como em uma questão de múltipla escolha. Antes, é preciso se entregar à arte da decifração, que é caminho pleno de angústia.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">Em suas relações, o casal observa um ritual simples, mas que lhes é sagrado: banho, sexo e leitura. Michael Berg lia os clássicos em voz alta para Hanna. Por meu turno, em alguns momentos, tive ímpetos de ler o livro em voz alta – para mim mesmo, é evidente – e, assim, entender e praticar as diferenças sutis entre a leitura silenciosa e a leitura em voz a alta que são explicadas pelo narrador. No decorrer da narrativa, muitas obras são citadas, muitas grandes leituras e releituras sugeridas (Umberto Eco tem cada vez mais razão quando diz que os livros só tratam de outros livros).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2cm;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjeV17Rwu9pf92mkjSpKTUOAte9wk3qjyoTXJ0HISmHZmu7O6ElwG2iR_5H0ihHPD53Uq-oXmpTcUFe0E_GRvN7EKFsr3aC2N2WqaFpEeGAYNWyo2eEInO9VmffYAW77TS_30Y26R0soTZL/s1600/fto_ft1_145444.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="268" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjeV17Rwu9pf92mkjSpKTUOAte9wk3qjyoTXJ0HISmHZmu7O6ElwG2iR_5H0ihHPD53Uq-oXmpTcUFe0E_GRvN7EKFsr3aC2N2WqaFpEeGAYNWyo2eEInO9VmffYAW77TS_30Y26R0soTZL/s640/fto_ft1_145444.jpg" width="640" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10pt;">Hanna Schmitz (Kate Winslet), culpada ou inocente?</span></b></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">Uma das leituras mais marcantes para as personagens e para mim foi a de <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Guerra e Paz</b>. Não só por tudo que representa intelectualmente esse clássico de Tolstoi, mas também pela vastidão da obra, do seu alcance, que vai da descrição fiel e vibrante dos bailes de gala da sociedade russa do século XIX, ao relato do horror dos campos de batalha de Austerlitz e Borodino, verdadeiras hecatombes numa das mais sangrentas eras da História da humanidade. Como se sabe, Tolstoi trata, ainda, de heroísmo, de resistência, de luta, sofrimento e redenção. Em Guerra e Paz há descrições vibrantes de pessoas de paisagens e, sobretudo, do espírito do povo russo. De alguma forma (e me elevei um bocado a este pensamento), suponho que ouvir a narrativa de Guerra e Paz, a depender da entonação do narrador, seguramente, deve ser capaz de despertar algumas sensações que a humílima (mas absorta) leitura silenciosa que fiz não pôde.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">Inclusive, tenho que o autor muito foi corajoso ao decidir que Berg leria Guerra e Paz para Hanna, notadamente por criar certo ar de incredulidade no leitor que questiona: quanto tempo seria preciso para recitar as mais de mil páginas do romance e compreendê-las?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">O gosto de Hanna pela literatura é uma das imagens marcantes que ficarão desde livro, especialmente quando, anos mais tarde, novas revelações são feitas sobre a sua personalidade, que tornam essa predileção ainda mais digna de nota, conquanto a transmudam de heroína em grande vilã do romance.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiFYXmsaRnMlNmk-dRVszmpbjerJ_F8FgDbjn0MQ990TNaNnyaP8AEoYhYGnqJqzw9McxS0e-qqqXrr_7ft6GticPDBjGSSPLnHHSqG8Dot_2OzhDL5nccgav7S3-YXue-UXrSOaWXfY8Ow/s1600/04_MHG_rshow_leitor.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="255" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiFYXmsaRnMlNmk-dRVszmpbjerJ_F8FgDbjn0MQ990TNaNnyaP8AEoYhYGnqJqzw9McxS0e-qqqXrr_7ft6GticPDBjGSSPLnHHSqG8Dot_2OzhDL5nccgav7S3-YXue-UXrSOaWXfY8Ow/s400/04_MHG_rshow_leitor.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10pt;">"<i>War and Peace, kid...War and Peace</i>"</span></b></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">Antes que isso aconteça, todavia, Hanna inadvertidamente vai embora. Berg segue a sua vida, mas as marcas que Hanna imprimiu ainda calam fundo em sua alma. É certo que o sentimento esteve latente e que jamais chegou a despertar por inteiro, mas nessa nova fase, Hanna se torna uma obsessão. Uma trágica obsessão.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">Com efeito, se não se pode dizer que a beleza encontrada na obra reveste-se da majestosa áurea sugerida pelo título, por outro lado, a tragédia nela contida é absurdamente tétrica, descomunal. O trágico que permeia até mesmo as partes mais leves da narrativa se revela em toda a sua extensão quando, anos mais tarde, o então estudante de Direito Michael Berg reencontra Hanna Schmitz. O professor leva a turma para acompanhar um julgamento de criminosos do regime nazista e Berg se depara com Hanna no banco dos réus.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">É bom que se diga que o relato feito no presente comentário não revela nada que não seja, digamos, notório sobre o livro, visto que as informações de capa e orelha de todas as edições brasileiras contêm o cerne de tudo que foi dito até aqui e certamente não cometerei a indelicadeza de ir além daquilo que a própria editora tornou público.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">A partir do encontro no Tribunal o romance se confirma como um clamoroso drama. Alguns dos maiores conflitos vividos pelas pessoas no pós-guerra são apresentados no romance, como por exemplo, o conflito da geração mais nova que questionou incessantemente seus pais pela colaboração ou mesmo pela simples omissão diante das práticas hediondas do Terceiro Reich.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2cm;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhnblrM-nB8Ft0S7gyADtwwrp_EG3xhlp7YwYez9VPLhosj_JXkZQooNX7upq6RvG7Pdaw6ljgzr0YzVvM_EcoECBmLkF1XLzv2wslHaUXdLdmB42FQ2cZpPqWakqXuWakMUqGOf7qJxuBk/s1600/thereader_kate+winslet+25.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="384" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhnblrM-nB8Ft0S7gyADtwwrp_EG3xhlp7YwYez9VPLhosj_JXkZQooNX7upq6RvG7Pdaw6ljgzr0YzVvM_EcoECBmLkF1XLzv2wslHaUXdLdmB42FQ2cZpPqWakqXuWakMUqGOf7qJxuBk/s640/thereader_kate+winslet+25.jpg" width="640" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10pt;">Hanna Schmitz (Kate Winslet) levada à barra do tribunal</span></b></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;"> É sabido que enquanto duraram as hostilidades, pouco se falou sobre os campos de concentração e sobre o extermínio em massa de milhões de judeus pelo Terceiro Reich, porém com o fim da guerra e a instauração da corte militar internacional em Nuremberg, as atrocidades praticadas durante a guerra foram trazidas ao debate e fomentaram o desejo de vingança daqueles que inicialmente pensaram em aplicar apenas a justiça. Esses certamente são alguns dos ingredientes do julgamento de Hanna Schmitz. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgv5uM_6SIoitOvzyx8aMkx03KoQbubJ0CTooWXZOAmLw4pAFIxmPCDDmIs2u-FkLOI0-IUb7CaghOMKR7fyMKNqrTEbVq8EDfn_wp1hEij6thOtX7nN6bqmF8cSIT3szCRBPsWHp1ti2PN/s1600/Kate+oscar.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgv5uM_6SIoitOvzyx8aMkx03KoQbubJ0CTooWXZOAmLw4pAFIxmPCDDmIs2u-FkLOI0-IUb7CaghOMKR7fyMKNqrTEbVq8EDfn_wp1hEij6thOtX7nN6bqmF8cSIT3szCRBPsWHp1ti2PN/s400/Kate+oscar.jpg" width="312" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10pt;">Kate levou o Oscar por sua Hanna Schmitz</span></b></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">Acertou em cheio quem fez a comparação inevitável com a cobertura do julgamento de Adolf Eichman feita por Hanna Arendt que se tornou o livro “Eichmann em Jerusalém”, no qual a filósofa judia lança o conceito de “banalidade do mal”. Assim como Eichman, Hanna Schmitz não era um monstro que os seus algozes sedentos por vingança pintavam. Obviamente, Hanna Schmitz era tão culpada quanto Eichman, de maneira que o conceito Arendt não afasta a reprobabilidade de suas condutas hediondas. Antes, a filósofa faz notar que algumas pessoas agem dentro das regras do sistema a que estão inseridos sem racionalizar sobre seus atos. Esses indivíduos “banalizam” o mal, na medida em que não se preocupam com as conseqüências destes atos, mas tão-só com o cumprimento das ordens superiores.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2cm;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6l7pjqJqU7okG2zvgjo8cRvQoE2OQ_UUN1RQTualLdGvGVcNYSvdKwo2ivZDtMMQfoj31IKZxudwscOKlKEewmvFUwxujp5z4vIPYkjKI637z5_HmPC-FgnY5-bDLmreV40IPCj-QE2kq/s1600/o-leitor-+kate+winslet+06g.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="385" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6l7pjqJqU7okG2zvgjo8cRvQoE2OQ_UUN1RQTualLdGvGVcNYSvdKwo2ivZDtMMQfoj31IKZxudwscOKlKEewmvFUwxujp5z4vIPYkjKI637z5_HmPC-FgnY5-bDLmreV40IPCj-QE2kq/s640/o-leitor-+kate+winslet+06g.jpg" width="640" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10pt;">Hanna e Michael Berg (Kate Winslet e David Kross)</span></b></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">Muitas das mais inquietantes questões suscitada por Bernhard Schlink em “O Leitor” dizem respeito aos sentimentos de Michael Berg e a sua dificuldade em lidar com o passado negro de Hanna Schmitz. Paira, portanto, sobre toda a obra os ares da profunda depressão em que mergulhou a humanidade ao cabo das duas grandes guerras do século XX, quando, afinal, o homem se deu conta de que, malgrado desconhecesse tudo que existia em seu pequeno planeta Terra, já detinha poder suficiente para destruí-lo completamente. Berço no qual nasceu a chamada contracultura, mas isso, naturalmente, é assunto para comentários de outras leituras.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2cm;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhPMIAqEgKACsHDN_GheugGXbPwwxz_QsnV38n7PdqH_v5lTNS15mkbJESdqtNBnQE8HTmvMbK5RFyCafu82_lhQpWsq_lGpQBxaMar2tT3emefzWyIbH1BJox7U9SnDno32U7Qp-VfUTB-/s1600/o-leitor-04g.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhPMIAqEgKACsHDN_GheugGXbPwwxz_QsnV38n7PdqH_v5lTNS15mkbJESdqtNBnQE8HTmvMbK5RFyCafu82_lhQpWsq_lGpQBxaMar2tT3emefzWyIbH1BJox7U9SnDno32U7Qp-VfUTB-/s1600/o-leitor-04g.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10pt;">O Leitor, a ouvinte suas leituras e seus livros </span></b></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;"> Ao final, fechada a derradeira página, não sem grande contentamento, adicionei quatro ou cinco dos títulos daqueles lidos por Berg para Hanna em minha lista de leituras futuras e, ainda que fosse apenas por isso, a leitura já teria valido a pena, bem como assisti, com vivo interesse, ao filme, a versão holywoodiana que rendeu o Oscar de Melhor atriz a Kate Winslet. </span></div>CBhttp://www.blogger.com/profile/14574921363611189081noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7991305759433333228.post-77205447130420552292012-03-11T22:54:00.002-02:002012-03-12T13:02:36.789-02:00Alea Jacta Est<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8ove93XkfcuzcO0FZheqC0MOH7_kfM704HBWIhUGY0cvGdciyi-TT96y32kTbGBAf0uRN1bN8NPlx10ixuCWqO3g7Cz3nFF7V82vARERrAY4Oz0nU0JZ_1JmAgNpjVGOoS2ghZRMbEn8I/s1600/vercingetorix.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="436" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8ove93XkfcuzcO0FZheqC0MOH7_kfM704HBWIhUGY0cvGdciyi-TT96y32kTbGBAf0uRN1bN8NPlx10ixuCWqO3g7Cz3nFF7V82vARERrAY4Oz0nU0JZ_1JmAgNpjVGOoS2ghZRMbEn8I/s640/vercingetorix.jpg" width="640" /></a></div><br />
<div style="text-align: justify;"></div><div style="font-family: Times,"Times New Roman",serif; text-align: justify;"><br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 13pt; line-height: 115%;">Júlio César</span></b><span style="font-size: 13pt; line-height: 115%;"> é um personagem que jamais poderá se despir por inteiro de sua larga máscara romântica. Seus renomados biógrafos Suetônio e Plutarco legaram ao mundo a fortíssima e indeteriorável imagem do Gaius Julius Caesar heróico, impiedoso, senhor da Gália e flagelo da república romana. O jovem que esteve do lado vencido de uma guerra civil e que, portanto, foi afastado do centro do poder, sendo, em seguida, sido feito cativo por corsários que exigiram 30 talentos de ouro pelo seu resgate. O jovem herói, entretanto, exigiu que o resgate não fosse menor que 50 talentos <a href=#Nota1>[1]</a><a name=Topo1>,</a> afirmando que melhor que fosse assim, pois após ser libertado ele retornaria e crucificaria seus captores. Dito e feito: posto em liberdade, o jovem, não pela última vez, fez valer a palavra empenhada e ergueu diversas cruzes com piratas imolados em uma praia qualquer do Mediterrâneo.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 13pt; line-height: 115%;">Um início de carreira com muitos complicados entraves, que somados, talvez não permitissem aos seus contemporâneos antever o general e estadista brilhante que César se tornaria, anos mais tarde. Em 8 anos ele domou as tribos bárbaras e conquistou a Gália, submetendo Vercingentórix, o Rei de todos os gauleses, que foi conduzido e sacrificado diante das multidões romanas que aplaudiram César em seu grande Triunfo.</span><br />
<br />
<br />
<a name='more'></a><br />
</div></div><div style="font-family: Times,"Times New Roman",serif; text-align: justify;"><table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhsOZqznD8-pQUcM3PkL0TTz2wT99Vp7invatuT_s6vZolhDXPs5GvsYg6loA8ukj8kPck4j8WRISlo8YaVIXXmn_2JYyngDjg-y7RFxl0EsLaiUs-bAIg1nRat_TVGGuPj4gISdCZjDBpi/s1600/tumblr_lo9yxirUwd1qiu1coo1_400.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhsOZqznD8-pQUcM3PkL0TTz2wT99Vp7invatuT_s6vZolhDXPs5GvsYg6loA8ukj8kPck4j8WRISlo8YaVIXXmn_2JYyngDjg-y7RFxl0EsLaiUs-bAIg1nRat_TVGGuPj4gISdCZjDBpi/s400/tumblr_lo9yxirUwd1qiu1coo1_400.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div class="MsoNormal"><b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;">César vivido por Ciarán Hinds na série Roma de 2005</span></b></div></td></tr>
</tbody></table><span style="font-size: 13pt; line-height: 115%;">Não obstante, antes de poder desfilar em toda a sua glória perante seu povo, César se viu obrigado a ultrapassar aquele que talvez tenha sido seu maior obstáculo, a tal adversidade amplamente reconhecida como ponto crítico em sua carreira: marco físico, mas defeso segundo a vontade soberana do povo romano; ao mesmo tempo obstáculo psicológico e moral, diante do qual, considerando o que representava a transgressão, César foi assaltado pela incerteza. Napoleão, séculos mais tarde, defendeu que nesta ocasião, pela hesitação, César não foi César <a href=#Nota2>[2]</a><a name=Topo2>.</a> Sim, o herói titubeou ao chegar, no comando de seus invencíveis veteranos da campanha da Gália, às margens do Rubicão, curso d’água que estabelecia o perímetro urbano da antiga Roma, o qual, ao general ou cônsul que estivesse a frente de seus exércitos, era defeso transpor. O Rubicão, porém, não deteve César por muito tempo, eis que seu espírito indomável o impeliu adiante, após proferir a célebre sentença: <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">alea jacta est.</i></b></span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"></div></div><div style="text-align: left;"></div><div style="font-family: Times,"Times New Roman",serif; text-align: justify;"><br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: 13pt; line-height: 115%;">A sorte, de fato, estava lançada, contudo pode-se dizer que no primeiro ato a roda da fortuna girou a favor do iconoclasta César e, assim, começava a fase mais interessante de sua carreira. Deflagrou-se a guerra civil contra Pompeu e seus sectários. Seguindo-se, não sem muito sangue romano derramado pelos próprios romanos, a vitória de César em Farsala e – o que pareceu mais surpreendente - a primeira derrota de um Cipião<a href=#Nota3>[3</a><a name=Topo3>]</a> em solo africano. César marcha até o Egito onde tem o dissabor de receber a cabeça de seu antigo genro, Pompeu, em uma bandeja, mas também tem o prazer de travar conhecimento com a enigmática Cleópatra. Um encontro que em tudo agradou a César, por certo que a princesa egípcia, a quem ele apóia na disputa pelo trono com o irmão, era descendente de Ptolomeu, um dos bravos que cavalgou ao lado Alexandre e fundou uma dinastia às margens do Nilo. Consta que, muito antes de retornar a Roma e ser brutalmente assassinado em pleno senado romano, César não se furtou a verter copiosas lágrimas aos pés do túmulo de Alexandre, por supostamente não estar a altura de seu herói mesmo então já estando em idade superior àquela que o filho de Felipe II ostentava ao morrer.</span></div></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgW9kfiMbJIxxqH-Z2VB_0yvJE25GtOxSJxqk63Xbe6mj1mTwP34iWTwKw06D6K1txJUisKa6-ItK-Q0ugm20HFxh7QPyC72VtRwPFKmu_wZBuPBceQHzLUnoIX-igpAePTU_RU5zByNCRv/s1600/Julius-Caesar.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="265" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgW9kfiMbJIxxqH-Z2VB_0yvJE25GtOxSJxqk63Xbe6mj1mTwP34iWTwKw06D6K1txJUisKa6-ItK-Q0ugm20HFxh7QPyC72VtRwPFKmu_wZBuPBceQHzLUnoIX-igpAePTU_RU5zByNCRv/s640/Julius-Caesar.JPG" width="640" /></a></div><div style="font-family: Times,"Times New Roman",serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Times,"Times New Roman",serif; text-align: justify;"><br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: 13pt; line-height: 115%;">Chegamos ao ponto na biografia de César em que se concentra a tragédia de <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Shakespeare</b> que ousamos comentar: <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">nos idos de março</b>, quando ocorreu o seu brutal assassinato. O herói foi assassinado, mas não lhe foi dado morrer. Otávio, seu augusto sobrinho, adotou o nome César que passou a ser sinônimo de soberano não apenas em latim, preservando esta característica até os dias atuais: Czar e Kaiser, os termos utilizados para designar os imperadores da Rússia e da Alemanha são, pois, palavras derivadas de César.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: 13pt; line-height: 115%;">Ocorre que esse colossal Júlio César não é a personagem principal da tragédia que leva seu nome. Antes o bardo Willian Shakespeare, em “Júlio César” trata de Brutus.</span></div></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhfFosdbUzN6UyydeLWKznBNDNQ_xAwSsm680byDVGrFUvWiLMrEijT6Oh0soX9juQqGWV5hJkd1m1WngL3r1I7PJpL3JO4woHqGscMZ7nLDvHV1iivAbeFd7AQDeVcC9tj6Q4fENTFJw4i/s1600/4578774.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhfFosdbUzN6UyydeLWKznBNDNQ_xAwSsm680byDVGrFUvWiLMrEijT6Oh0soX9juQqGWV5hJkd1m1WngL3r1I7PJpL3JO4woHqGscMZ7nLDvHV1iivAbeFd7AQDeVcC9tj6Q4fENTFJw4i/s400/4578774.jpg" width="271" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div class="MsoNormal"><b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;">IMP•C•IVLIVS•CÆSAR•DIVVS</span></b></div></td></tr>
</tbody></table><div style="text-align: justify;"><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: 13pt; line-height: 115%;">Sim, os holofotes aqui estão todos sobre <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Marcus Junius Brutus</i>, o filho da fina flor da aristocracia romana, descendente de outro Brutus que salvou a república das garras de um tirano ancestral que também ousara atentar contra o governo do povo. Brutus que era amado por César, mas que ouvia Cássio.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: 13pt; line-height: 115%;">No medievo, o poeta Dante Alighieri, houve por bem colocar Cássio e Brutus, bem acompanhados por Judas Iscariotes, lado a lado no último círculo do inferno, em um lugar reservado para os traidores e que tinha os três, os maiores entre todos os traidores, como moradores ilustres.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: 13pt; line-height: 115%;">E Shakespeare soube explorar como poucos o campo fértil das seriíssimas reflexões e debates que Brutus travou consigo mesmo, quando percebeu que a ele se impunha a inglória missão de salvar a república pagando o altíssimo preço do sacrifício daquele dileto amigo chamado César. As punhaladas desferidas em César eram expressão de uma moral que pairava acima de Brutus, de tal maneira que não pôde desvencilhar-se da força inexorável dessa grande missão, à qual ele estava ligado pelos robustos laços de sua ancestralidade.</span></div><br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwjvFkZWg72yJmKjjAx4_fcVd7xZxYWkPFyszPYldC7WF__eLcgNdP5SJlv4er_O14mWPTsRm4KYJ4dwL3VxoJu8PLjHzzgcvT1FifaBYFRoj4JxsPXWGAyBYlGNsp2_W2E5LFJ6M0EwlM/s1600/Karl_Theodor_von_Piloty_Murder_of_Caesar_1865.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="394" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwjvFkZWg72yJmKjjAx4_fcVd7xZxYWkPFyszPYldC7WF__eLcgNdP5SJlv4er_O14mWPTsRm4KYJ4dwL3VxoJu8PLjHzzgcvT1FifaBYFRoj4JxsPXWGAyBYlGNsp2_W2E5LFJ6M0EwlM/s640/Karl_Theodor_von_Piloty_Murder_of_Caesar_1865.jpg" width="640" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div class="MsoNormal"><b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;">Assassinato de César, 1865, Karl Theodor von Piloty, Museu do Estado da Baixa Saxônia, Hanôver</span></b></div></td></tr>
</tbody></table><br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: 13pt; line-height: 115%;">Acerca o papel de Brutus na tragédia, filio-me à persuasiva argumentação contida no comentário<a href=#Nota4>[4</a><a name=Topo4>]</a> do camarada <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Nietzsche</b>:</span></div><blockquote class="tr_bq"><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 3.0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 13pt; line-height: 115%;">Em Louvor de Shakespeare</span></i><span style="font-size: 13pt; line-height: 115%;">. – A coisa mais bela que eu saberia dizer em louvor do homem Shakespeare é esta: ele acreditou em Brutus e não lançou o menor grão de suspeita sobre esse tipo de virtude! A ele dedicou sua melhor tragédia – que ainda hoje é conhecida pelo título errado –, a ele e à mais terrível quintessência de uma moral elevada. Independência da alma! – é disso que se trata ali! Nenhum sacrifício pode ser demasiado grande: é preciso ser capaz de sacrificar-lhe até o mais querido amigo, seja ele o homem mais esplêndido, ornamento do mundo, gênio sem igual – quando se ama a liberdade como sendo a liberdade das grandes almas e ele põe em perigo <i style="mso-bidi-font-style: normal;">essa</i> liberdade: desse modo deve ter sentido Shakespeare! A altura em que ele coloca César é a maior honra que podia prestar a Brutus: apenas assim ele dá proporções enormes ao problema interior deste, bem como à força psíquica que era capaz de cortar <i style="mso-bidi-font-style: normal;">esse nó</i>! – E foi realmente a liberdade política que fez esse poeta simpatizar com Brutus – que o tornou cúmplice de Brutus? Ou a liberdade política foi apenas um símbolo para algo inexprimível? Achamo-nos talvez diante de um evento obscuro que permaneceu desconhecido, uma aventura da própria alma do poeta, da qual ele só quis falar mediante sinais? O que é a melancolia de um Hamlet, comparada à melancolia de um Brutus? – e talvez Shakespeare conheça esta, como aquela, por experiência própria! Talvez ele tivesse, como Brutos, sua hora escura e seu anjo mau! – Mas quaisquer que tenham sido as semelhanças e os laços secretos: ante o personagem e a virtude de Brutus Shakespeare se prostrou e se sentiu indigno e distante: – ele dá testemunho disso na tragédia. Duas vezes um poeta é apresentado nela, e nas duas vezes é vertido sobre ele um desprezo tão impaciente e definitivo, que isto soa como um grito – o grito do auto-desprezo. Até mesmo Brutos perde a paciência quando surge o poeta, enfatuado, patético, impertinente como costumam ser os poetas, um ser que parece transbordar de possibilidades de grandeza, também de grandeza moral, mas que na filosófica dos atos e da vida raramente atinge sequer a integridade comum. “Se ele conhece o tempo,<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> eu</i> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">conheço seus humores</i> – fora com o palhaço!” – grita Brutus. Traduza-se isso de volta na alma do poeta que o criou.</span></div></blockquote><br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: 13pt; line-height: 115%;">Parece, portanto, acertado afirmar que Brutus é o verdadeiro protagonista, pois a ele cabe a ação mais dramática, bem como conviver depois com suas paixões e seus remorsos revolvendo-se e explodindo internamente como se um novo Vesúvio se lhe surgisse das entranhas.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><br />
</div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6Jmq3WriRZEbW9ZZniwbtc9XurWGPdJnGxSkjA9mSsWI3h0am2fvygdBzm0jP4M-BW3xnd_GueWNO2CbHNEB20gvwLSXSyJKHTEaQcfp6Pcl1msNwXJR5c0fXtzOiZb21zRtayRAgCiCP/s1600/rome-celebrates.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="466" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6Jmq3WriRZEbW9ZZniwbtc9XurWGPdJnGxSkjA9mSsWI3h0am2fvygdBzm0jP4M-BW3xnd_GueWNO2CbHNEB20gvwLSXSyJKHTEaQcfp6Pcl1msNwXJR5c0fXtzOiZb21zRtayRAgCiCP/s640/rome-celebrates.jpg" width="640" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div class="MsoNormal"><b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;">O Triunfo de César ao regressar vitorioso da Gália e de sua guerra com Pompeu, na série Roma</span></b></div></td></tr>
</tbody></table><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: 13pt; line-height: 115%;">Seja na rápida leitura conquistada a custo nos raros momentos de folga de nosso século de múltiplas ocupações, seja sendo apreciada, como de fato foi, pelo público de pé de fronte aos teatros de madeira da era elisabetana, podemos tomar como certa uma breve sentença: trata-se de uma obra atemporal, mil vezes sutil e sempre recomendada.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: 13pt; line-height: 115%;">____________________________</span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: 13pt; line-height: 115%;"><br />
<a name=Nota1>[1]</a> <a href=#Topo1>^</a> As fontes históricas divergem sobre os valores e sobre as taxas de conversão, mas há um consenso no sentido de que César teria aumentando consideravelmente a primeira oferta dos piratas. A história é contada com todas as cores na série <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">O Imperador</b>, de Conn Iggullden, o brilhante romance sobre a vida de César.</span></div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: 13pt; line-height: 115%;"><br />
<a name=Nota2>[2]</a> <a href=#Topo2>^</a> <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">“[...] César hesitou às margens do Rubicão, não foi ele mesmo naquele dia. Uma das grandes virtudes militares é jamais hesitar quando se precisa agir” </b>(Napoleão Bonaparte BONAPARTE, Napoleão. in: BERTAUT, Jules (Org.): Napoleão Bonaparte: Manual do líder. Tradução de Júlia da Rosa Simões. Porto Alegre: LP&M, 2010, p. 67. Título original: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Manuel du chef: Aphorismes chosis et préfacés par Jules Bertaut</i>.)</span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: 13pt; line-height: 115%;"><br />
<a name=Nota3>[3]</a> <a href=#Topo3>^</a> Havia uma lenda que um Cipião jamais seria derrotado em solo africano, pois foi justamente na África, em Zama, que Cipião venceu o maior adversário que Roma já conheceu, o general cartaginês Aníbal Barca, o que lhe rendeu o epíteto de o Africano. César, porém, ignorando o mito, venceu Metelo Cipião na batalha de Tapso realizada perto da cidade de Tapso (Thapsus), moderna Ras Dimas, na Tunísia. Metelo Cipião comandava ao lado de Catão, o Jovem, a facção conservadora do senado romano conhecida como <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Optimates</i> e era descendente do grande Cipião, o Africano.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: 13pt; line-height: 115%;"><br />
<a name=Nota4>[4]</a> <a href=#Topo4>^</a> NIETZSCHE, Friedrich. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">A Gaia Ciência</b>. Tradução, notas e prósfácio de Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2001, p. 122-123. Título original: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Die fröhliche Wissenschaf. La gaya scienza</i>.</span></div></div>CBhttp://www.blogger.com/profile/14574921363611189081noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7991305759433333228.post-91241065796154355142012-02-22T02:09:00.003-02:002012-03-30T21:19:45.095-02:00The Motherland Calls<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjSVYAFNzfK9-xGOj4I-KIw7shUKeKJp-i_AinGGFkCOOpmv4d8gSRwhbk_4D78UXG7moexD3wboW_4kzziEInI6PHMzzUCC9tsmGgZGoWWtMYqJEqYupFlFf4eTiLMpkQXjdpSK1-omBRR/s1600/MLC.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="425" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjSVYAFNzfK9-xGOj4I-KIw7shUKeKJp-i_AinGGFkCOOpmv4d8gSRwhbk_4D78UXG7moexD3wboW_4kzziEInI6PHMzzUCC9tsmGgZGoWWtMYqJEqYupFlFf4eTiLMpkQXjdpSK1-omBRR/s640/MLC.JPG" width="640" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjSVYAFNzfK9-xGOj4I-KIw7shUKeKJp-i_AinGGFkCOOpmv4d8gSRwhbk_4D78UXG7moexD3wboW_4kzziEInI6PHMzzUCC9tsmGgZGoWWtMYqJEqYupFlFf4eTiLMpkQXjdpSK1-omBRR/s1600/MLC.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;">
</a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4.0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4cm; text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "Times","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Espaço,
tempo e os elementos drenaram a força e a vitalidade do agressor. Ao invadir a
Rússia, a Alemanha penetrou num clima diferente, e seus exércitos precisaram
lidar com mudanças de estação repentinas e violentas. A estratégia alemã da
guerra-relâmpago era inadequada para operações continuadas, e os rigores do
inverno de 1941 surpreenderam o profeta da Nova Ordem. Quando chegou o frio,
este matou mais soldados alemães do que as balas e baionetas russas. No
entanto, seria equívoco presumir que o xeque-mate sofrido por Hitler, superando
em muito as perdas de Napoleão de Moscou, deveu-se apenas a uma mudança do
clima. Foram os sacrifícios dos russos que conseguiram isso – o que não muda a
conclusão de que seis semanas de tempo clemente poderiam ter feito diferença
para o maior ataque militar de todos os tempos. Mas o general inverno, o eterno
aliado da Santa Mãe Rússia, não permitiu. (Erik Durschimied. Como a natureza
mudou a História. Rio de Janeiro. Ediouro: 2004, p. 226-227.)</span></i><span style="font-family: "Times","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"></span></div>
<blockquote class="tr_bq">
<div style="font-family: Times,"Times New Roman",serif; text-align: justify;">
<blockquote class="tr_bq">
<blockquote class="tr_bq">
</blockquote>
</blockquote>
</div>
</blockquote>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times","serif"; font-size: 13pt; line-height: 115%;">A historiografia relata que o solo sagrado da Mãe
Rússia jamais foi expugnado pelo inimigo estrangeiro. Carlos XII da Suécia
marchou sobre a Rússia no bojo da <i>Grande Guerra do Norte</i> em 1707. O rei
sueco conquistou importantes vitórias, porém, seu exército encontrou a
aniquilação em Poltava, marcando, assim, o fim da trajetória da Suécia como uma
grande nação européia. Napoleão, por seu turno, chegou a tomar Moscou e passar
uma noite no próprio Kremilin, porém, a desastrosa retirada sob o látego
impiedoso do General Inverno solapou as bases do Primeiro Império Francês, uma
vez que a fina flor da soldadesca francesa pereceu sob toneladas de gelo. O
último a tentar foi Hittler. O último a fracassar também. Erik Durschmied, em
seu revelador <i>Como a Natureza Mudou a História</i>, cujo breve excerto
transcrevemos acima à guisa de epígrafe da presente exposição, relata como os
temidos Panzers congelaram e afundaram na lama, perecendo sob a pesada mão do <b>General
Inverno</b>, o mesmo que um século e meio antes havia subjugado o Vencedor de
Austerlitz.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times","serif"; font-size: 13pt; line-height: 115%;">Nada obstante, hoje em dia muito se fala da
decisiva <b>Vitória dos Aliados</b> na Segunda Guerra Mundial, do <b>Dia D</b>,
quando a maior armada que o mundo já vira tomou as desoladas areias de <i>Omaha
Beach</i>. Para os russos, porém, a Segunda Guerra não foi uma vitória do bem
contra o mal nazi-fascista. Antes, para os russos, não houve uma simples
vitória dos aliados sobre os alemães. Para esses renitentes cossacos, o que
houve foi uma vitória do povo russo. Todos na Rússia, do mais jovem e ignaro
estudante até o mais encanecido ancião, sabem que a Segunda Guerra é a grande
vitória russa.</span></div>
<div style="font-family: Times,"Times New Roman",serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"></span><br />
<a name='more'></a><span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="font-family: Times,"Times New Roman",serif; text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhCIQPRPRFQrDZVjW87K9qztuACvYKOQ_PcTd8woGjJVDi-xgvNkyDfcqbEeKcaKAXbBn33XvD-sg3s_q9PeToul6VrXJJBRRx3d2B8v7BY1kgfJ-cJoTmQlbGA0MlJ2BF7zP-7q8Fj1c1k/s1600/The_Motherland_Calls.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhCIQPRPRFQrDZVjW87K9qztuACvYKOQ_PcTd8woGjJVDi-xgvNkyDfcqbEeKcaKAXbBn33XvD-sg3s_q9PeToul6VrXJJBRRx3d2B8v7BY1kgfJ-cJoTmQlbGA0MlJ2BF7zP-7q8Fj1c1k/s640/The_Motherland_Calls.jpg" width="291" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10pt;">As justas proporções de Motherland Calls</span></b></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times","serif"; font-size: 13pt; line-height: 115%;">Atualmente, a cada ano, o país pára entre os dias
08 e 09 de maio para celebrar a efeméride. A alegria dos rostos jovens se
mistura ao sorriso orgulhoso dos veteranos da Grande Guerra Patriótica.
Imediatamente após o fim do conflito os russos se uniram para celebrar a
grandiosa vitória e expressá-la também na arte. Assim, esse sentimento foi
materializado de uma maneira talvez sem precedentes na História, quiçá desde a
feitura do Arco do Triunfo em 1806, que celebra as façanhas de Napoleão na
Campanha da Itália.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times","serif"; font-size: 13pt; line-height: 115%;">Dentre os inúmeros monumentos erigidos, destacamos
a gigantesca estátua que personifica a Mãe Rússia. Naturalmente estamos falando
de <b>Motherland Calls</b>, construída em local estratégico, dotada de uma
imponência exuberante, capaz de chocar a imaginação das pessoas com suas
proporções colossais.</span></div>
</div>
<div style="font-family: Times,"Times New Roman",serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span><br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times","serif"; font-size: 13pt; line-height: 115%;">O local onde essa Vênus Titânica assombra e
recomenda parcimônia e reflexão ao inimigo é Mamayev Kurgan – </span><b><i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 13pt; line-height: 115%;">Мамаев</span></i></b><b><i><span style="font-family: "Times","serif"; font-size: 13pt; line-height: 115%;"> </span></i></b><b><i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 13pt; line-height: 115%;">Курган</span></i></b><span style="font-family: "Times","serif"; font-size: 13pt; line-height: 115%;"> em russo –, uma colina que se ergue dominante
sobre a cidade de Volgogrado, que nos tempos da Segunda Guerra ainda chamava-se
<b>Stalingrado</b>.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
</div>
</div>
<div style="font-family: Times,"Times New Roman",serif; text-align: justify;">
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times","serif"; font-size: 13pt; line-height: 115%;">Motherland Calls faz parte de um grandioso memorial
construído em alusão à Batalha de Stalingrado, travada de agosto de 1942 a
fevereiro de 1943. No topo da colina, encontra-se a monumental estátua de 91m
de altura, erguida em honra daqueles que morreram naqueles dias sangrentos
defendendo o solo pátrio. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div style="font-family: Times,"Times New Roman",serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"></span></div>
<div style="font-family: Times,"Times New Roman",serif; text-align: justify;">
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times","serif"; font-size: 13pt; line-height: 115%;">Mesmo para os padrões tipicamente monumentais da
era soviética Motherland Calls é uma visão impressionante. Elevando-se
dezessete andares acima da cidade russa de Volgogrado, a estátua monolítica que
descreve uma figura feminina ao vento, brandindo uma enorme espada, é uma
combinação impressionante de estilo neoclássico propaganda bolchevique. </span></div>
</div>
<div style="font-family: Times,"Times New Roman",serif; text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhMal-wxOGX0e1XXIZlH921KO6uYN-07NVkPfdAMOG-pIKKJc7rd_QUjrlwBEwzxEAmPns16wrlBYFJBE1xGVsWB_MjR9lJgHWvvo8HxKQgsE954JF0D7xcFJ9lZcJTPdw1iRmAn1Zqyb8L/s1600/d181d0bad183d0bbd18cd0bfd182d183d180d0b0-d180d0bed0b4d0b8d0bdd0b0-d0bcd0b0d182d18c.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhMal-wxOGX0e1XXIZlH921KO6uYN-07NVkPfdAMOG-pIKKJc7rd_QUjrlwBEwzxEAmPns16wrlBYFJBE1xGVsWB_MjR9lJgHWvvo8HxKQgsE954JF0D7xcFJ9lZcJTPdw1iRmAn1Zqyb8L/s640/d181d0bad183d0bbd18cd0bfd182d183d180d0b0-d180d0bed0b4d0b8d0bdd0b0-d0bcd0b0d182d18c.jpg" width="640" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10pt;">Com o rio Volga ao fundo, a Mãe Pátria, espada em riste, conclama o povo
russo à luta</span></b></td></tr>
</tbody></table>
<span style="font-size: large;"></span><br />
<span style="font-size: large;"></span></div>
<div style="font-family: Times,"Times New Roman",serif; text-align: justify;">
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times","serif"; font-size: 13pt; line-height: 115%;">Representação simbólica da vitória soviética sobre
os invasores nazistas, a figura intencionalmente lembra a Vitória de
Samotrácia. Como a obra prima helênica, a composição Soviética comunica dinamismo
e força. Do pedestal até o topo da cabeça, a Nice bolchevique mede 53 metros.
Seu ponto mais alto (a ponta da espada) está localizado cerca de 91 metros no
ar. Tão grande que foi, de fato, a maior estátua do mundo no momento de sua
inauguração em 15 de outubro de 1967.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhq-c7fKTl5n-J4LhZrMttWTjvgBW6so5rYBp-L1N7ODw1BZLdfUDFfeZ6Q77850rNf-KAD1fH0qjgvEfF2NvzCNdMIhBQLXWq1-84dX5kY4gAcNKUbTxw0XwpO0nBzKMpxdaSiQcVV4XwI/s1600/Mamayev_Kurganpan.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhq-c7fKTl5n-J4LhZrMttWTjvgBW6so5rYBp-L1N7ODw1BZLdfUDFfeZ6Q77850rNf-KAD1fH0qjgvEfF2NvzCNdMIhBQLXWq1-84dX5kY4gAcNKUbTxw0XwpO0nBzKMpxdaSiQcVV4XwI/s640/Mamayev_Kurganpan.jpg" width="640" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10pt;">A colossal nice bolchevique em sua colina , dominando a paisagem da
antiga Stalingrado</span></b></td></tr>
</tbody></table>
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times","serif"; font-size: 13pt; line-height: 115%;">Motherland Calls não é um monumento isolado. Pelo
contrário, é o ponto focal de um complexo e vasto memorial que cobre uma imensa
área em Mamaev Kurgan, o epicentro da Batalha de Stalingrado. Foi ali, pois,
que o destino da Europa foi determinado entre 1942 e 1943. Aquele morro foi
invadido pelos alemães em meados de setembro 1942, para ser recapturado pelo
Exército Vermelho depois alguns dias. Posteriormente, russos e alemães
disputaram cada centímetro da cidade arrasada e a vitória, essa musa ingrata,
mudou de mãos várias vezes antes do fim do cerco e da destruição final das
forças nazistas.</span></div>
</div>
<div style="font-family: Times,"Times New Roman",serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="font-family: Times,"Times New Roman",serif; text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEggC9aWV4gxAxktQWFx-N1A7cEOlZ9kGGz7Xuqv1oHGsvp4jBK18Y2woOJcZrUelosanOIvql_bYHgMyIqjQp1VGXEoVbtLfzCteCo6ZOOavX3zlX0Klhd6kKHh9marEHTSasQrMgo1VUOZ/s1600/Mamayev_Kurgan.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEggC9aWV4gxAxktQWFx-N1A7cEOlZ9kGGz7Xuqv1oHGsvp4jBK18Y2woOJcZrUelosanOIvql_bYHgMyIqjQp1VGXEoVbtLfzCteCo6ZOOavX3zlX0Klhd6kKHh9marEHTSasQrMgo1VUOZ/s640/Mamayev_Kurgan.jpg" width="640" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10pt;">Detalhe do imenso memorial de Mamaev Kurgan</span></b><br />
<div class="MsoNormal">
<b><span style="font-family: "Times","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"></span></b></div>
</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times","serif"; font-size: 13pt; line-height: 115%;">Nas décadas que se seguiram depois de 1945, a
Batalha de Stalingrado emergiu como a peça central de um culto patrocinado pelo
Partido Comunista dedicado à vitória decisiva e à supremacia da URSS. Destinado
a honrar as dezenas de milhões de soldados e civis que perderam suas vidas na
Grande Guerra Patriótica, o culto da guerra serviu também como um suporte
político para os integrantes do Partido Comunista e para a manutenção do
regime. Durante os anos 1950 e 1960 dezenas de milhares de monumentos foram
encomendados para lembrar heróis soviéticos e suas vitórias. Todas essas
celebrações formaram o cenário ideal para incontáveis cerimônias que visaram
unir os cidadãos em torno de uma história oficial do sofrimento coletivo e do
sacrifício, retratando o heroísmo do partido e de seus membros abnegados,
todos essenciais para a vitória.</span></div>
</div>
<div style="font-family: Times,"Times New Roman",serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="font-family: Times,"Times New Roman",serif; text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirvWza3BRTPOp2R86frUlbgkXclmMMF3JjnHdmQ5TPG7JRwQQjikiFM-VabjbAm6i_vJKdQ8XzCQ7hdBzyRRIbWYZ5pxkSjNit-xJO-yYT7w_uOTlSp6N0PFg2-YHZo3q8yUnREvzlvYME/s1600/Inverno.bmp" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirvWza3BRTPOp2R86frUlbgkXclmMMF3JjnHdmQ5TPG7JRwQQjikiFM-VabjbAm6i_vJKdQ8XzCQ7hdBzyRRIbWYZ5pxkSjNit-xJO-yYT7w_uOTlSp6N0PFg2-YHZo3q8yUnREvzlvYME/s400/Inverno.bmp" width="300" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10pt;">O General Inverno sempre presente</span></b></td></tr>
</tbody></table>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times","serif"; font-size: 13pt; line-height: 115%;">Em 1967 o Partido Comunista celebrava o
quinquagésimo aniversário da Revolução Bolchevique. Contudo, com as memórias do
<i>Grande Outubro</i> desvanecendo-se no passado, os líderes soviéticos
concentraram-se no conflito mais recente objetivando gerar um apoio contínuo
para o regime. A importância política do passado para o presente foi claramente
mostrada durante a cerimônia de abertura do memorial. Em seu discurso, o
Secretário-Geral Leonid Brezhnev proclamou que o monumento gigantesco
representava o ressurgimento da URSS no pós-guerra. A estátua, observou ele,
era um símbolo "<i>do amor do povo infinito pela Pátria e a sua
solidariedade, inabalável, com o Partido Comunista</i>". A seu turno, a
imprensa não se furtou em comparar os operários que construíram o colosso com
os valentes soldados que haviam se empenhado em deter os invasores nazistas no
auge do conflito.</span></div>
</div>
<div style="font-family: Times,"Times New Roman",serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="font-family: Times,"Times New Roman",serif; text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgBrhG5IoKyXaz6LJmEV_BzNNZbHx-50Lt0rmChXCRRFsaN2eJN7ydqQASG2nR8GY4R2PQ_9KXHuUfVsDSEqFZN3e3BxT48rEjKZbNlWvjkL1vgw3edKfUBkp6RZTWrzNYRJuWyYId6lOuX/s1600/Motherland+callsposter.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgBrhG5IoKyXaz6LJmEV_BzNNZbHx-50Lt0rmChXCRRFsaN2eJN7ydqQASG2nR8GY4R2PQ_9KXHuUfVsDSEqFZN3e3BxT48rEjKZbNlWvjkL1vgw3edKfUBkp6RZTWrzNYRJuWyYId6lOuX/s400/Motherland+callsposter.jpg" width="246" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10pt;">When the Motherland Calls...</span></b></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times","serif"; font-size: 13pt; line-height: 115%;">Como a versão oficial da Grande Guerra Patriótica,
a história oficial da construção do monumento foi em grande parte um mito. Sua
conclusão foi marcada menos pelos êxitos típicos de uma verdadeira campanha
militar do que por uma sequência de erros e desencontros. Aprovado em 1958, o
memorial foi originalmente destinado a abrir em 1962, quando marcaria o
vigésimo aniversário da batalha que celebra. No entanto, devido à incompetência
burocrática, à escassez de materiais, e às restrições técnicas a conclusão do
projeto foi repetidamente adiada. O custo também atormentou os projetistas e
executores. Inicialmente orçado em 39,5 milhões de rublos, os valores
definitivos se aproximaram do dobro desse montante. A própria decisão de
conceber a estátua em concreto armado foi em si uma concessão dispendiosa para
o projeto que, naturalmente, fez crescer vertiginosamente os custos. Isso
porque, o projeto original previu a construção de uma estátua de mármore com a
metade das dimensões. No outono de 1961, com o trabalho previsto para começar
imediatamente, o então Primeiro-Secretário do Partido, Nikita Khrushchev,
decretou que a altura da estátua deveria ser elevada, pois ele a queria o mais
alto monumento da URSS, suficiente a bater em altura a Estátua da Liberdade
americana. Durante a guerra fria, de parte a parte, tudo era propaganda e,
portanto, desde então os americanos, quando se referiam à altura de sua Estátua
da Liberdade, passaram a considerar em suas medidas o pedestal em que esta fica
depositada.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div style="font-family: Times,"Times New Roman",serif; text-align: justify;">
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times","serif"; font-size: 13pt; line-height: 115%;">Em todo caso, apesar das circunstâncias caóticas
por trás de sua construção, os resultados finais do colosso são
impressionantes. O complexo e às memórias dos heróis da Grande Guerra
Patriótica são tão caros aos russos que, em 2008, uma pesquisa nacional
proclamou Motherland Calls uma das Sete Maravilhas da Rússia. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div style="font-family: Times,"Times New Roman",serif; text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi2fuX_sI7uRiNN7mEpH_xzkY-WyrKbDGXNeVuHCuk0hIUaPqX81y4EZb7xKRyLufqVvMF-qzmv1BYHnsrfOyfpJXouAWk1QC2Bx1H8wj-9Nuc1Uky_IO7C-_kVzlg6Eb9JAK3cMpnH4QNU/s1600/1667-big.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi2fuX_sI7uRiNN7mEpH_xzkY-WyrKbDGXNeVuHCuk0hIUaPqX81y4EZb7xKRyLufqVvMF-qzmv1BYHnsrfOyfpJXouAWk1QC2Bx1H8wj-9Nuc1Uky_IO7C-_kVzlg6Eb9JAK3cMpnH4QNU/s640/1667-big.jpg" width="444" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10pt;">A grande estátua se destaca de todos os pontos do memorial</span></b></td></tr>
</tbody></table>
<span style="font-size: large;"></span></div>
<div style="font-family: Times,"Times New Roman",serif; text-align: justify;">
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times","serif"; font-size: 13pt; line-height: 115%;">Embora a URSS tenha se desintegrado em 1991, tanto
o culto da guerra quanto aos seus monumentos permanecem intactos. Hoje, no
entanto, comemorações oficiais da Grande Guerra Patriótica tentam minimizar as
conexões com o passado soviético. Os dias gloriosos são naturalmente evocados,
mas sem qualquer menção à extinta União Soviética. O uso do termo
"Pátria" no lugar de referências à URSS destaca-se nos esforços
crescentes de autoridades russas para reivindicar a guerra como um triunfo da
Rússia. Essa retórica não é um fenômeno isolado. Antes, é parte de uma campanha
mais ampla para gerar apoio patriótico para o governo por meio de apelos a
Segunda Guerra Mundial.</span></div>
</div>
<br />CBhttp://www.blogger.com/profile/14574921363611189081noreply@blogger.comBrasília - DF, Brasil-15.7801482 -47.9291698-16.2691132 -48.5608838 -15.291183199999999 -47.297455799999994tag:blogger.com,1999:blog-7991305759433333228.post-64215168895137843492012-02-07T23:18:00.005-02:002012-03-30T21:20:02.000-02:00Ecos do Front<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhs41JmwAF2bftUt_h5O_dYg2oPCuZdd81Rxk6AroPrRo1KQRxp94jVV1Mi7dIiczOdAO-ZRA94FF5yhalsE2s0QcAfXHSR3ShtY4wHaxF0TM43_fK8AmAWVdmgOKCfSwJJ7NoqXwoho37G/s1600/ss_helmet1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhs41JmwAF2bftUt_h5O_dYg2oPCuZdd81Rxk6AroPrRo1KQRxp94jVV1Mi7dIiczOdAO-ZRA94FF5yhalsE2s0QcAfXHSR3ShtY4wHaxF0TM43_fK8AmAWVdmgOKCfSwJJ7NoqXwoho37G/s640/ss_helmet1.jpg" width="640" /></a></div>
<br />
<div style="font-family: times new roman; text-align: justify;">
<blockquote style="font-style: italic;">
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 5.0pt; margin-left: 4.0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 5.0pt; margin-left: 4.0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">E as pessoas não nos
compreenderão, pois, antes da nossa, cresceu uma geração que, sem dúvida,
passou estes anos aqui junto a nós, mas que já tinha um lar e uma profissão, e
que agora voltará para suas antigas colocações e esquecerá a guerra... e,
depois de nós, crescerá uma geração, semelhante à que fomos em outros tempos,
que nos será estranha e nos deixará de lado. Seremos inúteis para nós mesmos.
Envelheceremos, alguns se adaptarão, outros simplesmente resignar-se-ão e a
maioria ficará desorientada; os anos passarão e, por fim, pereceremos todos.
(Erich M. Remarque. Nada de Novo no Front. São Paulo. Abril: 1981, p. 230-231.)</span></i></div>
</blockquote>
<span style="font-size: 130%;"><br /></span>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 13pt;">Quem o vê
agora, esquecido de todos e de tudo à sua volta, corpo alquebrado pelo acúmulo
de dias, carcomido pelas escaras, não diria estar diante de um combatente.
Distinções de bravura foram muitas. O batismo de fogo foi na Itália, em Monte
Castelo, onde ele e seus camaradas, para o bem da humanidade e da democracia,
colocaram os chucrutes para correr. Muitos dos camaradas que o acompanharam
nessa jornada épica não voltaram para suas famílias e para seus negócios no
Brasil. Todos os que regressaram, porém, na medida do possível, tiveram cá suas
honrarias: um simples lenitivo, uma vez que o tributo de sangue não é o único
exigido dos heróis das grandes epopéias. Os mortos do campo de batalha e o
horror da guerra cobram o preço definitivo da lembrança, marca indelével que
distingue os que foram testemunha da demonstração cabal da intolerância. A
guerra não é senão a máxima expressão da maior de todas as misérias humanas.</span></div>
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 13pt; line-height: 115%;"><br />
Voltou outro do <i>front</i>, os seus logo notaram a mudança: o olhar perdido
sempre a fitar o vazio, a confusão do pensamento, os pesadelos que jamais o
deixaram em paz. Agora suas forças o abandonaram e nada representa, relegado
aos maus tratos de enfermeiras ineptas, financiadas com o minguado soldo que
ainda recebe. A doença grassou de pouco em pouco, como num cerco, conquistando
pequenas vantagens dias após dia, mas, enquanto pôde, ele ostentou uma
independência orgulhosa, posto que falsa. Antes do fim, viu-se que tudo não
passava de vã ilusão. Agora havia um primo distante que administrava o curto
estipêndio, não oferecia nenhum suporte emocional, mas pelo menos garantia que
um teto lhe cobriria a cabeça nos últimos dias que inexoravelmente se
aproximavam.</span><br />
<a name='more'></a><span style="font-size: 130%;"><br /></span><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhAJC7vT3wSzsUFkYKYeC1BlaiFuxx-iFtevGZf14XiBGDcVkLjy7z6nR0NNhcCs9vStvkfs6kp-W33dvambChpVVyVsyEvl_SLPTbEUCx0JFaIOKS5aFXpahrqFHPy_iaPfGMcA3mZWLY9/s1600/FEB-2.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhAJC7vT3wSzsUFkYKYeC1BlaiFuxx-iFtevGZf14XiBGDcVkLjy7z6nR0NNhcCs9vStvkfs6kp-W33dvambChpVVyVsyEvl_SLPTbEUCx0JFaIOKS5aFXpahrqFHPy_iaPfGMcA3mZWLY9/s320/FEB-2.jpg" width="265" /></a>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 13pt;">Não teve
filhos. O casamento durou poucos anos. A convivência marcada pela frustração
mútua e pelos surtos de violência doentia. O último capítulo ganhou várias
versões na crônica policial e ocupou o noticiário por anos a fio. Certa feita,
tendo ele chegado em casa inopinadamente, quando não era esperado, surpreendeu
os corpos de sua mulher e de um outro sujeitinho das redondezas entrelaçados,
rútilos de suor. Ele acrescentou sangue à mistura. Rios de sangue e de lágrimas
para lavar-lhe a honra conspurcada pela concupiscência da mulher. Antes que os
amantes esboçassem qualquer reação, sacou a velha <i>Luger P08</i>, um amuleto,
o butim que arrancou de um alemão que implorou para não morrer. Sua mulher o
encarou com firmeza mesmo sob a alça de mira da pistola alemã, legando-lhe, com
isso, mais uma imagem inolvidável ao rol pavoroso que trouxe de além-mar. Por
seu turno, o sujeitinho vil tentou se safar e morreu primeiro, abatido como o
reles animal que era, alvejado seguidas vezes até na arma não restasse um único
projétil. A seu turno, a mulher seguiu sem emitir qualquer ruído, sustentando o
olhar de desafio. Talvez por isso tenha sofrido mais que o amante. Demorou mais
a morrer: espancada, estrangulada, vilipendiada pela ira, um tônico diabólico a
serviço dos músculos do veterano. A cobra seguia fumando.<br />
<br />
Consumado o ato, deixou para trás a cena do crime e nunca mais voltou àquela
casa. Entregou-se à polícia ainda coberto de sangue, calado e com o mesmo olhar
vazio com que cruzou o Atlântico na volta da Itália. Parte da sociedade,
escandalizada, exigiu uma punição severa, única, exemplar. Permaneceu preso
durante a instrução criminal até o julgamento. O caso instantaneamente havia se
tornado emblemático: ora ele era descrito como o soldado que assassinou a
esposa e o amante de forma fria e cruel, ora como o veterano da Segunda Guerra
Mundial que agiu com retidão incensurável: o mesmo rigor, tanto na defesa da
pátria, quanto na legítima defesa de sua honra.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 13pt;"><br />
Seu advogado não foi nada menos que brilhante. Contudo, o processo apagou nele
os últimos vestígios que restavam de sua vontade de viver e as sessões, os
depoimentos, os procedimentos foram uma tortura. Havia feito um pacto consigo
mesmo pelo qual os eventos da Itália permaneceriam lá, enterrados para sempre.
Entretanto, foi obrigado a recordar o horror da ofensiva, o canhonaço dos
diabos e a marcha colina acima até conquistar as casamatas e varrer de lá os
malditos alemães. Na corte, a estratégia da defesa seria agressiva desde o
início e, logo cedo, ficou bastante claro que o valor dos impávidos combatentes
da Força Expedicionária Brasileira seria evocado para comover os jurados e
demover a opinião pública. E, com efeito, comoveu deveras. Naquela oportunidade,
o banco dos réus estava ocupado não por um assassino qualquer, mas por um bravo
que ajudou a chutar o traseiro de Hitler para fora do trono da Europa.
Respondendo à grave questão, trazida nas alegações finais pelo causídico, a
maioria dos jurados repercutiram um altissonante ‘não’. Afinal, prisão ao lado
de criminosos comuns não era a recompensa devida àquele bravo, veterano da
gloriosa campanha da Itália.<br />
<br />
Por 6 votos a 1 o veredicto soberano do grande júri se lhe restituiu a
liberdade, mas não a vida. A vida jamais teve de volta. Por maioria, a vontade
soberana do grande júri concedeu a absolvição, mas não o livrou da culpa. Com
isso foi lançado de volta à sociedade, a caminho de um ostracismo escolhido, um
solipsismo auto-imposto. A flagelação quase voluntária da lembrança contra a
involuntariedade própria dos pesadelos que se intensificaram: sonhava com o
front, com as bombas explodindo aos seus pés e as balas zunindo a centímetros
do capacete. Sonhava com as marchas forçadas e com o corpo lívido da esposa
banhado em sangue, mutilado por suas próprias mãos.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 13pt;"><br />
Viveu assim, se é que isso é viver, por muitos anos até que os alemães –
malditos sejam –, finalmente o pegaram: nada menos que a elite dos odiosos
chucrutes, uma divisão de assalto, furtiva silenciosa, poderosíssima. Muito
pior do que mil <i>panzers</i> de Rommel, mais devastador que todos os <i>stukas</i>
de Göring. A tropa disciplinada, bem treinada. Os melhores, comandados por ele
em pessoa, o impiedoso, o cruel General Alzheimer.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 13pt;"><br />
No final, só o que restou foi o corpo murcho, abandonado pelo espírito e a
mente vazia. O olhar cavo do pós-guerra deu lugar ao não-olhar, pupilas que
nada fitam, apagadas a refletir apenas a morte anunciada. O esquecimento de si
mesmo. Aos poucos deixou de falar, antes do fim já não reconhecia mais quem
quer que fosse. Alzheimer, inclemente, devastador. O ocaso silencioso, o
abandono absoluto, o esquecimento da própria condição humana. No
mal derradeiro</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 13pt;">, porém, n</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 13pt;">o aniquilamento, na atrocidade do olvido, finalmente, o velho soldado encontrou
a cura.</span></div>
</div>CBhttp://www.blogger.com/profile/14574921363611189081noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7991305759433333228.post-30308869191419419922012-01-13T22:52:00.001-02:002012-01-13T23:58:57.916-02:00A Guarda Morre...<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiCTyUpQALH0cSd2gPbdxSwYvU7qW9_MI_Ja2UX8LWJKxWMYN_YRb83qoYl7L2UhxzwO-Ge9Nmz5eqDHb_x4UnKc8z5uQjFMFZHoyqP7OQ1cucVirr_wjGO97bv6Ae7GM39azuRMzym1zsa/s1600/Cambronne_-_buste.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiCTyUpQALH0cSd2gPbdxSwYvU7qW9_MI_Ja2UX8LWJKxWMYN_YRb83qoYl7L2UhxzwO-Ge9Nmz5eqDHb_x4UnKc8z5uQjFMFZHoyqP7OQ1cucVirr_wjGO97bv6Ae7GM39azuRMzym1zsa/s640/Cambronne_-_buste.jpg" width="640" /></a></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 20pt; font-variant: small-caps; line-height: 150%;">mas não se rende</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 8.0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 8.0cm; text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 11.5pt;">Era
Precisamente 1h30min.</span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 8.0cm; text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 11.5pt;">De repente,
numa extensão de mais de quarto de légua, pareceu a terra entreabrir-se e
vomitar o inferno. Grande frêmito inclino o centeio, fez tremer o solo e todos
os seres vivos sentiram na medula a palpitação que produz o estrondo do raio.
Foi o fragor percebido a cinquenta léguas de distância.</span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 8.0cm; text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 11.5pt;">A um sinal do
Príncipe de Moskova [Ney], começou a grande bateria a castigar a posição
inglesa.</span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 8.0cm; text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 11.5pt;">Marcel
Dupont.</span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">O livro de Marcel Dupont é um
belíssimo relato de uma das mais famosas batalhas de todos os tempos, que se lê
como um romance, mas, sem a menor dúvida, trata-se de um livro para iniciados.
Estão, pois, sujeitos a ficarem relativamente perdidos em meios aos muitos
nomes de pessoas e lugares que o autor declina a todo momento, aqueles leitores
que, porventura, ignorem o panorama histórico do período conhecido como <i>Os
Cem Dias</i> – lapso temporal que compreende os eventos desde a volta triunfal
de Napoleão da Ilha de Elba, passando pela fuga de Luis XVIII, a nova aclamação
do Imperador, o advento da novel coalizão, a decisão de Napoleão de fazer
o primeiro movimento de ataque na guerra inexorável, até a segunda abdicação,
ocorrida após a vitória dos aliados em Waterloo.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;"><br />
Assim, para uma compreensão completa da narrativa, é recomendável, sobretudo,
que o leitor esteja a par dos eventos ocorridos nos dias anteriores à Batalha
de Waterloo, pois o autor se abstém em pormenorizar as duas importantíssimas
batalhas havidas na véspera da grande hecatombe do Monte Saint-Jean: as
Batalhas de <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Ligny</b> e <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Quatre-Brás</b>, que tiveram seriíssima repercussão
em tudo o que fatalmente ocorreu no dia seguinte nas proximidades do lugarejo
cujo nome até então era obscuro, mas que, após o ocorrido, ganhou eterna
notoriedade, Waterloo. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiGXa45MdwjjUgfeWdK7VZp3MdyO9Fdi2Q_-ZQNhaPQyZulBLA91DopNZz9XSHmY3-I1xZckJTv9yadCMl5FsLNG3BOQQp5xfZ8Ppqmc-hahTyg0oHroK8PnqFKpRHZZfrzZZHWS35gjuvh/s1600/capa+AGM.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><br /></a><span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;"></span></div>
<a name='more'></a><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjbEJSHjsC_GtB1tVgvjWLCDEd6M05Nr4E_K-X0O8DBgLEXi4iQZr0VrdZFFAOTFkJdpX2f9dVXtdbnn9vxIXDUwXCVPx771CndQ3V8iDTakECyrBx1gS_ODSRgtthlmfa_96jF7BwELkD7/s1600/capa+AGM.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjbEJSHjsC_GtB1tVgvjWLCDEd6M05Nr4E_K-X0O8DBgLEXi4iQZr0VrdZFFAOTFkJdpX2f9dVXtdbnn9vxIXDUwXCVPx771CndQ3V8iDTakECyrBx1gS_ODSRgtthlmfa_96jF7BwELkD7/s320/capa+AGM.jpg" width="216" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">Portanto, uma vez que o autor parte
do pressuposto que os referidos eventos são do conhecimento geral de seu
público, cita-os sem nenhuma preocupação pedagógica, de maneira que o leitor
que os desconhece é pego de surpresa e, a não ser que muito persevere, pode
terminar, se cansando da leitura e, com isso, deixar de acompanhar um relato
romântico e primoroso da Batalha de Waterloo. Porém, se você se interessou pelo
livro e se enquadra no gênero de leitores acima aludido, não há razão para
imaginar que precisa antes de tudo se especializar em guerras napoleônicas para
que <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i>A Guarda Morre...</i></b><i> </i>seja inteligível. Hoje em dia,
felizmente, há diversas possibilidades de pesquisa acerca de qualquer tema na
internet e um leitor minimamente curioso não encontraria dificuldades em apreender
os pressupostos necessários ao bom entendimento da obra de Dupont em pouco
tempo. Por meu turno, para antes e depois da leitura, ouso indicar o site
brasileiro <a href="http://www.batalhadewaterloo.com.br/batalha_home.htm"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">A Batalha de Waterloo</b></a>,
que promove uma análise gráfica da batalha do dia 18 de junho de 1815, com
informações minuciosas e precisas. Outra forma de se preparar e ainda gozar de aprazível
entretenimento é assistir ao filme de 1970, do diretor Sergey Bondarchuk,
Waterloo.</span><br />
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiCO1Bl2QBXpb-dKAs06RsAUsl5hSd84xOPTI-7Kp5mv-_g_ZRgHS5NybUDEycZZD1EqVavDBuA2IbsUnqSuTcx2VGN8qyFdxeeY7ILbcyNG8AsfZsU8AYqtjCrNibpeDgSzTtJ4Ja6nRWt/s1600/Butler_Lady_Quatre_Bras_1815.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="281" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiCO1Bl2QBXpb-dKAs06RsAUsl5hSd84xOPTI-7Kp5mv-_g_ZRgHS5NybUDEycZZD1EqVavDBuA2IbsUnqSuTcx2VGN8qyFdxeeY7ILbcyNG8AsfZsU8AYqtjCrNibpeDgSzTtJ4Ja6nRWt/s640/Butler_Lady_Quatre_Bras_1815.jpg" width="640" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;"><b>Elizabeth Thompson (1875): o 28h Regiment formando um quadrado em Quatre-Brás</b></span></td></tr>
</tbody></table>
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;"><br />
Tornando, porém, a tratar do livro em comento, conforme o próprio título faz
questão de lembrar <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i>A Guarda Morre...</i></b><i>
</i>foi pensado para homenagear os feitos heróicos da <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Guarda Imperial</b>. A Guarda representava então a expressão máxima da
disciplina militar e da bravura, a fina flor da soldadesca francesa. Os
valorosos soldados que a compunham eram não menos que a elite em meio à elite<i>,
</i><i style="mso-bidi-font-style: normal;">crème de la crème.</i> Napoleão mimava seus <i>Velhos
Resmungões</i> e eles lhe devotavam uma fidelidade canina. A Guarda Imperial
gozava de grande reputação à época dos acontecimentos descritos no livro e
Dupont descreve como esses soldados de escol mantiveram a sua fama mesmo diante
da derrocada na fatídica tarde lamacenta, em meio aos milhares de mortos
franceses que se bateram contra o restante da Europa em Waterloo.</span><br />
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLunLiSuhdINH-ScuH5EtSGqBEoRIYXei_akkVi47kVWcjNwiD79Fhs4RKfGa5zsgfRLqxRp1Aja3lsRjFD8Wst0FQUF_w0LQ5wHW7kpaRWoiSjyv-d4xcMfJljDqpwYlc_C0YD0_86Vrv/s1600/shef_msh_vis_1615_large.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="354" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLunLiSuhdINH-ScuH5EtSGqBEoRIYXei_akkVi47kVWcjNwiD79Fhs4RKfGa5zsgfRLqxRp1Aja3lsRjFD8Wst0FQUF_w0LQ5wHW7kpaRWoiSjyv-d4xcMfJljDqpwYlc_C0YD0_86Vrv/s640/shef_msh_vis_1615_large.jpg" width="640" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;"> <b>Manhã da batalha de Waterloo, por Ernest Crofts: Napoleão analisa um mapa ao fundo</b></span></td></tr>
</tbody></table>
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;"><br />
Trata-se, naturalmente, de uma visão romântica que enaltece a coragem desses
guerreiros, que por seu turno demonstraram total desapego diante da morte e do
aniquilamento. Homens movidos por um ideal, pelo dever de bem servir e,
sobretudo, pela devoção ao seu Imperador, ninguém menos que o Vencedor de
Rivoli, Marengo, Pirâmides, Arcole, Austerlitz, Wagram, Eylau dentre outras
batalhas que se tornaram páginas indeléveis nas páginas da historiografia
militar. Em Waterloo, após o golpe final dos aliados, quando Wellington e
Blücher encontraram-se para as recíprocas felicitações ante o resultado exitoso
obtido (momento, aliás, em que Blücher sugeriu que dessem o nome de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Batalha de la Belle-Aliance</i> – nome duplamente
apropriado em seu entender, por ser a designação de umas das herdades do local
e ainda teria a vantagem de ressaltar a importância da participação prussiana
no resultado final –, porém o velho prussiano não contava com a astúcia de
Wellington que aquela altura já havia despachado um comunicado a Londres, em
que dava conta que havia batido Napoleão em Waterloo, nome soava melhor em
língua inglesa e ainda não possuía o inconveniente da francofonia), em meio ao
caos generalizado e a debandada geral do exército francês, apenas a Guarda
retirou-se de forma disciplinada e protegeu a retirada do Imperador nos últimos
quadrados. A Guarda provou que morreria, mas não perderia sua honra. A Guarda,
pois, morre, mas não se rende.</span><br />
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiDLkcNOzM_8Zwuq4SWoAK2xh9zKMh3ucVi506Uls1p_rW-SiMyUImycrNkVufLFr8HSHuKA8gOMgvjwzr7pPlFuJg7hUjj-1NLDUSjHZKRpheuJ7EHR9wHYt3XLe4lbUO-yBuLPpTlwDZ4/s1600/LargeNapoleonbyCroft.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiDLkcNOzM_8Zwuq4SWoAK2xh9zKMh3ucVi506Uls1p_rW-SiMyUImycrNkVufLFr8HSHuKA8gOMgvjwzr7pPlFuJg7hUjj-1NLDUSjHZKRpheuJ7EHR9wHYt3XLe4lbUO-yBuLPpTlwDZ4/s640/LargeNapoleonbyCroft.jpg" width="472" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;"><b>Napoleão I, por </b></span><span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;"><b>Ernest Crofts</b></span></td></tr>
</tbody></table>
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;"><br />
Dupont procura não ressaltar participações individuais, preferindo atribuir o
feito de bravura invulgar a toda a Guarda, desde soldados aos oficiais que
cumpriram seu dever com lealdade e coragem incomparável em Waterloo. Porém, ninguém
mais do que o general <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Pierre Cambrone</b>,
personifica mais o ideal de bravura da Guarda. Conforme relatado no livro, um
dois últimos quadrados, que mantinha a disciplina sob castigo implacável, após
perder vários homens, foi cercado pelo inimigo que, demonstrando todo o
respeito que os valentes Peles de Urso inspiravam, franqueou aos combatentes a
possibilidade de se entregarem, mantendo intacta sua honra, uma vez que já
tinham dado seguidas demonstrações de singular bravura no caos que se observou
ao final do conflito. Contudo, do centro do alquebrado quadrado da Guarda
ouviu-se, pronunciado por Cambrone, uma simples palavra: <i>Merde!</i>, a
seguir a metralha jorrou dos canhões ingleses aniquilando aqueles heróicos
soldados, que mesmo encontrando a morte, mostraram que faziam jus ao epíteto de
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Imortais</b>.</span><br />
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhMZX_y_IRAW8A6kvnFiWhHqyQ4V7HpGWpEF9bYG2mqOzLi2g_v8Jm2sbQmnNQAVzMpb5okTn08sLdR24SunWcYUq_9_ybkuuXm7s1rhHmR2zKj7J_BQI2oHyiQZHTXqxAhU7nw2cd8gYzy/s1600/Sipaio.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhMZX_y_IRAW8A6kvnFiWhHqyQ4V7HpGWpEF9bYG2mqOzLi2g_v8Jm2sbQmnNQAVzMpb5okTn08sLdR24SunWcYUq_9_ybkuuXm7s1rhHmR2zKj7J_BQI2oHyiQZHTXqxAhU7nw2cd8gYzy/s640/Sipaio.jpg" width="468" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">O Duque de Wellington, por Thomas Lawrence</b></span></td></tr>
</tbody></table>
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;"><br />
Em alguns momentos o autor não se furta de utilizar um tom queixoso, como a
lamentar os inúmeros erros cometidos pelos oficiais que deveriam ter ajudado
Napoleão, mas que concorreram em grande escala para a sua derrota: Ney – a quem
Napoleão chamava o Bravo dos Bravos e que teve cinco cavalos mortos durante a
batalha –, e os ineptos Grouchy e D'Elron.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;"><br />
No geral, o autor não se furtou em descrever com tintas rubras de sangue o
morticínio de Waterloo. Estima-se que, no total, entre franceses e aliados, tenham
tombado 55 mil homens no campo de batalha, uma verdadeira hecatombe. Conforme
deixa claro a frase colhida e transcrita acima à guisa de epígrafe, Dupont
descreve com chocante precisão muitas dessas mortes, corpos mutilados e
estraçalhados por bala de canhão e estilhaços de metralha, homens trespassados
por baionetas e talhados por sabres, mortes atrozes produzidas seja pelo faiscar
de milhares de fuzis, seja pelo crepitar de incontáveis mosquetes. Contudo, em
que pese a atmosfera carregada da grande carnificina, Dupont exprime-se em um
estilo fluído e elegante, convidando e estimulando o leitor a devorar as páginas
de seu registro histórico que, a rigor, repise-se, se lê como a um romance. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXYSWJ7_gAR528kz0UsdSGk4HIsWOsoIsLSCKPuI6zWnNLf4y_6qsEuSQQfXHbRYLS6HOCGBxyu2zT9MS1xZKaV4TBtyyZlm1L57Vj3sRR2GoE-e6Spb2dkCMlCMCh_Y39HjLmu_AC8-Os/s1600/Cambronne+-+est%25C3%25A1tua+em+Nantes3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXYSWJ7_gAR528kz0UsdSGk4HIsWOsoIsLSCKPuI6zWnNLf4y_6qsEuSQQfXHbRYLS6HOCGBxyu2zT9MS1xZKaV4TBtyyZlm1L57Vj3sRR2GoE-e6Spb2dkCMlCMCh_Y39HjLmu_AC8-Os/s1600/Cambronne+-+est%25C3%25A1tua+em+Nantes3.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Estátua de Cambronne em Nantes, França</b></span></td></tr>
</tbody></table>
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;">Por fim cabe registrar que <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">A
Guarda Morre...</i></b> possui duas edições brasileiras, a primeira de 1941, à
venda em muitos sebos (inclusive <a href="http://www.estantevirtual.com.br/"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">aqui</b></a>)
e a mais recente, da Editora Biblioteca do Exército, de 2004 (tradução de
Otávio Muger de Rezende), cuja capa reproduz um belíssimo óleo sobre tela de
Ernest Crofts retratando a retirada francesa do campo de batalha de Waterloo.</span></div>
<span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;"></span><span style="font-size: 13pt; line-height: 150%;"></span>CBhttp://www.blogger.com/profile/14574921363611189081noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7991305759433333228.post-34689489915365002502012-01-03T23:05:00.003-02:002012-01-07T17:35:54.168-02:00O Forte, de Bernard Cornwell<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi1cAvqfFaI6kzwsEfnr-SqLC2wiw6FM6AYAQT_DjMZ6aqPKOWkvMuAfUgrRqBHhf__Qq_GepeVtls768IJb8Bjd_1MXDlEQtkOgVBAK7UgddNuhgWTbfaPAhoilC4ust_lZ0-qt8x4tGim/s1600/The+Fort.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi1cAvqfFaI6kzwsEfnr-SqLC2wiw6FM6AYAQT_DjMZ6aqPKOWkvMuAfUgrRqBHhf__Qq_GepeVtls768IJb8Bjd_1MXDlEQtkOgVBAK7UgddNuhgWTbfaPAhoilC4ust_lZ0-qt8x4tGim/s640/The+Fort.JPG" border="0" height="344" width="640" /></a></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;" align="center"><br /></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;" align="center"><span style="font-size:large;"><b>Novas de Majabigwaduce</b></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;" align="center"><br /></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 252.0pt; text-align: justify;"><i>A História é uma musa caprichosa e a fama é sua filha injusta.</i></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 252.0pt; text-align: justify;"><i>Bernard Cornwell</i></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><br /></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">Acabo de regressar de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Castine </i>que fica dentro do Condado de<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> Hancock</i> no glorioso estado do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Maine</i>, por sua vez localizado na região da Nova Inglaterra, no extremo nordeste dos Estados Unidos. O passeio foi curto, mas muito interessante: notei que um desavisado qualquer, subindo pela <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Wadsworth Cove Road</i>, a partir da Angra de Wadsworth <i style="mso-bidi-font-style: normal;">(Wadsworth Cove)</i>,poderia ignorar que ao passar pelas duas curvas fechadas, primeiro à esquerda,depois à direita, na verdade estaria contornando a face oeste do <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Forte George</b> e, assim, se aproximando mais da fortificação do que os rebeldes jamais puderam fazer em 1799.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><br /></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">Seguindo pela <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Wadsworth Cove Road</i>, deixando para trás o forte que há mais de 200 anos foi extraído da terra daquelas plagas pelo valoroso General McLean e batizado em homenagem a um monarca louco, virei à direita passando rapidamente pela perpendicular <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Battle Av.</i> e novamente à esquerda para desembocar na <i>Pleasant Street </i>e seguir em direção à <i style="mso-bidi-font-style: normal;">CastineHarbor </i>singrando um dos orgulhos da região, a <b><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">Maine Maritime Academy</span></i>. </b><b><span style="font-weight: normal;">À direita deparei-me com o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ritchie Field</i>, o campo de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">football</i> da academia e lembrei-me que, hoje em dia, olhando-se a região de cima, é muito mais fácil e natural localizar esse campo do que o velho forte, que só aparece após um meticuloso esquadrinhamento.</span></b></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><br /></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">Por apego à precisão é preciso confessar que sequer levantei da cadeira. Hoje em dia serviços do <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color:blue;">G</span><span style="color:red;">o</span><span style="color:yellow;">o</span><span style="color:blue;">g</span><span style="color:lime;">l</span><span style="color:grey;"><span style="color:red;">e</span></span></b> como o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Street View</i>, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Maps</i> e o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Earth</i> possibilitam a qualquer um com acesso à internet semelhante experiência, que não deixa de ser assombrosa e fascinante. Contudo, este escrito é para relatar outra viagem: a real, a aventura na Baia de Penobscot, quando <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Castine</i> ainda era conhecida pelo singelo nome de Majabigwaduce (Bagaduce, para os íntimos), quando ainda não havia o estado do Maine e toda aquela região pertencia a Massachusetts. Essa viagem foi-me proporcionada lendo as quase quinhentas páginas na edição brasileira de <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Forte</i></b>, de Bernard Cornwell. Sim, foi sem dúvida a aventura literária que inspirou a aludida exploração virtual daquelas paragens da Nova Inglaterra e muitas outras pesquisas.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><br /></div><a name='more'></a><br /><table class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;" cellpadding="0" cellspacing="0"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhCRBJ1cZpynislOEAXfbv9pzl9O7QoojOVPQZrk-ISsYc23YIyN9jwtLcJLnnGanZovkhyphenhyphensjcsJiPv9ZWRnepV1lA9WGWnu44EVY-JllbJaAS2MvB-nznAhPU9euFSpsu8rpKw6KPTLfdz/s1600/Capas.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhCRBJ1cZpynislOEAXfbv9pzl9O7QoojOVPQZrk-ISsYc23YIyN9jwtLcJLnnGanZovkhyphenhyphensjcsJiPv9ZWRnepV1lA9WGWnu44EVY-JllbJaAS2MvB-nznAhPU9euFSpsu8rpKw6KPTLfdz/s400/Capas.JPG" border="0" height="200" width="400" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size:small;"><b>Capas de edições americanas e a inglesa ao centro</b></span></td></tr></tbody></table><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">Em 1799, quando se passa o romance de Cornwell, os malditos ingleses se instalaram na península de Majabigwaduce e os malditos rebeldes americanos reuniram a maior frota naval da Revolução Americana para chutar os traseiros reais dos casacas vermelhas do território americano. O resultado foi desastroso para os <i style="mso-bidi-font-style: normal;">yankees </i>e figurou como o maior fracasso da Marinha estadunidense até os japoneses proporcionarem um ainda maior, em Pearl Harbor, em dezembro de 1941. Em uma entrevista concedida nos Estados Unidos, objetivando a promoção do livro, o próprio Cornwell não escondeu nada e, portanto, considerei bastante curioso o fato da sinopse que acompanha a edição brasileira tentar fazer um suspense sobre o desfecho da Expedição de Penobscot (<i style="mso-bidi-font-style: normal;">The Expedition to the Penobscot</i>). Ora, trata-se de um livro de Cornwell e não de um filme de Tarantino. Lembro bem de ter vibrado em <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Bastardos Inglorius</i>, quando Tarantino, em sua pequena vingança, fez o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Füher </i>morrer metralhado em um teatro francês, mas quando se trata de Bernard Cornwell o que você pode esperar é um grande apego aos fatos e registros tais como constam nas páginas da historiografia.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRCt-nJsXzF8KxdWw0JJgdEEbeGrQgpPBbKY7JGDqRHbIlh-nIOWezEWseclku2hsfriciYH45LY1xHARwFfSwPa3M2nP5yAYutdSebSWvpj9wxNOy3qV19B6A2vd61EiYoJWQPgfcyVBw/s1600/fortebr1.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRCt-nJsXzF8KxdWw0JJgdEEbeGrQgpPBbKY7JGDqRHbIlh-nIOWezEWseclku2hsfriciYH45LY1xHARwFfSwPa3M2nP5yAYutdSebSWvpj9wxNOy3qV19B6A2vd61EiYoJWQPgfcyVBw/s200/fortebr1.jpg" border="0" height="200" width="138" /></a></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">É de se ver que <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Forte</i></b> possui grandes personagens. Pelo lado americano, merecem destaque Peleg Wadsworth, Paul Revere e o valoroso <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Major Welch of the marines</i>. Por outro lado, os casacas vermelhas bem se fazem representar por John Moore e pelo general escocês Francis McLean. Um fato interessante é que Cornwell, diplomático, transita pelos dois lados da história, o americano e o inglês, sem eleger mocinhos e bandidos. Essa ausência de partidarismo do autor, um inglês que vive os EUA, acrescenta credibilidade à obra, sem despertar ou acirrar velhas rivalidades. Fato raro nos livros de Cornwell, useiro e vezeiro em narrar suas histórias do ponto de vista inglês, sem esconder seus ressentimentos contra os franceses (os sapos, os bastardos comedores de lesma), por exemplo. Em <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Forte</i></b>, são os desgraçados dos americanos lutando contra os malditos ingleses e, enquanto o foco é transferido de um grupo ao outro, durante a leitura, me surpreendi aderindo à causa da liberdade dos rebeldes, contra os malditos súditos do rei lunático da pérfida <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Albion</i>, mas Cornwell manteve-se equânime. Estimo que alguém que não conhecesse Cornwell, poderia supor que ele é um autor suíço, tamanha é a sua neutralidade.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><br /></div><table class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;" align="center" cellpadding="0" cellspacing="0"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjX8UfmcNKt_hTfKHQGNNA6NplJuagIm08oAlqNHYKU91_P2ArEYY80o2FAxV39zpJla8CQ_vSX4tG3gXNgg2_L_mlWosSdZGEzdZWv69-H5sOu8gGa_V_ALelCoNJnRiR6sT3SyaX2UmAJ/s1600/King_George_III_of_England_by_Johann_Zoffany.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjX8UfmcNKt_hTfKHQGNNA6NplJuagIm08oAlqNHYKU91_P2ArEYY80o2FAxV39zpJla8CQ_vSX4tG3gXNgg2_L_mlWosSdZGEzdZWv69-H5sOu8gGa_V_ALelCoNJnRiR6sT3SyaX2UmAJ/s400/King_George_III_of_England_by_Johann_Zoffany.jpg" border="0" height="400" width="326" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size:small;"><b>George III, o chefe de todos os casacas vermelhas</b></span></td></tr></tbody></table><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">Um dos grandes desafios de Cornwell ao pisar nesse reduto intocável da História da Revolução Americana, “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">sacred territory</i>”<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> </i>em suas próprias palavras, foi trazer à tona uma história que os americanos fizeram questão de esquecer. Afinal, porque perderiam tempo falando do insucesso da Expedição de Penobscot quando havia tanto a se falar sobre Bunker Hill e Saragota, por exemplo? Ainda assim, Cornwell narrou a tragédia e fez questão de revelar um comportamento humano, demasiado humano, de um dos maiores heróis patriotas, Paul Revere.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><br /></div><table class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;" cellpadding="0" cellspacing="0"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhO0p-aDKQ2mWAGHaauiEDYaeMBFAIhHqVPs1hcW8vL_KfxIIDALzzbn9JaM1aScxhYJxysXCiPUNadKbNPV-rkIM3xhri1-FAENn8bb6QeZm3euFsSeycWGnqHNN2Y0VuonlPwXza8nXe7/s1600/PR.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhO0p-aDKQ2mWAGHaauiEDYaeMBFAIhHqVPs1hcW8vL_KfxIIDALzzbn9JaM1aScxhYJxysXCiPUNadKbNPV-rkIM3xhri1-FAENn8bb6QeZm3euFsSeycWGnqHNN2Y0VuonlPwXza8nXe7/s400/PR.jpg" border="0" height="400" width="325" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size:small;"><b>Paul Revere</b></span></td></tr></tbody></table><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">Pelo visto, Revere não deve sua fama e sua belíssima estátua equestre em Boston ao seu desempenho em Majabigwaduce em 1799. Por uma grande ironia do destino o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">status</i> de Revere se deve ao neto de um dos homens que, talvez, mais tivesse motivos para censurá-lo, o general Peleg Wadsworth.O seu neto, Henry Wadsworth Longfellow, guindou Revere ao olimpo dos grandes heróis patriotas ao dar à luz o célebre poema <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Paul Revere’s Ride,<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"> </b></i>cujos primeiros versos soam assim:</div><div class="Default" style="line-height: 150%;"><br /></div><div class="Pa32" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 72.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="Times New Roman";font-family:";" lang="EN-US">Listen, my children, and you shall hear Of the midnight ride of Paul Revere, On the eighteenth of April in Seventy-five; Hardly a man is now alive Whore members that famous day and year.</span></i></div><div class="Default" style="line-height: 150%; margin-left: 72.0pt;"><br /></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 72.0pt; text-align: justify;">Prestem atenção, meus filhos, e vocês ouvirão contar sobre a cavalgada à meia-noite de Paul Revere, no dia dezoito de abril de mil setecentos e setenta e cinco. Dificilmente existe alguém, ainda vivo, que se lembre deste famoso dia e ano.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><br /></div><table class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;" cellpadding="0" cellspacing="0"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgmiBoPQYebGCe0gj6HLXV-SiggEFYY6ONnO6LbIbPHW9bdjl5GG-CyxuItZ6eV4spQ4SOmLrIeq982g4QHoPZmgJwdRzcFDNENkhtMJEs21tD3dnjWAeaL0wpA89KG_412U4Dqrm6RSKSw/s1600/gl_gm_1029_large.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgmiBoPQYebGCe0gj6HLXV-SiggEFYY6ONnO6LbIbPHW9bdjl5GG-CyxuItZ6eV4spQ4SOmLrIeq982g4QHoPZmgJwdRzcFDNENkhtMJEs21tD3dnjWAeaL0wpA89KG_412U4Dqrm6RSKSw/s320/gl_gm_1029_large.jpg" border="0" height="320" width="265" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size:small;"><b>Sir John Moore</b></span></td></tr></tbody></table><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">Naturalmente, não é de hoje que os grandes escritores insculpem indelevelmente os ídolos no imaginário popular. Afinal, o que seria de Aquiles sem Homero? De Alexandre sem Calístenes, de Napoleão sem Victor Hugo, sem Byron, sem Tolstói? Em todo caso a narrativa de Cornwell desconstrói a lenda forjada por Longfellow até mesmo em relação à cavalgada noturna do herói, de Boston a Lexington, pois não deixa de relatar que Revere sequer levou a cabo sua aventura revolucionária, por certo que foi capturado pelos ingleses e logo depois liberado incólume, conquanto destituído de seu cavalo. Na seção de respostas aos leitores de seu <i style="mso-bidi-font-style: normal;">site</i> oficial, com a diligência e a simpatia de estilo, ao ser questionado sobre o novo perfil de Paul Revere, que pintou em <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Forte</i></b>, Bernard Cornwell afirmou que tudo que foi dito sobre o patriota no livro tem pelo menos duas fontes. Ele sintetiza: </div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><br /></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 72.0pt; text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span lang="EN-US">He was a fervent patriot, a great metal-worker, a successful businessman, a loving father, but he was also quarrelsome, resentful of orders,and definitely not cut out for a soldier's life!</span></i></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><br /></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span lang="EN-US">Em tradução livre:</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><br /></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 72.0pt; text-align: justify;"><span class="hps"><span lang="PT">Ele</span></span><span class="longtext"><span lang="PT"> </span></span><span class="hps"><span lang="PT">era um patriota</span></span><span class="longtext"><span lang="PT"> </span></span><span class="hps"><span lang="PT">fervoroso</span></span><span class="longtext"><span lang="PT">, um grande </span></span><span class="hps"><span lang="PT">metalúrgico</span></span><span class="longtext"><span lang="PT">, </span></span><span class="hps"><span lang="PT">um empresário de sucesso</span></span><span class="longtext"><span lang="PT">, </span></span><span class="hps"><span lang="PT">um pai amoroso,</span></span><span class="longtext"><span lang="PT"> </span></span><span class="hps"><span lang="PT">mas também era</span></span><span class="longtext"><span lang="PT"> </span></span><span class="hps"><span lang="PT">brigão</span></span><span class="longtext"><span lang="PT">, se ressentia das ordens recebidas</span></span><span class="hps"><span lang="PT">,</span></span><span class="longtext"><span lang="PT"> </span></span><span class="hps"><span lang="PT">e definitivamente não foi</span></span><span class="longtext"><span lang="PT"> </span></span><span class="hps"><span lang="PT">talhado para</span></span><span class="longtext"><span lang="PT"> </span></span><span class="hps"><span lang="PT">a vida</span></span><span class="longtext"><span lang="PT"> </span></span><span class="hps"><span lang="PT">de um soldado</span></span><span class="longtext"><span lang="PT">!</span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><br /></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">É possível, inclusive, encontrar-se uma ligação entre todos esses eventos e o Brasil, tênue, é verdade, mas fruto da pesquisa e do interesse que o livro despertou: Longfellow, o neto do general Peleg Wadsworth, autor da ode aos feitos de Paul Revere, era um dileto amigo de D. Pedro II, cognominado <i>o Magnânimo</i>, conforme atestado pelo Volume 4, Número 2 da <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Longfellow House Bulletin</i> que relata a longa correspondência trocada entre o Imperador da Casa de Bragança e o Poeta no século XIX.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><br /></div><table class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;" align="center" cellpadding="0" cellspacing="0"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhTPyhDylBQuOJM0NCqs1BbtvevmkzSKEGOILyJMl17am9ar7K31gCLRM_4SB7VF2HIV8IpHXr3IwTn9xDYL_IUWG-SdzN6uzN-v0Bue0RtTX5NgY0WtKyWXQQrIUGqYb_W1XtZ4AORJr05/s1600/Mapa+da+Expedi%25C3%25A7%25C3%25A3o+full.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhTPyhDylBQuOJM0NCqs1BbtvevmkzSKEGOILyJMl17am9ar7K31gCLRM_4SB7VF2HIV8IpHXr3IwTn9xDYL_IUWG-SdzN6uzN-v0Bue0RtTX5NgY0WtKyWXQQrIUGqYb_W1XtZ4AORJr05/s640/Mapa+da+Expedi%25C3%25A7%25C3%25A3o+full.JPG" border="0" height="512" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size:small;"><b>Mapa extraído de uma edição americana de <i>O Forte</i></b></span></td></tr></tbody></table><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">Nada obstante, Cornwell especializou-se em fazer poesia de outra maneira: sua métrica é rasgada no papel em tintas rubras de sangue. Em <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Forte</i></b> as descrições das refregas e escaramuças são intensas e dramáticas. Tanto que quando cheguei à tradicional Nota Histórica e soube do número estimado de baixas do evento, considerei que foram muito poucas, dado as descrições sangrentas e vívidas do livro. Os canhonaços, salvas de metralha, saraivadas de mosquetes e as baionetas sangrentas pintadas por Cornwell fizera-me imaginar um número muito maior de mortes de ambos os lados.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><br /></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">Por fim, devo consignar que me foi impossível não pensar em Sharpe. Naquele mesmo ano, 1799, como cediço, o recruta Richard Sharpe estava servindo na Índia, cerrando fileiras sob o comando de Arthur Welesley na expedição encetada para derrubar o Sultão Tipu. Conforme se vê em <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Forte</i></b>, outro grande guerreiro também iniciava sua carreira em 1799, o então jovem tenente John Moore quea cabou por se tornar um grande personagem na versão romanceada de Bernard Cornwell. Imagino que Sharpe teria gostado muito de conhecer Moore, um oficial capaz de disparar um mosquete cinco vezes em menos de um minuto, mas a verdade é que Moore morreu na Batalha de Corunha em janeiro de 1809, na mesma época em que o então tenente Richard Sharpe, liderando um destacamento de fuzileiros, foi separado com seus homens do exército britânico e, cercado pelos franceses, foi obrigado a fugir e aceitar a ajuda do oficial da cavalaria espanhola, major Blas Vivar. Com isso Sharpe e Morre jamais se encontraram, o que considero uma grande pena. Mesmo assim, o ar respirado em <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Forte</i></b> é o mesmo dos livros de Sharpe, a mesma fumaça, o mesmo cheiro de ovo podre da pólvora que dispara muitos mosquetes e mesmo cantarolar das antigas canções da soldadesca: </div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><br /></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 72.0pt; text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span lang="EN-US">Here's adieu to all judges and juries! </span></i></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 72.0pt; text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span lang="EN-US">Justice and Old Bailey, too; </span></i></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 72.0pt; text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span lang="EN-US">For they bound me to King George's Army</span></i></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 72.0pt; text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span lang="EN-US">So Adueu to Olde England Adieu…</span></i></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><br /></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">A diversidade das pesquisas que os temas propostos em <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Forte</i></b> inspiram é mais do que suficiente para considerá-lo um dos melhores livros de Cornwell que li. Porém, assim como o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Sharpe em Trafalgar</i>, talvez algum editor devesse pensar em uma edição, senão ilustrada, ao menos acompanhada de um glossário para termos náuticos. Por mais que seja possível acompanhar pela intuição e pelo contexto, além, é claro, de recorrer ao imprescindível <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color:blue;">G</span><span style="color:red;">o</span><span style="color:yellow;">o</span><span style="color:blue;">g</span><span style="color:lime;">l</span><span style="color:grey;"><span style="color:red;">e</span></span></b>, foi difícil não ficar perdido quando, à fls. 415, a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">“giba foi içada e recuada para colocar o </i>Warren<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> contra o vento, e então, enquanto a bujarrona e a vela de estai do masteréu do velacho eram içadas e firmadas, os joanetes inflaram com o vento fraco [...]”</i></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><br /></div><table class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;" align="center" cellpadding="0" cellspacing="0"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh2yzurpxtZNa1BFpQttL2dbK2P_dE_eBpahT959JGmR21mP9EuWgDRv1Dr5pK_u4wdSAkdV2QF0EKm6zF10gMfW2JiPZeP3Gz8EHRF4zT1O5BDc8pmT5N4sNrbZ-e_ZHohyphenhyphenygc-EQiEvR-/s1600/Henry_Wadsworth_Longfellow_-_Project_Gutenberg_eText_16786.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh2yzurpxtZNa1BFpQttL2dbK2P_dE_eBpahT959JGmR21mP9EuWgDRv1Dr5pK_u4wdSAkdV2QF0EKm6zF10gMfW2JiPZeP3Gz8EHRF4zT1O5BDc8pmT5N4sNrbZ-e_ZHohyphenhyphenygc-EQiEvR-/s320/Henry_Wadsworth_Longfellow_-_Project_Gutenberg_eText_16786.jpg" border="0" height="320" width="239" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b>Henry Wadswotth Longfellow</b></td></tr></tbody></table><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">Faço, ainda, um derradeiro registro acerca da tradução. Em que pese, infelizmente, jamais tenha lido qualquer livro de Cornwell no idioma original, nessa leitura de <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Forte</i></b>, senti que havia algo de impróprio nos diálogos ao ver os personagens usando o pronome “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">você</i>”ao se dirigirem aos outros do mesmo grau na hierarquia militar. Confesso que esse detalhe, que deve estar presente em outras traduções, jamais havia me despertado a atenção. Talvez recentes leituras de romances de Machado de Assis e, sobretudo, de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Memórias de um Sargento de Milícias</i> de Manuel Antônio de Almeida, tenha-me levado a imaginar que nos séculos XVIII e XIX os personagens deveriam utilizar, no mínimo, a segunda pessoa, de maneira que um oficial, se dirigindo a outro de igual estatura talvez devesse utilizar o “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">tu</i>” e dirigindo-se a um superior o “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">vós</i>”. Leiko Gotoda fez algo parecido em sua tradução de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Musashi </i>de Eiji Yoshikawa, conforme ela própria explica em elegante nota no início da referida obra. Pensando nos livros que estão por vir, é o nosso humílimo registro imaginando, quem sabe, estimular a reflexão da equipe da Editora Record e do tradutor Alves Calado.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><br /></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">Por fim e voltando a falar em <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Forte</i></b>, há uma questão para a qual nem mesmo o <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color:blue;">G</span><span style="color:red;">o</span><span style="color:yellow;">o</span><span style="color:blue;">g</span><span style="color:lime;">l</span><span style="color:grey;"><span style="color:red;">e</span> </span></b>pôde me ajudar a encontrar uma resposta: o que diabos significa Majabigwaduce?</div>CBhttp://www.blogger.com/profile/14574921363611189081noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7991305759433333228.post-64146429051684045572011-12-29T16:40:00.001-02:002011-12-29T18:25:43.472-02:001822: carta ao autor<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_6GQ8MGXJBV-uEgyfGA9YzCWJUpzL4HsQMrdQn4r6COGe9xl4oFc_pu5DZVGxxlHvMohUW67e_94RUkDDxZTPvPLRFQl16AzpbRdQJ0sELiobts_LLYKHUu4mSrZDwnI70sYYDeQsOHxE/s1600/1822.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_6GQ8MGXJBV-uEgyfGA9YzCWJUpzL4HsQMrdQn4r6COGe9xl4oFc_pu5DZVGxxlHvMohUW67e_94RUkDDxZTPvPLRFQl16AzpbRdQJ0sELiobts_LLYKHUu4mSrZDwnI70sYYDeQsOHxE/s1600/1822.jpg" /></a><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;">Prezado Laurentino Gomes,</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;">Espero que possa perdoar minha ousadia em me dirigir a você para comentar minha leitura do seu último livro.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;">Trata-se, claro, do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">1822</i>. No qual você se digna a relatar “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">como um homem sábio, uma princesa triste e um escocês louco por dinheiro ajudaram D. Pedro a criar o Brasil – um país que tinha tudo para dar errado</i>.”</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;">Antes de mais nada, aceite minhas sinceras e merecidas congratulações pela sua obra. Não falo, é evidente, apenas do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">1822</i>, pois acredito que o projeto que começou com a publicação do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">1808</i> é um só, de forma que os elogios devem se estender ao livro anterior. Aliás, voltarei a tratar do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">1808</i>, por certo que a comparação entre os livros me parece inevitável.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;">Você acertou em cheio, Laurentino, meu caro! Esse país precisava de um estímulo desses para que, quem sabe no futuro, nosso povo tenha mais consciência do processo de formação de nossa cultura e pare, de uma vez por todas, de se comportar como se o Brasil tivesse sido inventado em 1958, com a vitória na Copa da Suécia.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;">Inclusive, a nossa falta de apego às nossas raízes foi oportunamente lembrada na dedicatória do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">1822</i>. Dedicatória brilhante, registre-se! Até gostaria bastante ter sido um professor de História, mas escolhi ser advogado. Um advogado que se define como um historiador diletante. Sou um apaixonado pela História, que padece o grande mal de viver em um “país sem memória”, se me permite a utilização da expressão. A dedicatória, portanto, não poderia ser mais acertada. Lembrei-me de um professor de história que tive, que além de muito carismático, era dono de uma voz potente que se alastrava por todos os cantos da classe e nos obrigava a prestar atenção nele, mesmo se não quiséssemos. Era inútil resistir às suas exposições sobre o mundo romano, as invasões bárbaras, o cristianismo ocidental, a idade média, a renascença, o mercantilismo até chegar às grandes navegações. Porém, a potência vocal não era o que verdadeiramente distinguia esse saudoso mestre, nada disso. O vultoso interesse que suas lições despertava irrompia, isto sim, da paixão com que ele tratava o tema e de sua abordagem sempre entusiástica e vibrante, que era capaz de nos fazer olhar pela janela por um instante e imaginar uma horda de hunos, liderados pelo invencível Átila, tomando a escola de assalto e espalhando o terror com suas flechas certeiras. Meu antigo professor de História, de quem nunca mais tive notícias, é um dos que mereceram a sua honesta homenagem, Laurentino.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<a name='more'></a><br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhtdvkc7WT4fcFYpQ-pdqRhnmwxrCX-zY0kEfrqRf3gqy8fGuP2HTk8pRWozoyoIfWn5TwyCRjeMFLvnvWcz_6f_8d75oU6IFQo5Efl_e-hGuCLh7aiIqQKMsaM7nJnG71F26kPAShfJgEA/s1600/capa+-+1822.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhtdvkc7WT4fcFYpQ-pdqRhnmwxrCX-zY0kEfrqRf3gqy8fGuP2HTk8pRWozoyoIfWn5TwyCRjeMFLvnvWcz_6f_8d75oU6IFQo5Efl_e-hGuCLh7aiIqQKMsaM7nJnG71F26kPAShfJgEA/s200/capa+-+1822.jpg" width="127" /></a></div>
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;">Foi assim que nem bem havia chegado ao primeiro capítulo e já estava gostando muito de ler <i style="mso-bidi-font-style: normal;">1822</i>. O tratamento dispensado aos membros da Casa de Bragança, a família real Portuguesa, é um dos pontos altos de ambos os livros. Os integrantes da realeza portuguesa, que desembarcaram no Brasil em 1808, eram figuras de fato pitorescas, uma rainha louca, um príncipe regente tímido e que não raro levou a pecha de covarde, que era casado com uma espanhola indomável em todos os sentidos e reputada por levar uma vida amorosa agitada. Não demorou para que esses personagens históricos se tornassem aquelas personagens caricatas, sempre tratadas com certo desprezo e troça por nós brasileiros. No 1808, você já havia demonstrado que a “fuga para o Brasil” foi na verdade uma retirada estratégica, que garantiu a permanência da dinastia Bragança no trono – coisa rara em se tratando da Europa continental sob Napoleão –, o surgimento de uma nova nação, o Brasil que se tornou a capital do império e se lançou para o mundo e, ao final, resultou em dois membros do clã reinando, um de cada lado do Atlântico. Em <i style="mso-bidi-font-style: normal;">1822</i> quem surge com ares de herói nacional é D. Pedro, comumente injustiçado no Brasil, que ignora as façanhas perpetradas por ele nos dois continentes, nos quais foi rei e imperador, desposou uma princesa Habsburgo, proclamou a independência, venceu uma guerra civil improvável e, ao abdicar ambas as coroas, deixou um filho e uma filha reinando respectivamente no Novo e no Velho Mundo. Um príncipe que morreu bastante jovem e ajudou a mudar a face do mundo em sua curta e vibrante trajetória.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiV5yLUX-sLDGjYyDAsP7mVwidNFpvn9HrO6yzqT0n4tekcyI3xgZFC-9LHjolxHXmAKVTLru-6uoXrdFj1bCskMbuCQ0ozwEgICgsjYjc0pSgdvZOodbvbUpZRZ673_TwLGuQ0qBGqISyM/s1600/Cochrane+by+Ramsay_cropped31944.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiV5yLUX-sLDGjYyDAsP7mVwidNFpvn9HrO6yzqT0n4tekcyI3xgZFC-9LHjolxHXmAKVTLru-6uoXrdFj1bCskMbuCQ0ozwEgICgsjYjc0pSgdvZOodbvbUpZRZ673_TwLGuQ0qBGqISyM/s400/Cochrane+by+Ramsay_cropped31944.jpg" width="241" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div class="MsoNormal">
<b><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;">Lord
Cochrane</span></b></div>
</td></tr>
</tbody></table>
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;">Ao que entendo, depois do próprio D. Pedro, o tal escocês louco por dinheiro, foi o grande destaque do livro, não sendo ameaçado pela princesa triste, tampouco pelo homem sábio. Lord Cochrane, que ainda hoje é reverenciado pela <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Royal Navy</i> como um dos 12 principais navegadores ingleses de todos os tempos, ao lado dos não menos ilustres Drake, Nelson e Cook, foi irrefutavelmente um homem de seu tempo. As acusações de pirataria e a contestação que recebeu em todas as nações pelas quais travou suas guerras em nome da liberdade, a meu sentir, não são capazes de obnubilar a marca que deixou na História. O Primeiro-Almirante da Marinha Brasileira, também lutou ao lado de Bolívar e se bateu com os turcos para, enfim, devolver uma liberdade que a Grécia havia perdido séculos atrás para os romanos.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;">Perceba, que a leitura do seu <i style="mso-bidi-font-style: normal;">1822</i> me despertou a curiosidade e o desejo de aprofundamento nos estudos de personagens e fatos históricos. Sem dúvida que essa é uma qualidade que só os bons livros possuem: uma boa leitura atrai, recomenda, encadeia outras.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;">Confesso que senti falta de uma maior participação do legendário Francisco Gomes da Silva, o Chalaça, um dos amigos mais próximos do Imperador D. Pedro I e um dos personagens mais caricatos do período. São tantas e tão peculiares as histórias em torno do Chalaça, tantas e tais galantes e admiráveis aventuras, que penso que caberiam alguns esclarecimentos que ajudassem a trazer a luz sobre o Conselheiro Gomes, o eterno <i style="mso-bidi-font-style: normal;">bon vivant</i>, que teve a vida explorada, contada em forma de memórias, no excelente romance de José Roberto Torero.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;">Por outro lado, a projeção que o seu primeiro livro alcançou o tornou referência literária. Hoje em dia, quando se pensa em História do Brasil, os seus livros, com justiça, são os primeiros a serem lembrados pela maioria das pessoas. Isso é fantástico, mas é também uma grande responsabilidade. Tenho certeza, Laurentino, meu caro, que você não ignora a extensão desta responsabilidade, mas mesmo assim, já que me propus a escrever-lhe esta carta, dedicarei algumas linhas para tratar de algumas inconsistências – que considero graves – que podem ser observadas no decorrer da obra comentada.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjwzOhKRMGLVYWK7eM0tHD69fDGV7gY8vAiadJyD6hn4gW_ZQILfpR6nx0RHHcIMqv0omP12ieD_Pt7qnOHi6VzMn5tN8FGmFu_sgNDZmoMsR4nOZw3rBhmNzjeXyD9ohLsR4buPxpB4qMp/s1600/retrato-de-dom-pedro-1-reproducao-de-pintura-de-benedito-calixto-1283553170669_420x350.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"></a></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5CZjeCqDjIi_6BGf88FnDPIQ37Rdx5EPjzq_Ls0hOzBN9peUNzxl2PAsauvr6TLc-sVofygKSg918A2sbOJBuMXhXbOcNmLmHsDqMJwZT6qn2Ox3EvvNR7I9qgFKmS9XpumLG6w8Hzryx/s1600/Benedito_Calixto_-_Retrato_de_Dom_Pedro_I%252C_1902.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5CZjeCqDjIi_6BGf88FnDPIQ37Rdx5EPjzq_Ls0hOzBN9peUNzxl2PAsauvr6TLc-sVofygKSg918A2sbOJBuMXhXbOcNmLmHsDqMJwZT6qn2Ox3EvvNR7I9qgFKmS9XpumLG6w8Hzryx/s400/Benedito_Calixto_-_Retrato_de_Dom_Pedro_I%252C_1902.jpg" width="286" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div class="MsoNormal">
<b><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;">D. Pedro,
o monarca das quatro coroas</span></b></div>
</td></tr>
</tbody></table>
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;">Comparando os dois livros, em linhas gerais, o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">1808</i> parece mais consistente, ainda que até hoje eu não tenha logrado digerir aquela história de que as tropas francesas chegaram depauperadas a Portugal. É certo que o Marechal Junot deu seguidas mostras de incompetência na condução das operações e prejudicou sobremaneira os interesses franceses, mas também, há muitas lendas sobre a ocupação francesa na península ibérica que germinaram por meio de sementes inglesas. Pois bem, eu dizia que o 1808 parece ser fruto de uma pesquisa mais detida, enquanto o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">1822 </i>não raro parece um livro escrito às pressas, no afã de se contemporizar os limites aprazados por um editor inescrupuloso, um Sr. Garamond da vida e se por acaso você tiver lido o inescusável <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Pêndulo de Foucalt</i> do Umberto Eco, vai saber do que estou falando.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;">Ademais, em minha modesta opinião, é terrível que você próprio, o autor, se utilize do termo “livro-reportagem” para se referir à sua obra. Soou-me como uma pseudo-justificativa de um jornalista por estar escrevendo sobre História, quando isso me parece totalmente prescindível, na medida em que o jornalista é criterioso e trata sua obra com elevado rigor técnico.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;">E nesse ponto, meu caro Laurentino, esperava mais de você em seu segundo livro. Para citar um exemplo esclarecedor, confesso que fiquei profundamente decepcionado ao ver você citou como fonte da relação de monarcas franceses sepultados na Catedral de Saint-Denis uma lista hospedada em uma enciclopédia virtual, que é passível de alteração por qualquer pessoa, mediante um cadastro simples.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><b><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfAB-1l40YKkV53ZDjH6i2IMte15vwnzPPJK35sA8rkFCGUNtlZxJvg-uIYM9xtZ8G3t6gO6japW2frmuLs0h4TX6RyTZq4XANXdTzTNjzn4irTXKdUCyGZ2cw7JINJxaVVhl33zokaia_/s1600/GobDPedro1.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfAB-1l40YKkV53ZDjH6i2IMte15vwnzPPJK35sA8rkFCGUNtlZxJvg-uIYM9xtZ8G3t6gO6japW2frmuLs0h4TX6RyTZq4XANXdTzTNjzn4irTXKdUCyGZ2cw7JINJxaVVhl33zokaia_/s320/GobDPedro1.jpg" width="243" /></a></b></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div class="MsoNormal">
<b><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;">Homenagem
da Maçonaria: Comenda </span></b></div>
<div class="MsoNormal">
<b><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;">da Ordem do Mérito D. Pedro I – GOB</span></b><br />
<b><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;">(<a href="http://www.gobgo.org.br/diversos/titulos/GobPedro.html">Saiba mais</a>) </span></b></div>
<b>
</b></td></tr>
</tbody></table>
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;">Evidentemente não tenho nada contra as referências <i style="mso-bidi-font-style: normal;">on line</i>, muito pelo contrário. Tampouco me insurgiria contra a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Wikipédia</i>. Na verdade eu acesso a Wikipédia quase todos os dias. Sou um usuário assíduo, mas, sempre que possível, tenho o cuidado de comparar os resultados com outros sites mais confiáveis e com fontes impressas. Só não penso ser admissível que a Wikipédia seja utilizada como referência, por se tratar de fonte frágil e muito flexível, o que a torna inapta para embasar isoladamente qualquer estudo que se preze.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;">Para não ficarmos apenas nesse exemplo poderia falar de algumas correntes controvertidas que são lançadas em meio ao texto sem a devida contraposição com outras teses e sem a indicação das fontes, como ocorre, por exemplo, no capítulo dedicado à maçonaria, em que você se refere à simbologia maçônica presente na arquitetura de Washington D.C. e se limita a dizer que a presença dos símbolos foi comprovada por Dan Brown em <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Símbolo Perdido</i>. Ora, Laurentino, como todos sabemos Dan Brown é um romancista, de maneira que não se deve tratar seus ótimos livros, notadamente as polêmicas teses neles presentes, como se fossem artigos científicos, conquanto a Igreja Católica e muitos de seus fiéis o tenham feito em relação a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Código Da Vinc</i>”. Você se lembra da confusão que aquilo causou?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;">Diga-me uma coisa, Laurentino: de onde você tirou a idéia de colocar as notas explicativas ao final de cada capítulo? Não gostei nenhum pouco daquilo, meu amigo. Em alguns livros, os autores (ou editores, resta saber) decidem posicionar as notas explicativas nas últimas páginas e isso, ao que sinto, prejudica a leitura, pois obriga o leitor a parar até encontrar a página, no final do livro, com a referência. Outro efeito desse sistema é fazer com que o leitor apenas ignore as notas e, portanto, termine por não apreender parte da mensagem, o próprio autor, aliás, é prejudicado, pois a sua mensagem acaba sendo apreendida apenas parcialmente. Você (ou seu editor) conseguiu fazer algo ainda pior: a opção pelas notas explicativas ao final de cada capítulo chegou a me irritar, devo confessar. O que há de errado com as boas e velhas notas de roda pé, Laurentino? Pense nisso nos próximos.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhh4tHTZ3NV42s_d6qRCxTN-37qves4EitfDqBxlJ_j2eXDTbaoC7uf1Hzm1WREhO6svi5rR0L6ArA6MmjIZnML1xBY3PGwpTPQnsrjR0y7ehObgc-4jaiUEqdFJkojVHGUQoHHd-x9lSQA/s1600/T%25C3%25BAmulo_de_D._Pedro_I.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="232" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhh4tHTZ3NV42s_d6qRCxTN-37qves4EitfDqBxlJ_j2eXDTbaoC7uf1Hzm1WREhO6svi5rR0L6ArA6MmjIZnML1xBY3PGwpTPQnsrjR0y7ehObgc-4jaiUEqdFJkojVHGUQoHHd-x9lSQA/s320/T%25C3%25BAmulo_de_D._Pedro_I.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div class="MsoNormal">
<b><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;">O túmulo
de D. Pedro no Mosteiro de Alcobaça:</span></b></div>
<div class="MsoNormal">
<b><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;"> obra-prima da escultura gótica em
Portugal</span></b></div>
</td></tr>
</tbody></table>
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;">Não duvide, porém, meu caro Laurentino, que o balanço dos trabalhos é amplamente positivo. Espero que daqui para frente você busque cada vez mais o aperfeiçoamento para que os próximos volumes sejam cada vez melhores. Nós leitores, esperamos sinceramente que você dê continuidade ao seu belo projeto. Que venham:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;">(i) o <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">1831</b>, que poderá abordar os eventos e transformações ocorridos no Brasil durante a Regência e o Segundo Reinado, tendo D. Pedro II como protagonista;</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;">(ii) o <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">1849 </b>(ano do nascimento do grande abolicionista Joaquim Nabuco), que contará como o Pernambucano, que foi político, diplomata, historiador, jurista, jornalista e um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, se tornou um dos expoentes do processo que possibilitou que, anos mais tarde, uma princesa da Casa de Bragança, a primeira senadora do Brasil, assinasse a lei que aboliu a escravatura;</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;">(iii) o <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">1870</b>, que poderia tratar da Guerra do Paraguai e de como o nosso Duque de Caxias liderou o exército brasileiro no longo conflito e derrotou Solano López, o Napoleão do Prata;</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhkb7tG76wCflvdTBJgy0-BQKW3iqZ6nR3i7KjjAZxsqDh1pHditTBP7_1qnzgVkDqcEQU9FVHj-0nL96ZCzV1YJ1HY8RW-x61e6Rrd8Va_t8hjoyDrIsxsf0nH9fUFwRyZrC7at6BS_9Mf/s1600/Dom_Pedro_IV_P%25C3%25A7_Liberdade_Porto.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhkb7tG76wCflvdTBJgy0-BQKW3iqZ6nR3i7KjjAZxsqDh1pHditTBP7_1qnzgVkDqcEQU9FVHj-0nL96ZCzV1YJ1HY8RW-x61e6Rrd8Va_t8hjoyDrIsxsf0nH9fUFwRyZrC7at6BS_9Mf/s640/Dom_Pedro_IV_P%25C3%25A7_Liberdade_Porto.jpg" width="480" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div class="MsoNormal">
<b><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;">Estátua
equestre de D. Pedro IV de Portugal (D. Pedro I do Brasil)</span></b></div>
<div class="MsoNormal">
<b><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;"> na Praça da
Liberdade, Porto, Portugal.</span></b></div>
</td></tr>
</tbody></table>
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;">(iv) o inevitável <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">1889</b>, sobre os eventos que levaram à proclamação da República pelo golpe de estado do grupo de militares liderados pelo Marechal Deodoro da Fonseca;</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;">(v) o <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">1944</b>, que contará como o último Marechal de Campo do Exército Brasileiro, Mascarenhas de Morais, liderou a Força Expedicionária e marcou a primeira ação militar da antiga colônia na Europa;</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;">(vi) lista que poderá se estender indefinidamente até se chegar aos livros <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">2006</b> e <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">2011</b>, que contarão respectivamente as trajetórias das duas primeiras mulheres a ocuparem respectivamente as presidências do Supremo Tribunal Federal e da República.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;">O certo, caro Laurentino, é que continuarei acompanhando com vivo interesse essa saga. Entrementes, espero que tanto o <i>1822</i> quanto os próximos sejam objeto de uma campanha de publicidade até mesmo mais maciça e agressiva do que ocorreu com o <i>1808</i>, pois isso certamente irá fomentar a pesquisa e as publicações acerca da História do nosso país, território que, infelizmente, permanece pouco explorado.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_6GQ8MGXJBV-uEgyfGA9YzCWJUpzL4HsQMrdQn4r6COGe9xl4oFc_pu5DZVGxxlHvMohUW67e_94RUkDDxZTPvPLRFQl16AzpbRdQJ0sELiobts_LLYKHUu4mSrZDwnI70sYYDeQsOHxE/s1600/1822.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><br /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;">Cordiais saudações.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;">Seu leitor</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;">C.B.</span></b></div>CBhttp://www.blogger.com/profile/14574921363611189081noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7991305759433333228.post-22301993067627558272011-10-20T23:21:00.000-02:002011-10-27T22:01:13.465-02:00De vestes talares e judicioso talante<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2QPAUeHcgRKRROB9ZkH_sKs0W0ob_YPeJ7t2Fu_3CLXiC64xQBKQQsavN9_XoU-AGU-1jAOlKRwW2K37ltCTe0EAcsdg7kpwlRjYcs4n4vktn73vVysrULU-0gNx05LK3Ch5NjyE1NhAm/s1600/Colunas.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="264" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2QPAUeHcgRKRROB9ZkH_sKs0W0ob_YPeJ7t2Fu_3CLXiC64xQBKQQsavN9_XoU-AGU-1jAOlKRwW2K37ltCTe0EAcsdg7kpwlRjYcs4n4vktn73vVysrULU-0gNx05LK3Ch5NjyE1NhAm/s640/Colunas.jpg" width="640" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 4.0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<br />
<br />
<br />
<i><span style="font-family: Verdana; font-size: 9pt;">"Às vezes aspiro fundo e encho os pulmões de um ar insuportável, para ter alguns segundos de conforto, expelindo a dor. Mas bem antes da doença e da velhice, talvez minha vida já fosse um pouco assim, uma dorzinha chata a me espetar o tempo todo, e de repente uma lambada atroz. Quando perdi minha mulher, foi atroz. E qualquer coisa que eu recorde agora, vai doer, a memória é uma vasta ferida."</span></i><br />
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 9pt;">Chico Buarque</span></i></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0cm 4cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0cm 4cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">A vida impõe tantas difíceis escolhas, são tantas as bifurcações que surgem ao caminho que às vezes parece impossível discernir para qualquer um que não possa contar com os favores de uma pitonisa.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">Camisa azul ou verde? Gravata escura, terno claro? Antes do divórcio Justino sequer imaginava que cotidiano possuísse tantas amenidades, tantas especificidades e tão tortuosas escolhas. Afinal, a Dagmar sempre esteve lá para se ocupar dessas coisas pequenas. Houve um tempo que juraram um ao outro que ficariam sempre juntos, mas, depois, Justino optou pelo trabalho ao qual se dedicou com todo afinco, desprezando o melhor que podia a família, perdendo os melhores anos e deixando a pobre da Dagmar sozinha a educar os filhos e administrar a casa. Claro que ela se saiu bem, sobretudo com as crianças, mas agora que os pequenos cresceram e a Dagmar havia decido ir embora só havia restado o trabalho a Justino. Santa ironia, pois justo agora, quando ele tinha todo o tempo do mundo para o trabalho, o labor diário passou a lhe soar penoso.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br />
<a name='more'></a><br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">Enquanto refletia se atendia o chamado da fome e comia uns biscoitos em casa ou deixava para tomar um café no caminho, pensou em como a Dagmar se fazia presente, posto que fisicamente ausente. Será que ele deveria procurar um psicólogo? Ou seria tudo inútil? Pensando bem, começava a sentir que nunca teve controle de sua vida. Do seu lado do tabuleiro sempre acreditou que movia as peças, mas, a rigor, suas jogadas eram infantis, as jogadas de um <i>player</i> inexperiente, imaturo, incapaz de antever dois lances a frente. Do outro lado, o oponente de alvas cãs e de vetusto brilho no olhar era um mestre desse jogo, compenetrado, estudioso, conhecedor de todas as peças e todos os movimentos, seu nome era Destino, cognominado, o Inexorável.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">Aflição, ansiedade, desmotivação. O sentimento era de total abandono de si mesmo. Uma vida que sempre esteve nos trilhos e agora descarrilava enchendo o ar de fagulhas e de destroços: xeque! Até quando o rei exposto no meio do tabuleiro conseguiria se defender? Será que Justino deveria ter rocado logo no início do jogo? Talvez ainda houvesse uma solução, se ao menos ele soubesse jogar esse maldito jogo, se ao menos não tivesse pedido a sua dama...</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">Já estava na garagem, dentro do carro, e ponderou se não era melhor voltar e ligar para a Dagmar. Haviam se passado 4 meses desde a última conversa e quem sabe dessa vez ela não concederia e tornaria ao lar. Tudo é possível. Mas, afinal, quem precisa da Dagmar? Antes de recorrer à essa negação ele já havia atravessado a rua e acenava a um motorista de taxi. Não se sentia seguro para dirigir naquela manhã. Havia dois dias que seu motorista não comparecia ao trabalho, mas isso era irrelevante, uma vez que não vislumbrava solução ao seu alcance. Tudo que ele pensava era que talvez fosse melhor conversar com os filhos antes de falar com a Dagmar, propor uma reunião de toda a família. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">Enquanto seu corpo era transportado no interior do veículo, sua mente corria o mundo em direção oposta para ir encontrar a Dagmar. Na semana que passou eles teriam completado novas bodas. Ou será que completaram? Fazia bem achar que sim, pois a ideia de continuidade era um lenitivo. Nesse ínterim, o chofer anuncia que eles haviam chegado ao destino. Justino pediu que ele entrasse na garagem e, quando o motorista abaixou o vidro do automóvel, o segurança, reconhecendo Justino, abriu passagem e enviou um sinal </span><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">pelo rádio </span><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">para alguém alhures.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">A secretária estava concentrada em alguma tarefa quando, olhando por cima da armação vermelha de seus óculos, viu Justino entrar. Os dedos da moça se moviam rápido pressionando continuamente as teclas do computador, produzindo um som ambiente ritmado e constante. Ela parou o que estava fazendo, mas não ouviu resposta ao cumprimento que dirigiu ao seu chefe. Continuava a repetir a saudação cordial dia após dia sem se importar se recebia ou não uma resposta. Na verdade jamais houve qualquer resposta, mas ela acreditava que aquilo fazia parte de seu pacto laborativo. Não que isso importasse, mas a verdade é que naquele dia Justino deveria ter chegado pelo menos uma hora antes daquele horário. A hesitação daquela manhã o havia atrasado.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">Quando Justino notou o assistente se aproximando com a sua toga nas mãos, ele pensou que talvez aquele não fosse um bom dia para envergar as vestes talares. O meirinho, cioso, o acompanhou e, antes de puxar a cadeira para que ele se sentasse, depositou o manto negro sob seus ombros como o faria se o estivesse estendendo em um cabide. Ajeitou uma ponta caída e depois se afastou para ultimar outras medidas de estilo.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">Seus pares procediam aos derradeiros os ajustes antes do início da sessão e o presidente do colegiado respirou aliviado ao vê-lo chegar exibindo a expressão resoluta e decidida que lhe era peculiar. Os trabalhos foram iniciados, o secretário promoveu a leitura da ata da sessão anterior que logo em seguida foi aprovada. Foi apregoado o primeiro caso da pauta. Um dos colegas de Justino, o decano, procedeu à leitura de seu longo voto-vista, pelo qual, pedindo vênia à relatoria - e rompendo com a carcomida e decrépita estabilidade das decisões daquela alta corte -, acompanhava a divergência, empatando a série em dois a dois.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">Todos os presentes estavam suspensos, pois o caso envolvia questões muitíssimo sensíveis e tinha o potencial de subverter a ordem econômica. Ainda que não permitisse transparecer qualquer emoção, Justino sentiu o impacto silencioso de todas as atenções se voltando para ele. O resultado, seja ele qual fosse, formaria um precedente que doravante modificaria a forma com que os cidadãos se relacionavam com o Estado. Ninguém era capaz de prever nada, contudo o mais provável era um novo adiamento, um novo pedido de vista. Onde estaria a Dagmar?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">O presidente então indaga: “como vota o eminente Ministro João Justino de Carvalho Maciel?”</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">Com o relator, senhor presidente...</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">Com o relator.</span></div>CBhttp://www.blogger.com/profile/14574921363611189081noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7991305759433333228.post-78022075595671193002011-06-21T12:51:00.013-02:002011-06-24T20:26:54.460-02:00A Morte de Napoleão<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjZn1M4NsGEnB1C6AxOkG9VT3x-8eVqS0dndJcQgZQ2mqHlw1eJRk36vyw72HsFzV61QtPHAUQPZnt9wfOM2YDVsRFklqzHc9Fcak7aZYG8a1klB-1rPFAaoo_Jnm-WwvTVpaistNJWGuwf/s1600/AMDN.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjZn1M4NsGEnB1C6AxOkG9VT3x-8eVqS0dndJcQgZQ2mqHlw1eJRk36vyw72HsFzV61QtPHAUQPZnt9wfOM2YDVsRFklqzHc9Fcak7aZYG8a1klB-1rPFAaoo_Jnm-WwvTVpaistNJWGuwf/s200/AMDN.jpg" width="141" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><style>
<!--
/* Font Definitions */
@font-face
{font-family:Verdana;
panose-1:2 11 6 4 3 5 4 4 2 4;
mso-font-charset:0;
mso-generic-font-family:swiss;
mso-font-pitch:variable;
mso-font-signature:536871559 0 0 0 415 0;}
/* Style Definitions */
p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal
{mso-style-parent:"";
margin:0cm;
margin-bottom:.0001pt;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:12.0pt;
font-family:"Times New Roman";
mso-fareast-font-family:"Times New Roman";}
p.MsoHeader, li.MsoHeader, div.MsoHeader
{margin:0cm;
margin-bottom:.0001pt;
mso-pagination:widow-orphan;
tab-stops:center 212.6pt right 425.2pt;
font-size:12.0pt;
font-family:"Times New Roman";
mso-fareast-font-family:"Times New Roman";}
p.MsoFooter, li.MsoFooter, div.MsoFooter
{margin:0cm;
margin-bottom:.0001pt;
mso-pagination:widow-orphan;
tab-stops:center 212.6pt right 425.2pt;
font-size:12.0pt;
font-family:"Times New Roman";
mso-fareast-font-family:"Times New Roman";}
@page Section1
{size:595.3pt 841.9pt;
margin:70.85pt 3.0cm 70.85pt 3.0cm;
mso-header-margin:35.4pt;
mso-footer-margin:35.4pt;
mso-paper-source:0;}
div.Section1
{page:Section1;}
-->
</style> <br />
<div class="MsoNormal"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;"><b>A edição Brasileira</b><o:p></o:p></span></div></td></tr>
</tbody></table><o:smarttagtype name="metricconverter" namespaceuri="urn:schemas-microsoft-com:office:smarttags"></o:smarttagtype><o:smarttagtype name="PersonName" namespaceuri="urn:schemas-microsoft-com:office:smarttags"></o:smarttagtype><style>
<!--
/* Font Definitions */
@font-face
{font-family:Verdana;
panose-1:2 11 6 4 3 5 4 4 2 4;
mso-font-charset:0;
mso-generic-font-family:swiss;
mso-font-pitch:variable;
mso-font-signature:536871559 0 0 0 415 0;}
/* Style Definitions */
p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal
{mso-style-parent:"";
margin:0cm;
margin-bottom:.0001pt;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:12.0pt;
font-family:"Times New Roman";
mso-fareast-font-family:"Times New Roman";}
p.MsoHeader, li.MsoHeader, div.MsoHeader
{margin:0cm;
margin-bottom:.0001pt;
mso-pagination:widow-orphan;
tab-stops:center 212.6pt right 425.2pt;
font-size:12.0pt;
font-family:"Times New Roman";
mso-fareast-font-family:"Times New Roman";}
p.MsoFooter, li.MsoFooter, div.MsoFooter
{margin:0cm;
margin-bottom:.0001pt;
mso-pagination:widow-orphan;
tab-stops:center 212.6pt right 425.2pt;
font-size:12.0pt;
font-family:"Times New Roman";
mso-fareast-font-family:"Times New Roman";}
@page Section1
{size:595.3pt 841.9pt;
margin:70.85pt 3.0cm 70.85pt 3.0cm;
mso-header-margin:35.4pt;
mso-footer-margin:35.4pt;
mso-paper-source:0;}
div.Section1
{page:Section1;}
-->
</style> <br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;"><b><span style="font-family: Verdana; font-size: 14pt; line-height: 150%;">Mil vezes sutil<o:p></o:p></span></b></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">O ano do senhor de 2011 já avança a passos de carga rumo ao seu ocaso, mas a delicada e elegante edição de 1993, da Companhia das Letras, de <b><i>A Morte de Napoleão</i></b> ainda está disponível para venda nas principais livrarias. Não se trata de livro de bolso, a edição é refinada, em que pese o formato reduzido. Em verdade, chega a ter menores proporções que os <i>pocket’s</i> disponíveis atualmente no mercado editorial: os 11 x <st1:metricconverter productid="15 cm" w:st="on">15 cm</st1:metricconverter> deste romance de Simon Leys, por exemplo, parecem ainda menores se comparados com os 12 X <st1:metricconverter productid="18 cm" w:st="on">18 cm</st1:metricconverter> das edições da Best Bolso. O mesmo se observa em relação aos já clássicos 11,5 x <st1:metricconverter productid="18 cm" w:st="on">18 cm</st1:metricconverter> dos livros de bolso da Martin Claret e da Companhia de Bolso.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">Por outro lado, ao perceber o valor mercadológico médio do livro, o leitor familiarizado com os preços atualmente praticados sente que está diante de uma obra fora de série, por certo que, atualmente, pelo preço que se paga por um exemplar da obra ora comentada, é possível adquirir 2 ou <st1:metricconverter productid="3, a" w:st="on">3, a</st1:metricconverter> depender do título, dentre os livros de bolso de qualquer uma das editoras acima citadas.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">Se, como outro dia mesmo ouvi dizer, ainda há quem compre livros pela capa ou apenas para compor a decoração do escritório, imagino que <b><i>A Morte de Napoleão</i></b> tenha largado em desvantagem, pois, como sói ocorrer em relação a todas as manifestações da delicadeza, é preciso ser dotado sutileza e espírito para apreciar a sua composição de aparente debilidade.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><br />
<a name='more'></a></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjY8mdUTk9bTh7JmI09C2aUN3Bx-gwGzCIpbC_5XllaFxQkvP1UWprmc7EM1odyv5E-8iYEBCF20rxaPwhQKdkz-v3Optkl5bLwx7xMRvfN3FrJrDuUNdDZp_n_zDqrZzaJBQrLeDnFtT0O/s1600/AMDN+-+Ast+-+Amer+-+Franc.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="195" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjY8mdUTk9bTh7JmI09C2aUN3Bx-gwGzCIpbC_5XllaFxQkvP1UWprmc7EM1odyv5E-8iYEBCF20rxaPwhQKdkz-v3Optkl5bLwx7xMRvfN3FrJrDuUNdDZp_n_zDqrZzaJBQrLeDnFtT0O/s400/AMDN+-+Ast+-+Amer+-+Franc.JPG" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><style>
<!--
/* Font Definitions */
@font-face
{font-family:Verdana;
panose-1:2 11 6 4 3 5 4 4 2 4;
mso-font-charset:0;
mso-generic-font-family:swiss;
mso-font-pitch:variable;
mso-font-signature:536871559 0 0 0 415 0;}
/* Style Definitions */
p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal
{mso-style-parent:"";
margin:0cm;
margin-bottom:.0001pt;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:12.0pt;
font-family:"Times New Roman";
mso-fareast-font-family:"Times New Roman";}
p.MsoHeader, li.MsoHeader, div.MsoHeader
{margin:0cm;
margin-bottom:.0001pt;
mso-pagination:widow-orphan;
tab-stops:center 212.6pt right 425.2pt;
font-size:12.0pt;
font-family:"Times New Roman";
mso-fareast-font-family:"Times New Roman";}
p.MsoFooter, li.MsoFooter, div.MsoFooter
{margin:0cm;
margin-bottom:.0001pt;
mso-pagination:widow-orphan;
tab-stops:center 212.6pt right 425.2pt;
font-size:12.0pt;
font-family:"Times New Roman";
mso-fareast-font-family:"Times New Roman";}
@page Section1
{size:595.3pt 841.9pt;
margin:70.85pt 3.0cm 70.85pt 3.0cm;
mso-header-margin:35.4pt;
mso-footer-margin:35.4pt;
mso-paper-source:0;}
div.Section1
{page:Section1;}
-->
</style> <br />
<div class="MsoNormal"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;"><b>Versões australiana, inglesa e francesa do romance</b><o:p></o:p></span></div></td></tr>
</tbody></table><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">Não conhecia o autor, mas segundo sua editora brasileira <a href=#Nota1>[1</a><a name=Topo1>]</a> Simon Leys “é o pseudônimo do belga Pierre Ryckmans, sinólogo e historiador de arte, autor de diversos ensaios, dentre os quais os mais conhecidos são <i>Ombres chinoises, Les habits neufs du président Mao</i> e <i>Orwell ou l'horreur de la politique</i>. Atualmente é professor da Universidade de Sidney, Austrália.”<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">Feitas estas considerações e para que não haja dúvida sobre o juízo que ouso fazer da obra, é preciso, de pronto, recorrer a um bom clichê: nos pequenos frascos é que encontramos as melhores fragrâncias. Sim, pois, o livro é excelente e penso que jamais se deve subestimar a capacidade pedagógica e exemplificativa de um bom clichê.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">A narrativa deste delicado romance é primorosa. Revela um estilo conciso e vibrante, diante do qual surge a certeza de que nenhuma palavra está ali ao acaso, que cada frase foi especialmente cultivada e que cada mínimo fragmento ocupa seu lugar indispensável no todo.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">Algo que remete ao estilo literário desenvolvido pelo próprio Napoleão (o Napoleão histórico, não o retratado no romance) consoante sustenta M. Émile Henriot <a href=#Nota2>[2]</a><a name=Topo2>,</a> autorizado crítico literário do periódico <i>Le Monde</i>, de Páris, que atribui ao imperador dos franceses:<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><br />
</div><blockquote><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><i><span lang="EN-US" style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">“um style exceptionnel... le don du style et le talent de s’exprimer avec une force, une justesse, une couleur et dans une tour, avec un accent et un rythme méme que ne sont que ‘à lui. </span></i><i><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">Ce sont lá qualités d’ecrivain-né.”<o:p></o:p></span></i></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">“Um estilo excepcional… O dom do estilo, o talento de se expressar com vigor, com precisão, com elegância e colorido, na tonalidade e no ritmo inconfundíveis que lhe são peculiares. Tais atributos são próprios de um escritor nato.”<o:p></o:p></span></div></blockquote><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">Com efeito, por ignorar o restante da obra de Leys, estive livre para permitir-me elevar o pensamento à conjectura de que talvez (por que não?) ele tenha se apropriado propositalmente do estilo de Napoleão <a href=#Nota3>[3]</a><a name=Topo3>,</a> para compor este romance de fácil leitura e que ao mesmo tempo, dado o alcance do tema, remete à questionamentos profundos, sem deixar de cumprir um dos papéis essenciais do romance que é o entretenimento.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhYMNiirfAa53CPXcrNj4z1Cpn3pLmfnu4dcNSPJ5VCRuJr1Xjr8D87UmNRltJTRp3AtohWVCwgIwTkNCk3ylFJs_Rruhom3wDxDME9jLEGR9ZW6Fhi66jZWIeoQa4gkWTKEigAl8lyEtM1/s1600/AMDN+-+Franc+e+film.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="188" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhYMNiirfAa53CPXcrNj4z1Cpn3pLmfnu4dcNSPJ5VCRuJr1Xjr8D87UmNRltJTRp3AtohWVCwgIwTkNCk3ylFJs_Rruhom3wDxDME9jLEGR9ZW6Fhi66jZWIeoQa4gkWTKEigAl8lyEtM1/s400/AMDN+-+Franc+e+film.JPG" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;"><b>Edições francesas e a edição inglesa inspirada no filme</b></span></td></tr>
</tbody></table></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">Seria, de fato, o ornamento final e sem par para essa obra, uma sutileza do gênio. Contudo, como dito, a associação entre os estilos de Leys e Napoleão pertence tão somente ao campo da especulação que, por mais temerário e infundado que seja, é inerente ao livre papel interpretativo exercido por qualquer leitor. Vale lembrar que a legitimidade desse, por assim dizer, exercício exegético do leitor é irrefutável. Umberto Eco <a href=#Nota4>[4</a><a name=Topo4>]</a> disse que, para não perturbar o caminho do seu texto, todo autor deveria morrer depois de escrevê-lo. Eco, não obstante, acredita que nada consola mais o romancista do que descobrir leituras nas quais ele jamais pensou e que lhe são sugeridas depois pelos leitores.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">O título do livro de Leys, <b><i>A Morte de Napoleão</i></b>, faz o leitor um pouco mais atento pensar imediatamente no exílio do Imperador na ilha de Santa Helena, o pedaço de rocha em meio ao vasto oceano Atlântico onde Napoleão viveu seus últimos dias e narrou suas memórias. A extensão da tragédia sentida por Napoleão pode ser percebida na seguinte declaração <a href=#Nota5>[5</a><a name=Topo5>]</a>:<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><br />
</div><blockquote><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">"Novo Prometeu <a href=#Nota6>[6]</a><a name=Topo6>,</a> estou preso a uma rocha e um abutre <a href=#Nota7>[7</a><a name=Topo7>]</a> me devora. Sim, eu tinha roubado o fogo dos céus para levá-lo à França: o fogo voltou para sua fonte, e aqui estou! O amor da glória se assemelha à ponte que Satã colocou sobre o caos para passar do inferno ao paraíso: a glória une o passado ao futuro, que estão separados por um imenso abismo. Nada resta a meu filho além de meu nome."<o:p></o:p></span></div></blockquote><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">Pois bem, da mesma forma, o título remete à teoria desenvolvida pelo dentista sueco Sten Forshufvud, que por meio de análise em amostras de cabelo de diversas fases da vida de Napoleão, antes e durante o exílio, inaugurou a cada vez mais difundida e aceita corrente segundo a qual Napoleão foi assassinado <st1:personname productid="em Santa Helena" w:st="on">em Santa Helena</st1:personname>, vítima de um envenenamento gradual por arsênico. Assassinado por mãos inglesas. O lugar-tenente, o carcereiro e o verdugo eram um só homem e não outro senão o vil Hudson Lowe.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">Todavia já na primeira página, vemos que não é nada disso. Ao que sinto, é apenas a primeira de uma série de agudas sutilezas da obra, o fato de o autor fazer notar, ainda na primeira página (para quem obvia e eventualmente não teve a curiosidade de se informar sobre o enredo do romance) que, na verdade, Napoleão escapou e seu lugar foi tomado por um sósia. Escapando de Santa Helena, Napoleão escapará também à própria morte? Essa é uma das perguntas que procurei, com vivo interesse, nas páginas seguintes do livro.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGBrKmOwC2DL8hwnlOlvkg-5KDGy_djZisi4mIkzk8KykP_e6plajRx35DqSDk183nTrdvzTROA7ky05SqGhyphenhyphenUqNZbMt7HqoAsDLIlKKBK9-PnNkIGkFSrqKGjx6f-1k0Oa3PlbIsi01dR/s1600/Napoleon+e+Autruche.bmp" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="211" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGBrKmOwC2DL8hwnlOlvkg-5KDGy_djZisi4mIkzk8KykP_e6plajRx35DqSDk183nTrdvzTROA7ky05SqGhyphenhyphenUqNZbMt7HqoAsDLIlKKBK9-PnNkIGkFSrqKGjx6f-1k0Oa3PlbIsi01dR/s320/Napoleon+e+Autruche.bmp" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="font-family: Verdana;">Napoleão e Autruche</span></b></td></tr>
</tbody></table></div><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">Por seu turno, a tese da fuga é completamente verossímil, uma vez que o embuste, não por acaso, arrisco dizer, coincide com a fase em que, segundo os biógrafos de Napoleão, sua doença campeava (ou seria já o efeito da ingestão de arsênico?), de maneira que o Moderno Prometeu se esquivava da presença dos guardas ingleses e de seu carcereiro Hudson Lowe, passando a maior parte do tempo recolhido à casa que foi sua última morada. Portanto, basta aceitarmos que o sargento que, na ficção, tomou o lugar do Imperador, propositalmente, evitava o contato com o inimigo, visando preservar-se de um possível reconhecimento que fatalmente denunciaria o plano.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">Tudo encaixado, Napoleão navega sob o disfarce de um simples camareiro, que logo recebe da tripulação do brigue em que se encontra o apelido de Napoleão. Melhor disfarce que este certamente não haveria. Os vulgares tripulantes do Hermann-Augustus Storffer, por sua vez, o tratam o camareiro por Napoleão em tom de troça, pois, por mais que ele lembre o inigualável Senhor da Europa, a sua figura decrépita e abatida, consequência dos anos de exílio e da idade que avança, definitivamente não é a mesma do Vencedor de Marengo e Lodi, do Napoleão cruzando os Alpes visto no famosíssimo retrato a óleo de Jacques-Louis David, tampouco remete ao bravo general de Arcole magnificamente representado por Antoine-Jean Gros.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGBrKmOwC2DL8hwnlOlvkg-5KDGy_djZisi4mIkzk8KykP_e6plajRx35DqSDk183nTrdvzTROA7ky05SqGhyphenhyphenUqNZbMt7HqoAsDLIlKKBK9-PnNkIGkFSrqKGjx6f-1k0Oa3PlbIsi01dR/s1600/Napoleon+e+Autruche.bmp" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"></a></div><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">Nesse ponto, e ainda estamos muito no início da narrativa, a lembrança do glorioso regresso de Napoleão de Elba, local de seu primeiro exílio, é inescusável. Porém nesta fábula de Simon Leys, os dias gloriosos ficaram para trás. Aqui vemos um Napoleão de carne e osso a quem a vida apresenta grandes dilemas, bem como ergue altos obstáculos e diz não, como faz com qualquer outro mortal.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-KxCiq6aU9AANfAJQm9XhU7xkgF6T-gTe643iRHk5Oyy6KIcfMNWqxNJ9GCTMbZIvNZZrqjwB2xShGqjh859v8C9-NqabY4z882N3PcO1CBvESZD_RWxE1kbxEJQtwLtzEHJwka4wtsgW/s1600/N2.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="210" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-KxCiq6aU9AANfAJQm9XhU7xkgF6T-gTe643iRHk5Oyy6KIcfMNWqxNJ9GCTMbZIvNZZrqjwB2xShGqjh859v8C9-NqabY4z882N3PcO1CBvESZD_RWxE1kbxEJQtwLtzEHJwka4wtsgW/s320/N2.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="font-family: Verdana;">O Imperador marcha à frente de uma nova tropa</span></b></td></tr>
</tbody></table><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">Foi interessante notar que o autor, que é Belga, encontrou uma forma inesperada de fazer Napoleão retornar à Waterloo, Foi assim, inclusive que perdeu o contato com os dispersos e ocultos conspiradores que patrocinavam o seu regresso.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">Sem dúvidas, o ponto alto do enredo é o anúncio da morte do falso Napoleão <st1:personname productid="em Santa Helena" w:st="on">em Santa Helena</st1:personname>: quando Napoleão percebe que está tudo acabado, porquanto jamais poderá lutar contra o próprio Napoleão Bonaparte. Os mortais e os heróis legendários, pois, vivem em planos diferentes da existência. Nada pode o homem contra o mito.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">Assim, ao separar o Napoleão histórico do legendário vencedor de Austerlitz, ao afastar o homem do mito, Simon Leys, em última análise, faz o elogio dos admiradores e bonapartistas de todos os tempos – entre os quais, naturalmente, me incluo – bem como o elogio da inventividade humana, capaz de criar uma áurea quase sagrada em torno de um gigante, que acaba o distinguindo de tal forma que o torna muito maior do que ele jamais seria se tivesse que contar apenas com os favores de sua limitada condição humana. Na ficção de Leys o Napoleão Senhor da Europa, acostumado a ditar o futuro e controlar o destino de milhões ao lado de suas belas amantes e princesas paramentadas em púrpura, passa a viver no subúrbio parisiense, onde se torna amante de uma viúva, a triste Autruche, com quem tenta ganhar a vida a vender melões.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">Contudo, o autor não chega a depreciar o titânico corso. Antes, sua abordagem se apresenta como uma interessante antítese entre as posições dos detratores e dos adoradores de Napoleão, que há mais de duzentos anos travam incessante duelo dialético.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><style>
<!--
/* Font Definitions */
@font-face
{font-family:Verdana;
panose-1:2 11 6 4 3 5 4 4 2 4;
mso-font-charset:0;
mso-generic-font-family:swiss;
mso-font-pitch:variable;
mso-font-signature:536871559 0 0 0 415 0;}
/* Style Definitions */
p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal
{mso-style-parent:"";
margin:0cm;
margin-bottom:.0001pt;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:12.0pt;
font-family:"Times New Roman";
mso-fareast-font-family:"Times New Roman";}
@page Section1
{size:612.0pt 792.0pt;
margin:70.85pt 3.0cm 70.85pt 3.0cm;
mso-header-margin:36.0pt;
mso-footer-margin:36.0pt;
mso-paper-source:0;}
div.Section1
{page:Section1;}
-->
</style> <br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhrZYhKvOxWHQgYUZa1ZSTJgx0mVccDq0svxMGd4zJMkh4Dl77ahJAMBR5Y0OsYGWjLok4mJ1_yxT_SgIBrojIITyQa_9u-sAgDf4B-29WpmHkqI8w4BczoG1Y4Jz66Qcl4SVuIFYuatMco/s1600/N.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="310" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhrZYhKvOxWHQgYUZa1ZSTJgx0mVccDq0svxMGd4zJMkh4Dl77ahJAMBR5Y0OsYGWjLok4mJ1_yxT_SgIBrojIITyQa_9u-sAgDf4B-29WpmHkqI8w4BczoG1Y4Jz66Qcl4SVuIFYuatMco/s320/N.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">O Napoleão de Ian Holm</span></b></td></tr>
</tbody></table><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">O romance de Simon Leys recebeu uma divertida adaptação cinematográfica em 2001, intitulada <i>The Emperor's New Clothes</i>, na qual o ator inglês Ian Holm interpreta Napoleão.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">Uma pequena jóia mil vezes sutil e repleta de deliciosas surpresas que, pela qualidade invulgar, está a merecer uma campanha de marketing mais agressiva do que teve até então, por parte de seus editores no Brasil.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">____________________________<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"><a name=Nota1>[1]</a> <a href=#Topo1>^</a> Informações constantes da página do autor no sítio da Companhia das Letras, disponível em: http://www.companhiadasletras.com.br/autor.php?codigo=00286, acesso em 16/10/2010, às 22h51m.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"><a name=Nota2>[2]</a> <a href=#Topo2>^</a> apud MENDONÇA, Euclides. A Força do Estilo de Napoleão. 2. ed. Brasília: Tesaurus, 2008, p. 21.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"><a name=Nota3>[3]</a> <a href=#Topo3>^</a> No brilhante estudo acadêmico que acabou se tornando o livro A Força do Estilo de Napoleão, o professor Euclides Mendonça, trazendo à colação excertos de obras raras e conceituadas, afirma que a produção literária de Napoleão, em sua juventude, é tão abundante e variegada que “muitos estudiosos indagam o que não seria ele, como escritor, se não se tivesse tornado, sobretudo, Napoleão (op. cit., 2008, p. 57.). Sobre a produção na fase gloriosa da vida de Napoleão Euclides Mendonça anota que “razão, cálculo, decisão política ou militar, cólera ou amor, tudo vem à luz impelido por um estilo explosivo, claro, sobretudo parco em palavras.” (p. 65).<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"><a name=Nota4>[4]</a> <a href=#Topo4>^</a> Eco, Humberto. Pós-Escrito a O Nome da Rosa. Tradução de Letizia Zini Antunes e Álvaro Lorencini. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985, p. 10-12.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"><a name=Nota5>[5]</a> <a href=#Topo5>^</a> Napoleão Bonaparte BONAPARTE, Napoleão. in: BERTAUT, Jules (Org.): Napoleão Bonaparte: Manual do líder. Tradução de Júlia da Rosa Simões. Porto Alegre: LP&M, 2010, p. 70. Título original: Manuel du chef: Aphorismes chosis et préfacés par Jules Bertaut.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"><a name=Nota6>[6]</a> <a href=#Topo6>^</a> Prometeu, na mitologia grega, o titã que roubou o fogo divino de Zeus e o levou à raça humana, que a partir de então se diferenciou dos outros animais. Como castigo pela ousadia de Prometeu Zeus o acorrentou no monte Cáucaso, onde todos os dias um abutre devora seu fígado, que se regenera todas as noites para ser devorado mais uma vez no dia seguinte e assim eternamente, em um ciclo de agonia infinita. (Nota Nossa).<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"><a name=Nota7>[7]</a> <a href=#Topo7>^</a> O papel de abutre cabe bem à Hudson Lowe, o carcereiro de Napoleão <st1:personname productid="em Santa Helena. Oficial" w:st="on">em Santa Helena. Oficial</st1:personname> modesto do exército inglês que se esforçou por tornar piores possíveis os últimos dias de Napoleão no exílio. Algumas fontes dão conta que Napoleão se divertia ao irritar Lowe e o fazia frequentemente. Lowe é um dos grandes suspeitos de perpetrar o suposto envenenamento de Napoleão por arsênico, que teria levado a sua morte prematura em 1821. (Nota Nossa).<o:p></o:p></span></div>CBhttp://www.blogger.com/profile/14574921363611189081noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7991305759433333228.post-88257701205931655622011-05-08T00:51:00.008-02:002011-05-08T01:20:03.840-02:00O Filósofo e o Imperador<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgDlPFhyphenhyphenD6TT1m8K-yCWRprINXrP_l0xBR41QbwkUBpRUXbp1ZFSWweq1lJfvCBCbCkDJlMoJZ-sc8cvVmmkAPNjwL6GwnOvy_dECEXZHQuW4GJN9QBLS3mdSQw2djsJaIs0EhsBc-sc68L/s1600/Brasil+-+Portugal+e+Espanha.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgDlPFhyphenhyphenD6TT1m8K-yCWRprINXrP_l0xBR41QbwkUBpRUXbp1ZFSWweq1lJfvCBCbCkDJlMoJZ-sc8cvVmmkAPNjwL6GwnOvy_dECEXZHQuW4GJN9QBLS3mdSQw2djsJaIs0EhsBc-sc68L/s400/Brasil+-+Portugal+e+Espanha.JPG" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div class="MsoNormal"></div><div class="MsoNormal"><b><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;">Capas das edições latinas: Brasil, Portugal e Espanha</span></b></div></td></tr>
</tbody></table><div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;"><b><i><span style="font-family: Verdana; font-size: 14pt; line-height: 150%;">A Justa Medida </span></i></b><span style="font-family: Verdana; font-size: 14pt; line-height: 150%;"></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">O velho adágio dispensa explicações: “A cavalo dado não se olha os dentes”. Respeito bastante esta sentença popular, até porque é um dos ditados que me lembro de ouvir desde que era criança. Contudo, quando se ganha um livro não é bem assim. Antes, assim que o embrulho é aberto, quem recebeu o presente observa a capa, confere o título, sorri, faz passar as folhas rapidamente, como a conferir se estão todas ali e, quase sempre, diz algo do gênero de “ora, é maravilhoso, mas realmente não precisava se incomodar”. Sem mais delongas, considero um livro o melhor presente, sempre. Seja quando se oferece, seja quando se recebe, não há nada como um livro, um presente em si mesmo.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">Quando ganhei “<b><i>O Filósofo e o Imperador</i></b>” da lavra escritora canadense Annabel Lyon eu não o conhecia. De pronto, a belíssima capa da edição brasileira da editora Leya me despertou a atenção: fundo negro destacando a silhueta de um grande corcel, também negro, recebendo no focinho o afago de um braço direito alongado. A lombada rosa <i>shock</i> cria um contraste explosivo, resultando em um conjunto, por assim dizer, contemporâneo. Uma rápida passada de olhos pelo subtítulo: “Um romance sobre Aristóteles e Alexandre”. “Que grande dupla” eu pensei. Normalmente o tema teria bastado para despertar o meu interesse: “Muito bem, este vai para a fila.” Estava decidido.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">Antes de avançar é preciso dizer que minha relação com meus livros começa bem antes da leitura propriamente dita. Por mais que eu seja adepto da prática de ler vários ao mesmo tempo, não é possível ler todos. Assim, como uma espécie de bibliotecário amador dos meus próprios volumes, eu os seleciono em uma ordem de leitura semi-rígida, que segue um instinto natural. Alguns para serem lidos outros relidos. Naturalmente, a ordem não pode controlar interesses despertados inopinadamente e quase sempre há um ou outro título a furar a fila.</span><br />
<a name='more'></a></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><br />
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">O romance de Annabel Lyon saltou a frente de vários outros quando, vendo o belo cavalo na capa – que só poderia ser o próprio Bucéfalo –, decidi olhar-lhe os dentes. Abrindo a primeira página e lendo a primeira frase, deparei-me com uma descrição impactante. Para ilustrar o que digo, permitam-me passar a palavra à própria Annabel Lyon:</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><br />
</div><blockquote><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">A chuva cai em cordas negras, vergastando meus animais, meus homens e minha esposa, Pítias, que na noite passada ficou deitada de pernas abertas enquanto eu tomava notas sobre a boca de seu sexo e que, agora, nesse décimo dia de nossa viagem, chora lágrimas silenciosas de exaustão.</span></div></blockquote><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"></span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif;"></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;"> Na versão publicada nos Estados Unidos em 2010 pela editora Knopf, o mesmo trecho:</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: 10pt; line-height: 150%;"></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><br />
</div><blockquote><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><i><span lang="EN-US" style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">The rain falls in black cords, lashing my animals, my men, and may wife, Pythias, Who last night lay with her legs spread while I took notes on the mouth of her sex, who weeps silent tears of exaustion now, on this tenth Day of our jorney.</span></i><span lang="EN-US" style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"></span></div></blockquote><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi67BIAvgeBd6_btrQGzRaLpxGvnv5bvFX7rm7C4uUBT3f1A4wJX6wnwGBE1qJwJkideYV2bM8h4AtJMRJdfZNkQFGbxqSk0RRhvo2590dBS7Os1yzwxbRpuUlSTLsTjRgejU9BIka3xTyI/s1600/golden+mean+tw+with+belt+-+Tail%25C3%25A2ndia.jpg" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi67BIAvgeBd6_btrQGzRaLpxGvnv5bvFX7rm7C4uUBT3f1A4wJX6wnwGBE1qJwJkideYV2bM8h4AtJMRJdfZNkQFGbxqSk0RRhvo2590dBS7Os1yzwxbRpuUlSTLsTjRgejU9BIka3xTyI/s200/golden+mean+tw+with+belt+-+Tail%25C3%25A2ndia.jpg" width="141" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div class="MsoNormal"><b><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;">A bela edição de Taiwan</span></b></div></td></tr>
</tbody></table><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">Foi assim que descobri que o narrador era o Estagirita em pessoa. “Quanta ousadia dessa jovem escritora canadense...” – pensei –, ainda mais que já havia lido na contracapa que este era o seu primeiro romance. Em poucos dias, já estava com ele nas mãos, ignorando outros há mais tempo na fila. Demorou só o tempo de terminar outro que já estava nas últimas páginas.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">O romance se passa no período em que Aristóteles foi preceptor do jovem Alexandre. Porém, uma das vantagens de termos o filho de Nicômaco narrando a estória é justamente saber um pouco mais dele pelas digressões e especulações trazidas pela autora. E, de fato, o ilustre narrador descreve cenas de sua juventude, de suas relações familiares e, em quase tudo, é possível identificar um brilho das idéias que hoje lhe são atribuídas, cuidadosamente pinçadas pela autora e adicionadas no romance. Sabe-se que Aristóteles escreveu imenso, mas também que muita coisa, infelizmente, não chegou aos dias de hoje (<i>vide </i>“O Nome da Rosa”).</span><br />
<br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjwhLkIlcQMTN8w28x6qZE-AGgMwBKoh_sN-MLgxPsJpVY1UzisvsqeHZXPfxpbAUReeEbnPZKY9pXDFeojJLTvJewVCNFTmaadU6R621-9QnQ8mZM5hEHTx3qSJqJROhQlFrepBlJ83OdO/s1600/Paperback+Can-+uk+-+HARDCOVER-+can.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="201" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjwhLkIlcQMTN8w28x6qZE-AGgMwBKoh_sN-MLgxPsJpVY1UzisvsqeHZXPfxpbAUReeEbnPZKY9pXDFeojJLTvJewVCNFTmaadU6R621-9QnQ8mZM5hEHTx3qSJqJROhQlFrepBlJ83OdO/s400/Paperback+Can-+uk+-+HARDCOVER-+can.JPG" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div class="MsoNormal"><b><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;">As versões paperback e hardcover canadenses entre a americana</span></b></div></td></tr>
</tbody></table><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">Mais tarde fui saber que a cena da primeira frase do livro, transcrita acima, foi inspirada por um escrito sobre biologia do filósofo em que ele descreve tal parte do corpo feminino. Em uma entrevista para um <i>site</i> em Portugal a escritora comenta: <i>“[...] ele tem de ter olhado para alguém para saber o que escreveu. E cruzei isso com o facto de ter tido uma mulher e fiz uma extrapolação.”</i></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">O que vemos é um Aristóteles muito humano, ligado ao mundo sensível e, portanto, mais próximo do <i>homem</i> que de fato viveu no terceiro século antes de Cristo. Há muito sangue e muito sensualismo na narrativa. As dissecações dos animais, os estudos, as catalogações, e todas as preocupações variadas que povoavam a cabeça do grande homem. Annabel Lyon explica, na mesma entrevista aludida acima: <i>“Eu queria trazê-lo de volta à forma humana, não o apresentar como uma estátua de mármore, mas sim como alguém que pudesse estar numa sala connosco.”</i></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhnVGliPk56X2TJDCiDRimey53OTo9gbgpjncsNz_tefUqIQW6Vx2no-DfogaUFqujalvbJcIgX31xDXAA7NBGJ_dA5rjpXGX9qJTz79PrXwvye8-g1RVQn5Th35ev_U4lqRZIRWIx958QH/s1600/vintage+Canada+Paperback.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><br />
</a></div><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">O Aristóteles de Annabel é tão humano que por vezes, tive a impressão de que a autora sugere que ele sofria de algum transtorno comportamental, algo como uma bipolaridade que o fazia oscilar entre episódios de letargia e inércia e outros de grande produtividade e vigor, quando então escrevia inúmeros tratados sobre múltiplos assuntos diferentes. A medicina antiga e a forma com que os gregos julgavam entendê-la é apenas um dos assuntos interessantes que ocorrem amiúde no livro.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><div style="text-align: right;"></div><table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhF13xDIpLfc9XSH8Ws5hSmEDrqvsSM5a9qbrMrksY1-wJIaYR2zjOFuUs2Xcv_mb1faMCHjKOdCgj1xKcsyQISb6PNYsERXJYYCwJDowxP_hgFf6NrBakGISJGxkeZh90uHWq_gJQD5IWy/s1600/annabel-lyon-cp-7715630.jpg" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhF13xDIpLfc9XSH8Ws5hSmEDrqvsSM5a9qbrMrksY1-wJIaYR2zjOFuUs2Xcv_mb1faMCHjKOdCgj1xKcsyQISb6PNYsERXJYYCwJDowxP_hgFf6NrBakGISJGxkeZh90uHWq_gJQD5IWy/s1600/annabel-lyon-cp-7715630.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div class="MsoNormal"><b><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;">A autora e sua obra</span></b></div></td></tr>
</tbody></table><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">Por outro lado, nota-se que as mulheres de Annabel são fortes. Obviamente elas aparecem precedidas pelas figuras masculinas, como se esperaria de uma descrição das relações interpessoais do período, porém, Annabel Lyon, não sem grande habilidade, soube fazer com que elas estejam no domínio da situação, mesmo quando, por abnegação ou apurado senso de adequação social, deixem que os homens pensem que às têm sob controle ou que detêm a primazia. É exatamente o que ocorre em uma passagem em que a segunda mulher do Estagirita o deixa estupefato ao exigir com naturalidade o prazer sexual que ele tinha certeza que ela, assim como todas as outras mulheres, estava fisicamente impedida de atingir.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><br />
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">De um modo geral, os atores que atuam nesse grande palco pensado por Annabel Lyon são absolutamente fantásticos, muitos, é bem verdade, chegam precedidos por suas ilustres biografias como Nicômaco, Felipe, Platão, Demóstenes, Calístenes, Heféstion, Ptolomeu, Espêusipo (que sucedeu o tio Platão na direção da Academia, frustrando Aristóteles) e o próprio Alexandre.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">A propósito, como é comum no mercado editorial brasileiro, a tradução do título original “<b><i>The Golden mean</i></b>” subverte seu o sentido original. Em verdade, o novo título induz o leitor ao erro e faz parecer que o filósofo e o garoto que viria a ser um grande conquistador, dividem o <i>status</i> de protagonista do romance, mas isto não é verdade: Alexandre é meramente um coadjuvante, por incrível que isso possa parecer.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">Evidentemente, desde a sua primeira aparição, o garoto que expandiria os limites da glória e levaria o modo de vida grego para os confins do mundo, demonstra possuir grande personalidade. Já era possível antever uma dignidade especialíssima e uma energia indomável naquele garoto que um dia se tornaria o Faraó do Egito e subiria ao grande trono aquemênida, que fora ocupado pelos grandes reis da Pérsia.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEipqRs-AjhVRP3-CpOzaTnAhUJddtOyN1YC9htUv4Wudx_MT-NjpBYfsvo3GZCrsGe9eGfuE1RKANWlQ9sNpscZ5Daha3pwdy7AsLdGFU26kGZaEC2lKdWlE-0AA-OTFQ78X-UJ3rPp3XIH/s1600/tres+capas.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="196" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEipqRs-AjhVRP3-CpOzaTnAhUJddtOyN1YC9htUv4Wudx_MT-NjpBYfsvo3GZCrsGe9eGfuE1RKANWlQ9sNpscZ5Daha3pwdy7AsLdGFU26kGZaEC2lKdWlE-0AA-OTFQ78X-UJ3rPp3XIH/s400/tres+capas.JPG" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div class="MsoNormal"><b><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;">Outras duas versões canadenses e uma da Inglaterra</span></b></div></td></tr>
</tbody></table><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">O título original, por seu turno, expressa as situações de conflito e de extremos vividas por Alexandre e Aristóteles, Aristóteles e Felipe e Felipe e Alexandre. A idéia inscrita no título original, “<b><i>Golden Mean</i></b>” denota um importante conceito que perpassa a obra do filósofo: a idéia da média, que para ele era muito importante, pois dizia que <i>“a melhor medida é a do meio”</i> e acreditava que a forma ideal do comportamento humano é a média entre os extremos. Como se sabe, <b><i>Golden Mean</i></b> é o ponto certo entre dois extremos. Não raras vezes é utilizado como sinônimo de <b><i>Golden Ratio</i></b> (proporção divina ). Portanto o título original também estava a indicar que por mais que o Estagirita tenha tentado evitar a maioria das teorias idealistas de Platão, acabou por acompanhar seu mestre, pois a idéia de encontrar esse meio termo é também um ideal, algo inatingível em si mesmo.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">Já avançando além do período tratado na obra, é sabido que Aristóteles sobreviveu ao seu ilustre pupilo e voltou à Antenas para fundar sua própria escola, o Liceu. Conforme dito, o romance de Annabel Lyon não chega tão longe assim. Despedimo-nos de ambos, do Filósofo e do Imperador, ainda nas paragens da Macedônia e parar por aqui é parar no limite do que é recomendável dizer para manter este comentário livre dos terríveis e temidos <b><i>spoilers</i></b>. Contudo, os acontecimentos posteriores, que pertencem apenas à História, de alguma forma me fizeram imaginar (porque não?) e mesmo ter esperança de que, quem sabe um dia, a autora não decida continuar contando esta estória. </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">E enquanto me distraía com tal perspectiva, de que a autora encontrasse, por fim, uma justa medida para isso, um meio termo, descobri, por meio de uma entrevista que Annabel Lyon concedeu a uma revista espanhola, que ela já trabalha em uma sequência para seu livro e que desta vez a narradora será a pequena Pítias, filha do Estagirita, que ficou órfã aos 16 anos e, antes disso, viveu os momentos conturbados trazidos pela morte de Alexandre na Babilônia. Confesso que mal posso esperar por mais essa ousadia de Annabel Lyon.</span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div>CBhttp://www.blogger.com/profile/14574921363611189081noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7991305759433333228.post-53710712699233298102011-04-22T02:51:00.035-02:002011-05-01T02:47:21.642-02:00Alexándros<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgOfdAWgYCR4U017AGxOQbfpIGi8YtSG9VRvgMr0H8aTfj-1UxfOo-WK2P9dANN7xXslSYN5kJw22VjhBbNfdgmOL6R3L2XeTBtfH9cfYd0lDD2iX5lCVBYkbbv3Xnr29n0WEQxTg1FLDQ6/s1600/Alex%25C3%25A1ndros+-+Vers%25C3%25A3o+grega.bmp" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5598268308926688658" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgOfdAWgYCR4U017AGxOQbfpIGi8YtSG9VRvgMr0H8aTfj-1UxfOo-WK2P9dANN7xXslSYN5kJw22VjhBbNfdgmOL6R3L2XeTBtfH9cfYd0lDD2iX5lCVBYkbbv3Xnr29n0WEQxTg1FLDQ6/s400/Alex%25C3%25A1ndros+-+Vers%25C3%25A3o+grega.bmp" style="float: left; height: 194px; margin: 0pt 10px 10px 0pt; width: 400px;" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div class="MsoNormal"><b><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;">Versão grega do romance de Manfredi</span></b></div></td></tr>
</tbody></table><br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 14pt; font-variant: small-caps; line-height: 150%;">Comparisons Are Odious</span></i></b></div><div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"> </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">Comparações são realmente odiosas e não foi outro senão o próprio Bernard Cornwell que, certa feita, me disse isso. Contudo, ao terminar a leitura do primeiro volume da trilogia “<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Alexándros</i></b>” de Valerio Massimo Manfredi, intitulado “<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">O sonho de Olympias</i></b>”, não pela última vez, tive a sensação de que Bernard Cornwell teria escrito aquele livro de forma muito parecida. Ou seja, o estilo de Valerio Massimo Manfredi me fez lembrar os escritos de Cornwell. Claro que Manfredi possui seu próprio estilo, excelente por sinal, porém a forma com que este italiano demonstra se preocupar com o aspecto historiográfico, fazendo questão de registrar as alterações a que foi obrigado em sua adaptação, lembra bastante o que o seu colega inglês faz em seus romances históricos.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"> </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">Antes de avançar, devo explicar que não há nenhum equívoco no que disse no primeiro parágrafo: sim, aquilo é a mais absoluta verdade. Bernard Cornwell, dentre outras coisas, de fato, me disse : <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">“[...] comparisons are odious!”</i></b> Na ocasião, eu havia perguntado ao autor, por meio de um campo próprio em seu <i style="mso-bidi-font-style: normal;">website</i> oficial, quem era o melhor dentre três dos seus heróis mais famosos e o autor de “<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Crônicas de Arthur</i></b>”, com a grande gentileza e simpatia que reconhecidamente lhe são peculiares, não me deixou sem reposta, fazendo constar que eles, os heróis, eram equivalentes: <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">“Oh, they’re equals”</i></b>.</span><br />
<br />
<div class="pre-spoiler"><input id="xs" value="Leia Mais" style="margin-left: 50px; padding: 0px; width: 80px; " onclick="if (this.parentNode.parentNode.getElementsByTagName('div')[1].getElementsByTagName('div')[0].style.display != '') { this.parentNode.parentNode.getElementsByTagName('div')[1].getElementsByTagName('div')[0].style.display = '';this.innerText = ''; this.value = 'Ocultar'; } else { this.parentNode.parentNode.getElementsByTagName('div')[1].getElementsByTagName('div')[0].style.display = 'none'; this.value = 'Leia Mais';}" type="button"> </div><div><div class="spoiler" style="display: none;"><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"> </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8IsWURKYm0wikMwrE4HPfvgK5Oxm_yDvAySd8Ltpq5Uju90y7yUWsSX6sezNv1GfnXmSfOpTKSHpBIYNu-TfXd4EpfCEUuHAExDSmtN2UGgAS_KV8Eox8VPUt4TvzVjmMKYczNRrk3z8j/s1600/Alex%25C3%25A1ndros+-+Vers%25C3%25A3o+americana.bmp" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5598269532916122114" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8IsWURKYm0wikMwrE4HPfvgK5Oxm_yDvAySd8Ltpq5Uju90y7yUWsSX6sezNv1GfnXmSfOpTKSHpBIYNu-TfXd4EpfCEUuHAExDSmtN2UGgAS_KV8Eox8VPUt4TvzVjmMKYczNRrk3z8j/s400/Alex%25C3%25A1ndros+-+Vers%25C3%25A3o+americana.bmp" style="float: left; height: 198px; margin: 0pt 10px 10px 0pt; width: 400px;" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div class="MsoNormal"><b><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;">A trilogia na versão americana</span></b></div></td></tr>
</tbody></table><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">Com efeito, apesar de conhecer bem menos a obra de Manfredi, talvez, afinal, não seja nenhum absurdo supor que seja</span><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"> equivalente à obra do escritor inglês. Nada obstante, feito o devido esclarecimento, tornemos a tratar apenas da trilogia de Valerio Massimo Manfredi. A meu sentir, o primeiro acerto do autor foi na escolha da estória que se disporia a contar: a vida de Alexandre, o Grande, certamente é uma das maiores aventuras de todos os tempos e vem inspirando a humanidade e os corações dos homens, grandes e pequenos, desde que ele, então tão jovem, morreu em circunstâncias misteriosas aos trinta e dois anos de idade na Babilônia, após haver passado por este mundo como uma força devastadora. Alexandre, com seu ascendente e herói Aquiles parece ter escolhido espiar as dores de uma existência curta e gloriosa em detrimento de uma vida longa e ignominiosa, mas para mim, que hoje tenho 33 anos, não há como não lamentar o fim precoce do grande conquistador.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"> </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhk3K5ZgCAhghbT9oG6PJRfyq9I-DbkIglK7jXN-UX4sFBS6UNqWO0UNQLyqsDW5GO7eivdbgniYrokPLy3JWkgdLdOfzoF3t7zn87pTK8aUg51P-q5MJcV0qlwAwa473Eab3WsEVAC_Yz_/s1600/Alex%25C3%25A1ndros+-+Alem%25C3%25A3o.bmp" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5598270581372634290" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhk3K5ZgCAhghbT9oG6PJRfyq9I-DbkIglK7jXN-UX4sFBS6UNqWO0UNQLyqsDW5GO7eivdbgniYrokPLy3JWkgdLdOfzoF3t7zn87pTK8aUg51P-q5MJcV0qlwAwa473Eab3WsEVAC_Yz_/s400/Alex%25C3%25A1ndros+-+Alem%25C3%25A3o.bmp" style="float: left; height: 198px; margin: 0pt 10px 10px 0pt; width: 400px;" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div class="MsoNormal"><b><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;">A grande aventura de Alexandre na língua de Goethe</span></b></div></td></tr>
</tbody></table><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">Outro acerto de Manfredi foi a forma com que decidiu narrar essa grande aventura. O autor cuidou em não simplesmente retirar o elemento sobrenatural da estória e pintar um Alexandre demasiado humano, como faria um cético, mas tratou da questão com zelo, sem remeter sua narrativa às paragens da fantasia, porém preservando os aspectos místicos e míticos, que são componentes indissociáveis dessa grande aventura do homem ocidental (grego). Como se sabe, a vida do grande monarca macedônio foi contada por Plutarco com bastante sobriedade, mas nem todos os biógrafos de Alexandre puderam separar os fatos do mito que se criou em torno de sua personalidade. Estima-se que o próprio Alexandre, que encarregou Calístenes, o sobrinho do seu preceptor Aristóteles, de acompanhá-lo ao oriente para registrar os mínimos detalhes da campanha, cuidou para que o elemento sobrenatural estivesse presente na narrativa. Sua mãe, Olympias, convenientemente espalhou rumores de uma suposta ascendência divina de Alexandre, supondo que tal ligação favorecesse o filho na ascensão ao trono da macedônia. A questão se torna mais profunda quando Alexandre é recebido com um deus no Egito e toma consciência que é assim – como um deus – que deve aparecer diante seus novos súditos orientais, que especialmente nesse ponto diferem muito dos gregos, haja vista estarem habituados a servir soberanos de linhagem reconhecidamente divina. Manfredi, portanto, ilustra seu romance com todas as lendas conhecidas, mas, com habilidade, as apresenta num viés capaz de agradar místicos e céticos.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"> </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">Não bastasse, é impossível não se tornar cativo dos grandes personagens da narrativa, o próprio Alexandre, Aristóteles, Felipe, Ptolomeu, Dário, Perdicas, Heféstion, Cratero, Parmênio, Diógenes, Platão, Demóstenes, dentre outros, cada um deles com maior ou menor participação no enredo. A leitura gera a familiaridade e, no fim das contas, é como estar acompanhado desses grandes homens. Até o cavalo de Alexandre, Bucéfalo, e o seu cão, Péritas, o molosso, merecem tal destaque no romance, que acabam por cativar tanto quanto todos os outros.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"> </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgp8M6Wc6nxtSNlJVf0zGJxHljGA3iOPa65r_fn07fR85z-qkBnNx0r2GW32DCsfTkJ5YqTjjH7jKPffKAUIcApYsRBWvGABxxVB3GEBE1VkX0XRzV_x-458_KOC37YgGVxT01-M-5OTmzW/s1600/Persa+e+Maced%25C3%25B4nia.bmp" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5598272763860498210" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgp8M6Wc6nxtSNlJVf0zGJxHljGA3iOPa65r_fn07fR85z-qkBnNx0r2GW32DCsfTkJ5YqTjjH7jKPffKAUIcApYsRBWvGABxxVB3GEBE1VkX0XRzV_x-458_KOC37YgGVxT01-M-5OTmzW/s400/Persa+e+Maced%25C3%25B4nia.bmp" style="float: left; height: 398px; margin: 0pt 10px 10px 0pt; width: 400px;" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div class="MsoNormal"><b><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;">As edições da Pérsia e da Macedônia, onde Alexandre </span><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;">reinou</span></b></div></td></tr>
</tbody></table><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">Todavia, é bem verdade que o autor não se preocupou em inserir personagens femininas de relevo. Às mulheres Manfredi dispensou papel secundário. Elas são todas coadjuvantes. Nem mesmo à própria Olympias, mãe do conquistador, o autor garantiu participação decisiva. Imagino que, cioso, o autor tenha deixado escapar a oportunidade de corrigir uma injustiça história e decidiu manter a mulher no exato papel que representou na Grécia antiga, pois é sabido que, nessa época, elas ocuparam posição secundária na sociedade e foram invariavelmente condenadas à submissão, à obediência.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"> </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">Por outro lado, um dos pontos altos são as descrições batalhas travadas por Alexandre: Queronéia, Granico, o cerco de Tiro, Isso, Gaugamela, Hidaspes, etc. Por mais que a fama dessas batalhas as preceda, quando o romance atinge um desses momentos de definição, o autor sabe empregar o ritmo certo na narrativa. Ele prende o leitor como quem estica uma linha indefinidamente até que a tensão se torne insuportável, fazendo o leitor, por vezes, segurar o ar nos pulmões nos instantes decisivos, por saber que a linha se romperá a qualquer momento e também por ignorar o desfecho de cada cena. Essa qualidade da narrativa fez com que o livro se tornasse um companheiro contumaz, pois não conseguia me separar dele antes de saber como Manfredi encerraria cada um daqueles episódios decisivos. Assim, para mim se tornou familiar imaginar os sons do grande Tambor de Queronéia e do tropel dos cascos dos cavalos da Turma de Alexandre.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"> </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh3YhhJ64r2n_Zw25VXJ_AHprlm6mPqt7Z5hu_IED2FuohRnG0aIW0y0M6GEBtphLdLsLQHaldtB7QxeEKq-yBYgf0czE2BWQ1Rwj8FTXFleu060p9bMuVKj-Wu47uGniU8eHhnIICLWYml/s1600/Mex+esp.bmp" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5598274914055720322" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh3YhhJ64r2n_Zw25VXJ_AHprlm6mPqt7Z5hu_IED2FuohRnG0aIW0y0M6GEBtphLdLsLQHaldtB7QxeEKq-yBYgf0czE2BWQ1Rwj8FTXFleu060p9bMuVKj-Wu47uGniU8eHhnIICLWYml/s400/Mex+esp.bmp" style="float: left; height: 393px; margin: 0pt 10px 10px 0pt; width: 400px;" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div class="MsoNormal"><b><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;">Duas belas edições em língua espanhola: México e Espanha</span></b></div></td></tr>
</tbody></table><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">No <i style="mso-bidi-font-style: normal;">website</i> oficial do autor, é possível verificar que a trilogia foi editada em mais de trinta países e que a capa da edição brasileira é muito parecida com a que foi utilizada em muitos países, inclusive nas versões grega e macedônia, respectivamente das editoras Livani e Aea Publication.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"> </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhOJfgR4x7T6lYOPOkzITt4LYyY86Va1BGe6Us5uHY6iMxC0afm8C95rZZyEGobPVKjunNVrmn8tWUET9dutIfPuwD6cBrVuwIZmbvdYhx0i-NNW5hzEKhoMEuIvmA7gjsJAgAn1VeT4iQB/s1600/Fran%25C3%25A7a.bmp" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5598276166142002226" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhOJfgR4x7T6lYOPOkzITt4LYyY86Va1BGe6Us5uHY6iMxC0afm8C95rZZyEGobPVKjunNVrmn8tWUET9dutIfPuwD6cBrVuwIZmbvdYhx0i-NNW5hzEKhoMEuIvmA7gjsJAgAn1VeT4iQB/s400/Fran%25C3%25A7a.bmp" style="float: left; height: 213px; margin: 0pt 10px 10px 0pt; width: 400px;" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div class="MsoNormal"><b><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;">O romance na língua de Voltaire</span></b></div></td></tr>
</tbody></table><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">No total, a versão brasileira do romance passa das mil páginas, bem divididas nos três volumes: <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">(i)</i></b> “O sonho de Olympias”; <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">(ii)</i></b> “As areias de Amon”; e <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">(iii)</i></b> “Os confins do mundo”, lançados pela editora Rocco. Os volumes chegaram às minhas mãos graças a uma promoção quase inacreditável de um conhecido site de compras na internet, que ainda vende os três volumes por menos da metade do valor de mercado de apenas um deles, mas confesso que os livros já haviam passado pelas minhas mãos diversas vezes em muitas livrarias que visitei. Ele era aquele tipo de livro que eu segurava nas mãos e tinha a sensação de que gostaria de ler, mas acabava optando por outro título, pois a edição da Rocco não era nenhum primor e mesmo assim o preço era bem elevado. “Qualquer dia desses, preciso me lembrar de procurá-lo em um sebo” era o que eu sempre pensava. Hoje, após a leitura, quase me arrependo de não ter confiado mais em minha intuição (aquele tipo de vibração que um livro não lido e desconhecido passa durante o folhear, instantes antes de devolvê-lo à estante), pois, seguramente, o investimento, mesmo com o valor cheio, teria valido muito a pena.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"> </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">Finda a leitura, encerrada a grande campanha, da Macedênia à Índia, com um pouco de concentração e sem nenhum exagero, ainda sou capaz de, lembrando desta grande aventura, fechar os olhos e ouvir o rufar do grande Tambor de Queronéia.</span></div></div></div></div>CBhttp://www.blogger.com/profile/14574921363611189081noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7991305759433333228.post-36237535114335775722011-01-16T01:35:00.027-02:002011-05-08T01:21:25.776-02:00O Adeus de Fontainebleau<div style="text-align: center;"><b><i><span style="font-family: Verdana; font-size: 14pt; font-variant: small-caps; line-height: 150%;">Que </span></i></b><b><i><span style="font-family: Verdana; font-size: 14pt; font-variant: small-caps; line-height: 150%;">Ce Dernier Baiser Passe </span></i></b><b><i><span style="font-family: Verdana; font-size: 14pt; font-variant: small-caps; line-height: 150%;">Dans Vos </span></i></b><b><i><span style="font-family: Verdana; font-size: 14pt; font-variant: small-caps; line-height: 150%;">Co</span></i></b><b><i><span style="font-family: Verdana; font-size: 14pt; font-variant: small-caps; line-height: 150%;">eurs!<br />
<br />
</span></i></b></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhzq1vik6Nlu7y0-y-NBElnrUwU8psH7ed7F4cm96NBKKRQguAXtgBwfHrV3wgviLku6lpq-TAkPibpUcRaHrxnmiCnGoJs-dfXORADeS2NH3MEtRWIofB5avDZUZr17IVfdCG4dKepCk4s/s1600/Montfort_-_Adieux_de_Napoleon_a_la_Garde_imperiale.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="472" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhzq1vik6Nlu7y0-y-NBElnrUwU8psH7ed7F4cm96NBKKRQguAXtgBwfHrV3wgviLku6lpq-TAkPibpUcRaHrxnmiCnGoJs-dfXORADeS2NH3MEtRWIofB5avDZUZr17IVfdCG4dKepCk4s/s640/Montfort_-_Adieux_de_Napoleon_a_la_Garde_imperiale.jpg" width="640" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"><br />
No dia 20 de abril de 1814, em um dos momentos mais dramáticos e arrebatadores de sua epopéia, o Imperador Napoleão I, acompanhado de alguns poucos oficiais, desceu as escadarias em forma de ferradura do Palácio de Fontainebleau, que dão acesso ao Pátio do Cavalo Branco, para se despedir de sua Velha Guarda. Oficialmente, naquele momento, ele já deixara de ser o imperador dos franceses. Ele, pois, havia abdicado. Terminara o seu sonho de uma Europa Unificada sob o domínio francês.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"> </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">Dois anos antes, aqueles bravos homens haviam marchado sob o seu comando através das estepes russas até Moscou. Durante toda a campanha eles não conheceram derrota em uma batalha sequer. O Czar, porém, abandonou a cidade e os poucos habitantes que restaram preferiram entregar sua capital às chamas a entregá-la aos franceses. E, assim, na noite em que Napoleão dormiu no Kremlin, Moscou ardeu. A retirada foi desastrosa. O “General Inverno” mostrou mais uma vez porque o solo da sagrada Mãe Rússia jamais foi conquistado pelo inimigo estrangeiro. O frio extremo, para o qual não estavam preparados, a fome que grassava entre as tropas e as investidas dos terríveis cavaleiros Cossacos ceifaram a vida de aproximadamente 570 mil homens (NICOLSON, 1987, p. 242). Com isso, <i>La Grande Armeé</i>, o Grande Exército de Napoleão foi desbaratado. Estima-se que a fina-flor da juventude francesa pereceu sob camadas de neve e trespassada pelas lanças dos Cossacos.</span><br />
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"></span><br />
<a name='more'></a></div><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">A fatalidade, contudo, não deteve o ímpeto do Imperador. A França cedeu mais uma vez seus filhos e um novo Grande Exército foi paramentado com as cores vibrantes da bandeira tricolor e marchou novamente sob o estandarte invencível da Águia Imperial. Nas primeiras páginas do clássico romance “A mulher de trinta anos”, o grande inventor da humanidade Honoré de Balzac (1973, p. 17-18) descreve o desfile do Imperador e sua guarda que partiam rumo a uma nova campanha:</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"> </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 2cm; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">Esse domingo era o décimo terceiro do ano de 1813. No dia seguinte, Napoleão partia para essa fatal campanha durante a qual ia perder Bessières e Duroc, ganhar as memoráveis batalhas de Lutzen e Bautzen, ver-se traído pela Áustria, pela Saxônia, pela Baviera, por Bernadotte, e disputar a terrível Batalha de Leipzig. A magnífica parada comandada pelo imperador devia ser a última daquelas que por tanto tempo exaltaram a admiração dos parisienses e dos estrangeiros. A velha guarda ia executar, pela última vez, as sábias manobras cuja pompa e precisão espantaram algumas vezes até o próprio gigante, que se preparava então para o seu duelo com a Europa. Um triste sentimento levava às Tulherias uma brilhante e curiosa população. Todos pareciam adivinhar o futuro, e pressentiam talvez que, mais de uma vez, a imaginação teria que retraçar o quadro daquela cena, quando dos tempos heróicos da França adquirissem, como hoje, cores quase fabulosas.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 2cm; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"> </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">As dificuldades, naturalmente, iam além da inexperiência dos neófitos combatentes. O insucesso da Campanha de 1812 inflou o moral das nações inimigas e uma nova coalizão se levantou contra Napoleão. As cinco coalizões anteriores haviam fracassado diante do Imperador, mas a Campanha de Leipzig foi marcada por vitórias pírricas: Champaubert, Montmirail, Château-Thiery, Vauchamp, Montereau, Craonne e Reims, foram combates vitoriosos e inúteis. Sem conseguir obter uma vitória que garantisse estabilidade em longo prazo, Napoleão recua.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"> </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><div style="text-align: left;"><table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhnZWYdPdd_CMefXnh65pEe7hiVI2nDACtYqNHhzlYhayoUR3cIRbrtf7lA6RGzkm-mDKD33AIooldysUYEme4vlywXvDgoxudl0hnNTFSTwxiqthMDyyPkjJqE0Kh0PTiSw4FRAfXpdu3q/s1600/The+Old+Guard%252C+picture+by+Dmitrii+Zgonnik.jpg" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5562624751986776834" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhnZWYdPdd_CMefXnh65pEe7hiVI2nDACtYqNHhzlYhayoUR3cIRbrtf7lA6RGzkm-mDKD33AIooldysUYEme4vlywXvDgoxudl0hnNTFSTwxiqthMDyyPkjJqE0Kh0PTiSw4FRAfXpdu3q/s320/The+Old+Guard%252C+picture+by+Dmitrii+Zgonnik.jpg" style="float: left; height: 166px; margin: 0pt 10px 10px 0pt; width: 320px;" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Granadeiros da Velha Guarda</span></b></td></tr>
</tbody></table></div><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">Segundo Paul Johnson (2002, p. 164) O Imperador houvera elevado o nacionalismo francês “a gigantescas alturas”, porém despertara outras forças nacionalistas que se aliaram contra ele e contra a França e os avassalaram. A França, portanto, caiu. O inimigo ocupa Paris. Os marechais de Napoleão exercem pressão no sentido de que ele abdique. Quando ele, por fim, decide renunciar em favor do filho, O Rei de Roma, o Senado Francês já o havia deposto e optado pela volta de um Bourbon ao trono. Um Senado ainda composto por alguns dos regicidas que votaram pela morte de Luis XVI em 1792. A restauração dos Bourbon, que um ano antes parecia improvável, havia se tornado uma saída inevitável, ante a falta de outras perspectivas viáveis. Entrementes, uma turba de monarquistas derrubava a estátua de <i>l’Empereur</i> do Alto da Coluna Vendôme. Diante desse quadro desolador, conforme afirma Steven Englund (2005, p. 455), a Caulaincourt, o Imperador pareceu estóico: “Nos seus dias de sofrimento e o vi tal como nos dias de glória e prosperidade”.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"> </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">Contudo, Alexandre Dumas (2004, p. 130), célebre autor de “O Conde de Monte Cristo,” e filho de um general de Napoleão, diz que quando os aliados declararam que o Imperador, pessoalmente, era o único obstáculo à paz geral, se lhe restaram apenas dois caminhos: “sair da vida à maneira de Aníbal ou descer do trono à maneira de Sila.” Há rumores de que o primeiro caminho foi tentado, sem sucesso, de maneira que Napoleão decidiu recorrer ao segundo, nesses termos:</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"> </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 2cm; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">Tendo as potencias aliadas proclamado que o imperador Napoleão era o único obstáculo ao restabelecimento da paz na Europa, o imperador Napoleão, fiel a seu juramento, declara que renuncia por ele e seus herdeiros ao trono da França e da Itália, pois não há sacrifício pessoal, incluindo o da vida, que não esteja disposto a fazer pela França.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 2cm; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"> </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">E, assim, naquele 20 de abril em Fontainebleau, o grande corso precisou dizer adeus à sua amada Guarda. Representantes das nações aliadas foram testemunhas nervosas, todos eles estavam visivelmente emocionados. Dentre eles havia um russo, o Conde Chuvalov; um austríaco, o general Koller; um inglês, o coronel Ca</span><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">mpbell; e conde prussiano </span> <span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">Walburg-Truchess.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"> </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">Os homens aos quais Napoleão dirigiu o seu adeus representavam a unidade de elite do Grande Exército. <i>Os Imortais</i>, como eram conhecidos os combatentes da Guarda Imperial, compunham o destacamento mais respeitado, mais temido da Europa. Por duas décadas, de uma invencibilidade quase mítica, a simples visão de suas altas barrentinas cobertas de pêlo de urso espalhavam o terror entre os inimigos do Império. Os velhos <i>Peles de Urso</i> ajudaram seu Imperador a expandir os limites da glória, vencendo, sempre vencendo: seja sob o olhar dos “40 séculos” aos pés da grande Pirâmide de Guizé; seja cruzando os Alpes nas pegadas de Aníbal e subjugando o inimigo na terra dos antigos Césares; ou conduzindo a vitoriosa Águia nos campos de Marengo, Friedland, Wagram e Austerlitz.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"> </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQWUcZZdprJ6Orybou7d9UnbKK_TvOZteUbJcox_YgLMLdGeT678jh7FYgJzm5iBaJEpP4ds1lGv5HVYIJOd9cf_KlALWTwCmwl7MiTkFCRJQwrPzA0d-X-AD2Xo-YC83Lcb5bZIJNJWTw/s1600/%25C3%2581guia+imperial.JPG" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5562632557176773474" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQWUcZZdprJ6Orybou7d9UnbKK_TvOZteUbJcox_YgLMLdGeT678jh7FYgJzm5iBaJEpP4ds1lGv5HVYIJOd9cf_KlALWTwCmwl7MiTkFCRJQwrPzA0d-X-AD2Xo-YC83Lcb5bZIJNJWTw/s320/%25C3%2581guia+imperial.JPG" style="display: block; height: 239px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 320px;" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">A Águia, símbolo máximo do Grande Exército</span></b></td></tr>
</tbody></table><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">Oficialmente, a </span><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">Guarda Imperial foi instituída em 1804, ano da coroação de Napoleão, mas antes disso foi a Guarda Consular que data de 1799, que por seu turno havia surgido da união da <i>Garde du Directoire exécutif</i> e dos <i>Grenadiers près de la Représentation nationale</i>. Os <i>Peles de Urso</i> eram a divisão de elite mimada por seu imperador, veteranos de muitas campanhas: <i>Les Immortels</i>.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"> </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">Os Imortais estiveram sempre prontos a ouvir as exortações de seu Imperador e em 20 de abril de 1814 não foi diferente. A Guarda era toda ouvidos, impecavelmente formada no Pátio do Cavalo Branco.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"> </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">O professor Euclides Mendonça (2008, p. 101) lembra que foi exatamente nas proclamações que o Imperador se destacou e atingiu o auge de sua expressão literária. Para Mendonça, as proclamações de Napoleão constituem um modelo de eloquência militar, campo em que o Vencedor de Austerlitz não encontra adversários na História. Lanfrey (apud MENDONÇA, 2008, p. 101), para quem Napoleão foi muito inferior a César “no tocante ao bom senso”, reconhece que os discursos de l’Empereur possuiam, em grau muito superior aos do romano, “o dom de arrebatar e impactar as imaginações”.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"> </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">A proclamação nada mais é senão uma pequena peça de oratória, que apresenta uma estrutura clássica: “um breve exórdio, um núcleo de ideias e uma rápida peroração” (MENDONÇA, 2008, p. 103). Napoleão, um mestre nessa arte, não perdia tempo com perífrases e intróitos. Antes, ele abordava com vigor o assunto, dispensando as transições e se apropriando das idéias, as quais bebeu nos clássicos e que se lhe surgiam em turbilhão. Sua linguagem não escondia suas emoções, mas, isto sim, as deflagrava como uma salva de metralha, que atingia em cheio os seus interlocutores.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"> </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjiM20A3uRfqiipeXIy9ReFt7C29KI-rs2wGEugS0I18LOdpeQtgYHpGcFYQjpuTauAz0ENANS7RE4or9sakIDRTb312FI4XMbCvzc4JqPlfW6-nXEdJUc1l8JHBhzPhiYcOyj7Vr6JHZ5c/s1600/Grenadier+of+the+Old+Guard+1805.JPG"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5562633982064996370" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjiM20A3uRfqiipeXIy9ReFt7C29KI-rs2wGEugS0I18LOdpeQtgYHpGcFYQjpuTauAz0ENANS7RE4or9sakIDRTb312FI4XMbCvzc4JqPlfW6-nXEdJUc1l8JHBhzPhiYcOyj7Vr6JHZ5c/s320/Grenadier+of+the+Old+Guard+1805.JPG" style="cursor: pointer; float: left; height: 320px; margin: 0pt 10px 10px 0pt; width: 249px;" /></a><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">Desse modo, as palavras que ele diria aos Imortais, naquele dia, com justiça, passariam à História. A proclamação ficou conhecida como o “Adieux à la Garde”. Momentos antes, Napoleão havia escrito uma carta à Maria Luiza dando conta que estava de partida, que dormiria aquela noite em Briare e no dia seguinte partiria novamente rumo a Saint-Tropez. Na carta, ele se despede, assegurando à Imperatriz que ela poderá sempre contar com a sua dedicação, constância e coragem e enviando um beijo ao Rei de Roma. Ele não desconfiava que jamais veria sua imperatriz e seu “reizinho” novamente.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"> </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">É chegado o momento: Napoleão se virou para cumprimentar os oficiais que o acompanhavam e desceu as escadas com passo firme. Lá estavam os granadeiros da Velha Guarda formados. As baionetas brilharam à luz do dia quando o Imperador chegou para se colacar mais uma vez entre seus homens. Eis as suas palavras:</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"> </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 2cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">Soldados da minha Velha Guarda,<br />
<br />
</span></b></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 2cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"> </span></b></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 2cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">Venho apresentar-vos minhas despedidas.<br />
<br />
Durante vinte anos a fio, muitas e muitas vezes, deparei-me convosco, palmilhando o caminho da honra e da glória.<br />
<br />
</span></b></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 2cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"> </span></b></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 2cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">Nos dias que correm, como também, nos dias de nossos sucessos, nunca deixastes de ser modelos de bravura e de lealdade. Com homens de vossa estirpe, nossa causa não estaria perdida. Mas a guerra parecia interminável.<br />
<br />
Corríamos o risco iminente de um conflito civil. Isso ocorrendo, a França tornar-se-ia ainda mais infeliz.<br />
<br />
</span></b></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 2cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"> </span></b></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 2cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">Eis por que sacrifiquei todos os meus interesses em prol dos interesses da pátria e me afasto. Quanto a vós, meus amigos, continuai servindo à França. Para ela estiveram voltados todos os meus pensamentos. Para ela convergirão sempre meus melhores anelos. Não deploreis meu infortúnio. Se aceito sobreviver-me é, ainda, para servir vossa glória. Pretendo escrever sobre os grandes feitos que empreendemos juntos.<br />
</span></b></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 2cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"><br />
</span></b></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"> </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">A emoção o sufocou, obrigando-o a uma curta pausa. Max Gallo (2003, p. 570) lembra que nesse instante ouviu-se apenas os soluços dos bravos granadeiros. Então o Imperador continuou:</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"> </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 2cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">Adeus, filhos meus. Gostaria de estreitar-vos a todos junto ao meu coração. Que eu beije, pelo menos, a vossa bandeira!</span></b></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 2cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"><br />
</span></b></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"> </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">Nesse momento, o General Petit se adiantou trazendo consigo a bandeira com a Águia reluzente no topo da haste. O Imperador, não sem grande emoção, beijou a bandeira e abraçou Petit. Encerrando, ele diz:</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"> </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 2cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">Adeus, mais uma vez, meus velhos camaradas! Que este último ósculo perpasse vossos corações!</span></b></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 2cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"><br />
</span></b></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"> </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">Ao final, Napoleão abraçou os fiéis oficiais que lhe cercavam e subiu no carro que se pôs imediatamente a caminho. Alexandre Dumas (2004, p. 130) escreveu que, durante um ano, o mundo pareceu vazio.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"> </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">Certo é que o 20 de abril de 1814 foi um dos dias mais emocionantes da saga napoleônica. A cena da despedida foi retratada na famosa pintura romântica de Antoine Alphonse Montfort, chamada “<i>Adieux de Napoléon à la Garde impériale dans la cour du Cheval-Blanc du château de Fontainebleau</i>”. O astro Rod Steiger, no filme Waterloo, de 1970, interpretou a cena em uma <a href="http://www.youtube.com/watch?v=FfIQF-mY208">adaptação cinematográfica</a> que, apesar da alteração do texto original, ainda emociona.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"> </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">Em 4 de maio de 1814, Napoleão aportava em Elba. A história daquele lugar jamais seria a mesma novamente. A Velha Guarda teve que esperar com paciência, em um “interminável apresentar-armas, enquanto retiniam ainda as últimas palavras do imperador deposto” (BONHEUR, 1982, p. 133), mas, doze meses depois, Os Imortais marchariam novamente sob às ordens de seu Imperador.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"> </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">____________________________</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">REFERÊNCIAS:</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">BALZAC, Honoré de.<b> A mulher de trinta anos</b>. Tradução de Casimiro Fernandes e Wilson Lousada. São Paulo: Círculo do Livro, 1973. Título original: <i>Le femme de trente ans.</i></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"><i><br />
</i></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">BONAPARTE, Napoleão. <b>Memórias de Santa Helena</b>. Tradução de Olga de Garcia. Introdução e notas de Roger Peyre. Edições Meridiano: Porto Alegre, 1941.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">BLOND, Georges.<b> Napoleão</b>: os cem dias. Tradução de Sieni Maria Campos. Rio de Janeiro: Casa Jorge Editorial, 1998. Título original: <i>Napoléon: Lês cent juors.</i></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"><i><br />
</i></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">BONHEUR, Gastón. <b>Napoleão</b>: O Retrato do Homem. Tradução do Cel. Job Lorena de Sant’Anna. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército, 1982.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">DUMAS, Alexandre. <b>Napoleão</b>: uma biografia literária. Tradução, apresentação e notas de André Telles. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2004. Título original: <i>Napoléon.</i></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"><i><br />
</i></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">DURSCHMIED, Erik. <b>Como a natureza mudou a História</b>. Tradução de Mário Vilela. Rio de Janeiro: Ediouro, 2004. Título original: <i>The weater factor.</i></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"><i><br />
</i></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">ENGLUND, Steven. <b>Napoleão</b>: uma biografia política. Tradução de Maria Luiza X. de A. Borges. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2005. Título original: <i>Napoléon: A Political life.</i></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"><i><br />
</i></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">FURTADO, Peter (Org.): <b>1001 dias que abalaram o mundo</b>. Tradução de Fabiano Morais, Fernanda Abreu e Pedro Jorgensen Júnior. Rio de Janeiro: Sextante, 2009. Título original: <i>1001 Days that Shaped the World</i>.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span lang="EN-US" style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">GALLO, Max. </span><b><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">Napoleão</span></b><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">. Tradução de Léa de Abreu Novaes e Sieni Maria Campos. Rio de Janeiro: Casa Jorge Editorial, 2003. v. 2. Título original: <i>Napoléon: l’emperuer des rois, le immortel de Sainte-Hélène.</i></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"><i><br />
</i></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span lang="EN-US" style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">JOHNSON, Paul. </span><b><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">Napoleão</span></b><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">. Tradução de S. Duarte. Rio de Janeiro: Objetiva, 2002. Título original: <i>Napoleon</i>.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">LENTZ. Thierry. <b>Napoleão</b>. Tradução de Constancia Egrejas. São Paulo: UNESP, 2008. Título original: <i>Napoléon</i>.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">MENDONÇA, Euclides. <b>A Força do Estilo de Napoleão</b>. 2. ed. Brasília: Tesaurus, 2008.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">NICOLSON, Nigel. <b>Napoleão 1812</b>. Tradução de Henquique Araújo Mesquita. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1987. Título original<i> Napoleon 1812</i>.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">STENDHAL. <b>Napoleão</b>. Tradução de Eduardo Brandão e Kátia Rossini. São Paulo: Boitempo Editorial, 2002. Título original: <i>Memóires sur Napoléon</i>.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">WOLOCH, Isser. <b>Napoleão e seus colaboradores</b>: a construção de uma ditadura. Tradução de Carlos Araújo. Rio de Janeiro: Record, 2008. Título original: <i>Napoleon and his collaborators</i>.</span></div>CBhttp://www.blogger.com/profile/14574921363611189081noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7991305759433333228.post-51417851134901211862011-01-02T21:59:00.001-02:002011-01-02T23:25:53.009-02:00A Batalha de Waterloo: a última jogada de Napoleão<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjLnDTJcfw4HmwmRd-5RlavrhaN6VXDNtRw0RHK9t9Mn-Q_Z2ljuzS24VdbiiAIZFNhJloux_GRHBARCZNoq2fDor_f6TdaobrxBzPBVQATq6fdHdyQCPEGwH5IUUPUehBPRGDWczDjLU3d/s1600/waterloo_larger.jpg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5557742683981000370" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjLnDTJcfw4HmwmRd-5RlavrhaN6VXDNtRw0RHK9t9Mn-Q_Z2ljuzS24VdbiiAIZFNhJloux_GRHBARCZNoq2fDor_f6TdaobrxBzPBVQATq6fdHdyQCPEGwH5IUUPUehBPRGDWczDjLU3d/s320/waterloo_larger.jpg" style="cursor: pointer; float: left; height: 320px; margin: 0pt 10px 10px 0pt; width: 209px;" /></a><br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><b><span style="font-family: Verdana; font-size: 14pt; font-variant: small-caps;">A Centelha Moral</span></b></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;"> </span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;">A fisionomia do autor, o festejado historiador Andrew Roberts é bem conhecida dos apreciadores dos programas históricos transmitidos pelo History Channel, Discovery Civilization, National Geographic, entre outros. Em seu site oficial podemos encontrar seu belíssimo currículo acadêmico, as indicações dos prêmios que recebeu, as obras que publicou, etc. Além disso há uma informação relevante para o leitor do título ora comentado, que, em tese, tornariam ainda mais vultosas as suas credencias: “<i>He has also been elected a Fellow of the Napoleonic Institute</i>” <a href=#Nota1>[1]</a><a name=Topo1>.</a></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;"> </span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;">Seu editor brasileiro, a Companhia das Letras, não faz por menos e decreta sobre Roberts: “É fellow do Instituto de Estudos Napoleônicos e faz conferências sobre Napoleão nos Estados Unidos, Canadá e na Grã-Bretanha <a href=#Nota2>[2]</a><a name=Topo2>.</a></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;"> </span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;">Infelizmente não pude precisar se, por ventura, estariam se referindo à <i>International Napoleonic Society</i> <i>(INS)</i>, ou outra associação dedicada à memória de Napoleão Bonaparte.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;"> </span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;">Tampouco, no decorrer da leitura, logrei encontrar muitos traços de admiração do autor em relação a Napoleão. Antes, a devoção de Andrew Roberts é dedicada ao outro grande personagem da batalha objeto de seu estudo: ninguém menos que o grande vencedor de Waterloo, Arthur Wellesley, o colossal Duque de Wellington.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;"> </span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;"> </span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;">O título original é Waterloo: <b>Napoleon’s Last Gamble</b>. Como se sabe, a escolha do título de uma obra nunca é por acaso e no caso desta obra, não seria um exagero dizer que a escolha do da expressão “<i>last gamble”</i> já trairia certa parcialidade deste relato de Waterloo feito por Roberts. Minha desconfiança apenas aumentou quando me depararei com a dedicatória:</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;"> </span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="margin-left: 2cm; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;">“A Robin Birley, sobrinho-tetraneto de lord Castlereagh, estrategista-mor da coalizão que destruiu Napoleão.”</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;"> </span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
<a name='more'></a><br />
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;">Sem dúvida nenhuma, trata-se de uma dedicatória mais que apropriada, mais que contextualizada com o livro. Porém, todos esses sutis indícios de favorecimento da causa inglesa (nada mais natural, porquanto Roberts é inglês), a meu sentir, são confirmados com a leitura da obra, pois o que se vê é uma ode à Wellington e a sua vitória sobre Napoleão. A leitura em si não deixa de ser prazerosa, pois, registro desde já, a parcialidade não compromete a qualidade do livro de Roberts.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;"> </span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;">Os leitores pouco familiarizados com os acontecimentos anteriores à batalha podem encontrar certa dificuldade, pois o autor se absteve de explicar pormenorizadamente todos os eventos que culminaram com a batalha decisiva. Obviamente, o autor trata do essencial, fazendo menção ao retorno de Napoleão do exílio na Ilha de Elba, o que marca o inicio do período conhecido como Os Cem Dias: a marcha triunfal do Imperador até Paris, onde é recebido aos brados de “<i>Vive l'Empereur</i>”; a fuga de Luis XVIII; e a mobilização para a Guerra iminente. Napoleão, que sabe dos efetivos militares de inúmeras nações que convergem para a França, decide atacar primeiro.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;"> </span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;">Apreciei especialmente as riquíssimas descrições daquele que possivelmente é o mais famoso baile de gala de todos os tempos, oferecido pela Duquesa de Richmond, na véspera do confronto. Nesse ponto específico, entendo que o autor chegou a ser contraditório em sua defesa do Duque de Ferro, pois, em que pese reconhecer que a manobra de Napoleão em separar o exército inglês das forças prussianas, para enfrentá-los separadamente, surpreendeu o Duque, Roberts defende que a presença do general e de seus oficiais no baile era imprescindível para não alarmar a população belga com a aproximação dos franceses.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;"> </span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;">Ora, o argumento torna-se claramente falacioso, se consideramos que não só os belgas, mas toda a Europa estava completamente alarmada desde que se soube que Napoleão regressara em triunfo do exílio e reconquistara a coroa sem disparar um único tiro.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;"> </span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;">Outra contribuição importante de Roberts são os relatos das duas batalhas que antecederam Waterloo: Quatre Bras e Ligny. Os erros cometidos de parte a parte são elencados e fica claro que alguns homens importantes como o Marechal Ney, reconhecido por Napoleão como “O mais bravo dos bravos” <a href=#Nota3>[3]</a><a name=Topo3>,</a> cometeram erros pontuais que ao final custaram a vitória aos franceses, em que pese a vitória de Napoleão sobre Blücher em Ligny e a retirada os ingleses de Quatre Brás após o impasse sangrento que houve nessa encruzilhada estratégica.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;"> </span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;"> </span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiz9dceTbO8Wd3rrE45IMiOD1njziKCp5ZVk74Vfo_FlCjlNB_1FCpvkKI3tIXE2eLopJeyViTPRjBhz1waIWJP-WiEq6ohapnGKMSMGdIXy872Xym3cZeoz50fLKngM0kDPrNfAChQdCkX/s1600/A+batalha+de+waterloo.jpg"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5557743340063185090" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiz9dceTbO8Wd3rrE45IMiOD1njziKCp5ZVk74Vfo_FlCjlNB_1FCpvkKI3tIXE2eLopJeyViTPRjBhz1waIWJP-WiEq6ohapnGKMSMGdIXy872Xym3cZeoz50fLKngM0kDPrNfAChQdCkX/s320/A+batalha+de+waterloo.jpg" style="cursor: pointer; float: right; height: 330px; margin: 0pt 0pt 10px 10px; width: 230px;" /></a><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;">Nesse ponto, o autor soube </span><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;">reconhecer a atuação marcante e decisiva de outro personagem pouco lembrado, o marechal Jean-Baptiste Drouet d’Erlon, que, mais do que qualquer outro, reuniu plenas condições escrever um final diferente em Quatre Brás, Ligny e na própria Waterloo, mas revelou-se sempre tímido e ineficaz. Ao Lado de Ney e Grouchy, d’Erlon é apontado como um dos grandes responsáveis pelo desastre no lado francês.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;"> </span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;">Em alguns trechos, para descrever uma ação de sucesso das forças aliadas no decorrer daquele longo dia, o autor exagera na utilização de determinadas expressões, por exemplo ao dizer algo como: “felizmente a infantaria britânica resistiu ao assédio francês durante todo o dia e manteve fechados os portões do Castelo de Hougoumont” <a href=#Nota4>[4]</a><a name=Topo4>.</a> O trecho acima não é nenhuma transcrição literal do livro, mas passa a idéia do discurso utilizado. Obviamente pode ser um simples problema de tradução, mas o fato é que tal nível de inclinação excede os limites aceitáveis da parcialidade e, por pouco, não comprometem o relato do ponto de vista do registro histórico.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;"> </span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;">Por outro lado, é certo que se deve respeitar a visão inglesa do indiscutível triunfo inglês em Waterloo. Ademais, desde 1815 relatos parciais e apaixonados surgem de ambos os lados do Canal da Mancha.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;"> </span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;">No caso específico de “<b>A Batalha de Waterloo: a última jogada de Napoleão</b>” permeia toda a narrativa a tese do autor segundo a qual Napoleão não sofreu especialmente de nenhum problema de saúde naquele dia, 18 de junho de 1815. O propósito parece claro, afinal quanto mais alto Napoleão for alçado, maior será o vulto do homem que o derrubou. Contudo as exaltações couberam todas ao Duque, de maneira que em alguns momentos o autor não foi capaz de esconder seu antagonismo em relação ao imperador dos franceses. Credito tais excessos à antiga e transcendente rivalidade que existe entre as duas nações.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;"> </span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;">O vencedor de Waterloo, o Duque de Wellington, foi seguramente um dos maiores generais de todos os tempos, mas é preciso dizer que não teria vencido em Waterloo sem a intervenção oportuna dos reforços prussianos comandados pelo velho Marechal Gebhard Leberecht von Blücher. Para Andrew Robert, entretanto, a hipótese não merece sequer ser considerada, pois, ao que assevera, Wellington jamais teria se batido naquele dia, não tivesse ele a certeza que receberia o decisivo reforço prussiano.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;"> </span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;">Partidarismos à parte, o livro de Roberts é recomendabilíssimo. As grandes cenas de Waterloo estão todas lá: a carga dos Scots Greys, o avanço da infantaria francesa, as batalhas dentro da batalha em Hougoumont e La Haye Sainte, a carga da cavalaria francesa comandada por Ney contra os bem protegidos quadrados ingleses, a investida dos Imortais da Velha Guarda Imperial, na única vez em que conheceram a derrota, bem com a força e o gênio dos grandes comandantes que finalmente se enfrentaram, enfim toda a glória e todo o horror daquele campo de batalha que reuniu dois dos maiores líderes militares da história.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;"> </span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;">Por fim, ouso indicar dois complementos indispensáveis à leitura: (i) o filme Waterloo de 1970, dirigido por Sergei Bondarchuk que é espetacular. Na trama os atores Rod Steiger e Christopher Plummer interpretam respectivamente Napoleão e Wellington; e (ii) o site <a href="http://www.batalhadewaterloo.com.br/">A Batalha de Waterloo</a> <a href=#Nota5>[5]</a><a name=Topo5>,</a> excelente trabalho idealizado por Carlos Bastian Pinto, que esclarece na apresentação do estudo: “[...] O principal intuito é de mostrar a história da batalha de Waterloo de forma gráfica e detalhada, procurando dar uma visão inteligível e clara, especialmente para o leitor brasileiro.”</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;">Wellington, que considerava Napoleão o maior general que o mundo já viu, defendeu que Waterloo foi uma vitória sofrida:</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;"> </span></div><div class="MsoNormal" style="margin-left: 2cm; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;">“algo danado de bom – a vitória mais apertada jamais vista... Por Deus, se eu não estivesse lá, não imaginaria que fosse possível.” <a href=#Nota6>[6]</a><a name=Topo6>.</a></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-left: 2cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;"> </span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;">Por seu turno, Napoleão, que jamais conseguiu ser tão magnânimo com relação ao Duque, definiu com precisão onde repousa o resultado de uma batalha que pode decidir o futuro da humanidade como Waterloo, de fato, decidiu:</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;"> </span></div><div class="MsoNormal" style="margin-left: 2cm; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;">“O futuro de uma batalha é o resultado de um instante, de uma ideia. Aproximamo-nos em combinações diversas, misturamo-nos, combatemos por certo tempo, e o momento decisivo se apresenta, uma centelha moral decide e uma pequena reserva concretiza.” <a href=#Nota7>[7]</a><a name=Topo7>.</a></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-left: 2cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;"> </span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;">Muitos defendem que Waterloo foi a maior de todas as batalhas. Muitos outros contra-argumentam no sentido de que em outros campos de batalha <a href=#Nota8>[8]</a><a name=Topo8>.</a> algo maior e mais representativo para o gênero humano esteve em jogo. Para alguns foi um dia glorioso, para outros uma terrível carnificina. Porém, será sempre incontroverso que o mundo nunca mais foi o mesmo depois daquele dia.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;"> </span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;">____________________________</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;"> </span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;"><a name=Nota1>[1]</a> <a href=#Topo1>^</a> Disponível em <a href="http://www.andrew-roberts.net/about_andrew.asp">http://www.andrew-roberts.net/about_andrew.asp</a>, acesso em 01/11/2010, às 23h47min.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;"> </span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;"><a name=Nota2>[2]</a> <a href=#Topo2>^</a> Excerto extraído da “orelha” em: ROBERTS. Andrew. A Batalha de Waterloo: a última jogada de Napoleão. Tradução de Laura Alves e André Barroso Rebello. Rio de Janeiro: Ediouro, 2006.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;"> </span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;"><a name=Nota3>[3]</a> <a href=#Topo3>^</a> Em Waterloo, Ney teve cinco cavalos mortos enquanto os montava em combate e lutou com extrema bravura. Todavia, conforme anotado pelo próprio Andrew Roberts, naquele dia ficou provado que não é apenas a coragem que define o resultado de uma batalha.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;"></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;"> </span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;"><a name=Nota4>[4]</a> <a href=#Topo4>^</a> As tropas inglesas defenderam bravamente o Castelo de Hougoumont do assédio francês em uma batalha dentro da batalha que durou toda a tarde e exauriu os franceses. O ponto alto da heróica defesa é o fechamento dos portões pelos ingleses, após uma investida da 1ª Brigada de Infantaria Ligeira que conseguira penetrar o Castelo.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;"> </span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;"><a name=Nota5>[5]</a> <a href=#Topo5>^</a> Disponível em: <a href="http://www.batalhadewaterloo.com.br/">http://www.batalhadewaterloo.com.br</a></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;"> </span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;"><a name=Nota6>[6]</a> <a href=#Topo6>^</a> ROBERTS. Andrew. A Batalha de Waterloo: a última jogada de Napoleão. Tradução de Laura Alves e André Barroso Rebello. Rio de Janeiro: Ediouro, 2006, p. 116.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;"> </span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;"><a name=Nota7>[7]</a> <a href=#Topo7>^</a> Napoleão Bonaparte BONAPARTE, Napoleão. in: BERTAUT, Jules (Org.): Napoleão Bonaparte: Manual do líder. Tradução de Júlia da Rosa Simões. Porto Alegre: LP&M, 2010, p. 107. Título original: Manuel du chef: Aphorismes chosis et préfacés par Jules Bertaut.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;"> </span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;"><a name=Nota8>[8]</a> <a href=#Topo8>^</a> Para o autor William Weir, por exemplo, a Batalha de Maratona de 490 a.C., entre outras, mereceu maior destaque, por certo que a vitória Grega contra os Persas, garantiu a sobrevivência da primeira experiência de governo democrático da história, permitindo que a Democracia chegasse até os dias atuais. Ver: WEIR, William. As 50 Batalhas De Mudaram o Mundo: Os Conflitos Que Mais Influenciaram o Curso da História. Tradução de Roger Maioli. 3. ed. São Paulo: M. Books, 2006.</span></div>CBhttp://www.blogger.com/profile/14574921363611189081noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7991305759433333228.post-72656072946498487012010-12-18T00:52:00.000-02:002010-12-20T00:04:30.284-02:00O Ouro de Sharpe<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgVCYC7uLmG4k8q_r8RuLEKKlcSAdWig7KDBwNHHZ_fAw8j9Wu2i4LvKjV-xqUQgc2u8COPTgirzGaA5HXStDWT1Cr6Q3a3UYQqEmzRKnyqS9UIbPeffUiS1f3N0Db8i_omNqAREpDdJiPs/s1600/sharpesgold2.jpg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5551851111892891314" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgVCYC7uLmG4k8q_r8RuLEKKlcSAdWig7KDBwNHHZ_fAw8j9Wu2i4LvKjV-xqUQgc2u8COPTgirzGaA5HXStDWT1Cr6Q3a3UYQqEmzRKnyqS9UIbPeffUiS1f3N0Db8i_omNqAREpDdJiPs/s320/sharpesgold2.jpg" style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; cursor: pointer; float: left; height: 320px; width: 198px;" border="0" /></a><br /><div class="MsoNormal" style="font-weight: bold; line-height: 150%; text-align: center;" align="center"><b><span style="font-variant: small-caps; line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:14pt;" >A Voz do Vencedor</span></b></div><div class="MsoNormal" style="font-weight: bold; line-height: 150%; text-align: center;" align="center"><i><span style="font-variant: small-caps;font-family:Verdana;" ><br /></span></i></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" > </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" >Agora que começo a traçar estas linhas, acabo</span><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" > de regressar da Livraria Cultura. Naturalmente, um passeio perturbador para qualquer bibliófilo, por menos obsessivo que seja. Em meio a uma variedade infindável de títulos e volumes disponíveis, me detive alguns minutos admirando um: “<i>Sharpe's Waterloo</i>”.<br /></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" ><br /></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" > </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" >Tratava-se de uma edição da HarperCollins de 2010, classificada como “paperback”, do tipo que, por aqui, poderíamos definir simplesmente como “brochura”, se fosse possível – claro está – não considerarmos que depois que os Beatles cantaram “<i>Paperback writer. Please, sir or madam, can you read my book?</i>” o termo ganhou outros significados correntes. Sim, pois, após essa intervenção pontual da cultura pop, “paperback”, mais do que nunca, passou a ter a conotação geral de publicação de baixo custo, quiçá baixa qualidade, seja do insumo empregado na própria edição, seja relativa à aptidão e aos rudimentos literários do escritor. Seguramente, trata-se de avassaladora bobagem, pois todos os grandes escritores publicados nos Estados Unidos e na Europa possuem edições em “paperback”, o que, a toda evidência, diminui sensivelmente o custo final do produto e o grande beneficiado não é outro senão o leitor.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" ><a name='more'></a> </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" > </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><br /><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" >Pois bem eu dizia que segurei o “<i>Sharpe's Waterloo</i>”. Por um tempo, enquanto o examinava com o merecido cuidado, colhendo algumas frases aqui e ali, imaginava quanto tempo será necessário para esse título estar disponível em uma dessas conhecidas e caras edições brasileiras da Editora Record. O cenário é desanimador para os ávidos fãs de Sharpe, entre os quais, seguramente, me incluo. Neste mês o lançamento de “O Ouro de Sharpe” foi aguardado com grande ansiedade e, como resultado, o devorei instantaneamente, apenas para, quase instantaneamente, retornar ao status “aguardando o próximo lançamento”. Exatamente como estive nos últimos meses, depois de “A Águia de Sharpe”.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><br /><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" >Soube [1] que o próximo título de Bernard Cornwell a ser lançado por aqui será o inédito “The Fort”, de maneira que a versão brasileira de “Sharpe's Escape”, o próximo seguindo a ordem cronológica histórica (que, como sabemos, difere da ordem em que os livros foram escritos), muito provavelmente será a única aparição inédita de Sharpe e Harper em terras brasileiras em 2011.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" ><br /></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" > </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" >Tubo bem, entendo que há questões contratuais envolvidas, outras, ainda, que dizem respeito a direitos de propriedade intelectual, bem como não se pode ignorar a complexidade das negociações e tratativas entre o autor e seus editores brasileiros e outras coisas do gênero. Porém, não há como não considerar que Sharpe perdeu o fôlego por aqui, infelizmente.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" ><br /></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" > </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" >Por outro lado, invariavelmente, um novo livro de Bernard Cornwell no Brasil vem com as inscrições “do mesmo autor das séries As Crônicas de Arthur e A Busca do Graal”. </span><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" lang="EN-US" >Lá fora não diriam menos que “Bernard Cornwell is the author of the Richard Sharpe novels”. </span><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" >E assim, aos fãs brasileiros resta o referido status: “aguardando o próximo lançamento com muita ansiedade”.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" ><br /></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" > </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" >Registrada a introdução acima, longa, porém necessária; registrado o meu inconformismo com as circunstâncias (todas elas) que impedem que a obra esteja integralmente disponível no Brasil, e antes que o presente comentário perca seu sentido por completo, é hora de tratar de “O Ouro de Sharpe”.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" ><br /></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" > </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" >Pois bem, o livro é bem estruturado. Toda a série é bem planejada. Em 1810, encontramos um Sharpe muito mais maduro e no pleno exercício de um atributo que, respeitadas as competências dos diversos níveis hierárquicos galgados ao longo da carreira, sempre o distinguiram: a liderança.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" ><br /></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" > </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" >O Capitão Sharpe de “O Ouro de Sharpe” é um oficial fuzileiro, um autêntico casaca-verde, ainda que lidere, além de seus fuzileiros, um regimento de casacas-vermelhas que esteve com ele no episódio narrado no livro anterior: a tomada da Águia. Inclusive, a fama e a admiração que essa façanha inspiram em todo o exército aliado, é bastante identificável na obra. A todo momento, pois, Sharpe é merecidamente saudado pela distinção que alcançou em Talavera.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" ><br /></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" > </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" >Além disso, é óbvio, trata-se de Cornwell, o que garante a precisão e a riqueza de detalhes. É impressionante a capacidade do autor de encadear os acontecimentos e não deixar espaço para a menor contradição ou obscuridade, que seriam (se existissem) amplamente justificáveis, dado o fato de haver um longo espaço de tempo entre a publicação original de cada um dos livros, e também por cada um deles ser – até onde isso é possível – uma história independente, além do fato de que, conforme já dito, a produção original não seguiu a ordem cronológica histórica. Um exemplo desse, digamos encadeamento lógico e ritmado do enredo, quando consideramos todos os livros, diz respeito ao próprio regimento que Sharpe orgulhosamente lidera e integra: os Fuzileiros.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" ><br /></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" > </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" >Sim, pois quando Sharpe ascendeu ao oficialato, promovido pelo próprio Duque de Wellington, após salvar a sua vida no calor da Batalha de Assaye, na Índia, o então Alferes, depois de uma curta passagem pelo 74º Regimento do Rei, recebeu a ordem de trocar a casava vermelha tradicional pela verde e servir no 95º Regimento de Fuzileiros e aquilo soou quase como uma punição:</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" ><br /></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2cm;"><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" > </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 2cm; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" >“Sharpe presumiu que o 95º fosse aquele tipo de batalhão que era formado às pressas em tempos de guerra, munidos de refugos de outros regimentos e composto por ratos de esgoto descartados por todos os outros sargentos de recrutamento. Até o fato de usarem casacas verdes soava mal, como se o exército não se desse ao trabalho de desperdiçar pano vermelho e decente com eles. Eles provavelmente iriam se dissolver em um caos em sua primeira batalha.” [2]</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 2cm; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" ><br /></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2cm;"><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" > </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" >A narrativa acima data do ano de 1803, pouco antes de Sharpe participar do cerco a Gawilghur. Sete anos se passaram desde então, o suficiente para os Fuzileiros se tornarem a elite do exército inglês. Cornwell explica como ninguém as vantagens e desvantagens de se trocar a velocidade na recarga do mosquete tradicional de alma lisa, pela precisão e alcance do Fuzil Baker (aposta que os franceses jamais fizeram), de modo que as façanhas dos casacas verdes são enaltecidas a todo momento em “O Ouro de Sharpe”, podendo-se perceber o quanto eles evoluíram:</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" ><br /></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2cm;"><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" > </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 2cm; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" >“Os fuzileiros eram a elite do exército, os mais bem treinados, mais bem equipados, a melhor infantaria de um exército que alardeava os melhores soldados a pé de todo mundo.” [3]</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 2cm; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" ><br /></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2cm;"><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" > </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" >Nesse contexto, confesso que fiquei bastante intrigado com as várias exortações feitas pelo autor à infantaria inglesa. Segundo Cornwell os infantes ingleses eram os melhores do mundo, os mais rápidos em recarregar o mosquete e tal expertise fora adquirida por serem eles os únicos em todo o mundo civilizado a treinarem com munição verdadeira. Ao que entendo, com a devido acatamento, o argumento é, no mínimo questionável: em primeiro lugar, não creio que houvesse unanimidade em tal aclamação, pois os franceses, por exemplo, certamente diriam que os soldados da mítica (e invencível até sofrer a sua primeira e única derrota em Waterloo) Guarda Imperial, os “imortais”, como eram conhecidos, formavam a melhor infantaria do mundo; além disso, como o próprio Cornwell reconhece, os casacas-vermelhas eram formados pela escória da sociedade inglesa: ladrões, estupradores e delinqüentes de todo gênero que se alistavam para se evadirem do domicílio de suas respectivas culpas e para frustrarem a devida persecução penal. Ora, essa ralé formava um exército que não podia ter o moral mais elevado que os franceses, por certo que sofriam severas punições, como o açoitamento, por exemplo, além do fato de terem um líder muito menos carismático do que os franceses tinham em seu imperador. O simples fato de treinarem com munição verdadeira não os transformaria, como em um passe de mágica, em um esquadrão de elite. É bem verdade que no final eles foram os vencedores, mas até esse argumento reforça a suspeita, pois – como não pode ser segredo para ninguém – a história sempre é contada pelos vencedores e é exatamente isso que Bernard Cornwell, como bom inglês que é, está fazendo. Fazendo brilhantemente, é preciso dizer.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" ><br /></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" > </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPYdcMd7KFiMfL4j3bcG56VvhAMuVTT_UmLjmPI_M0ntp0EC86XRx09KRGKx-ihenI__PJUwujHxCrQheiAZx6S7d11a5qq38tZQxHWxt4MGTEjxNRIM5-vU5DH2z5pIa5oHO7w7eMR4Hw/s1600/ourosharpe_capa.jpg"><img alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5551853857861596610" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPYdcMd7KFiMfL4j3bcG56VvhAMuVTT_UmLjmPI_M0ntp0EC86XRx09KRGKx-ihenI__PJUwujHxCrQheiAZx6S7d11a5qq38tZQxHWxt4MGTEjxNRIM5-vU5DH2z5pIa5oHO7w7eMR4Hw/s320/ourosharpe_capa.jpg" style="margin: 0pt 0pt 10px 10px; cursor: pointer; float: right; height: 320px; width: 216px;" border="0" /></a><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" >O nacionalismo de Cornwell não raro o faz ser injusto em relação aos franceses, mesmo quando o assunto não é especificamente as guerras napoleônicas. A rivalidade entre França e Inglaterra, que não está em discussão aqui, é apenas um dos fatores que informam essa postura do autor. Sua versão dos personagens históricos Napoleão e Wellington demonstra isso. A certa altura dos acontecimentos de “O Ouro de Sharpe” Napoleão é descrito como “um homem pequeno” e prepotente, por achar a vitória na península era apenas uma questão de tempo. Por sua vez, o Duque de Wellington aparece protegido por uma áurea quase sagrada: frio, impenetrável e detentor de um caráter decisivo e do gênio capaz de reverter os rumos daquela guerra que parecia perdida para os ingleses com a aproximação de Masséna [4].</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" ><br /></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" > </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" >Os ingleses de todas as épocas, ao se referirem a Napoleão, apreciam utilizar-se do termo “pequeno”. Uma das grandes falácias da História escrita por eles, pois o mais certo é que as próprias alusões ao fato de estatura de Napoleão ser supostamente abaixo da média, não se confirmam, havendo relevantes suspeitas de que essa grande “bravata” tenha sido introduzida historicamente no subconsciente popular por um erro original de conversão, porquanto as medidas utilizadas no Reino Unido e na França no Século XIX eram distintas. Claro que o Duque de Wellington soube ser melhor que isso, até porque ele não era inglês, mas, isto sim, irlandês. Segundo sua biógrafa Elizabeth Longford, Sir John le Couteur afirmou que quando perguntaram a Wellington quem eram os grandes generais da época, sua resposta foi peremptória: “Desta época, de épocas passadas ou de qualquer outra: Napoleão.” [5]</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" ><br /></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" > </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" >Napoleão, em que pese tenha se referido a Wellington em tom ressentido nas “Memórias de Santa Helena”, acabou por admitir que o Duque “tinha todas as suas qualidades, com o acréscimo da prudência.” [6] É de se ver que os grandes homens souberam ser mais justos e equânimes entre si do que seus biógrafos e historiadores jamais puderam ser.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" ><br /></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" > </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" >Voltando ao tema inicialmente proposto, tenho que nessa nova aventura de Sharpe estão presentes todos os elementos que distinguem a série, que necessariamente passam por uma boa dose de aventura, de drama e da precisa ambientação histórica de Bernard Cornwell. Tampouco falta-lhe uma bela heroína: Teresa, que me pareceu uma versão feminina do próprio Sharpe de modo que, não fosse ela inatingível para ele, pela primeira vez nosso herói pareceria, de fato, estar bem acompanhando. Também não falta um vilão furtivo e poderoso. Nesse caso ele é também elegante e possui todas as vantagens em relação a Sharpe, o que me fez sentir saudades do velho Sargento Obadiah Hakeswill.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" ><br /></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" > </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" >Se o livro anterior, “A Águia de Sharpe” teve a batalha de Talavera como ponto alto, neste acompanhamos a tragédia de Almeida e o início da construção das Linhas de Torres Vedras, a gigantesca obra de engenharia construída secretamente por ordem do próprio Duque de Wellington, que mandou reconhecer o terreno e fortificar os pontos mais convenientes e defensáveis, criando um sistema de defesa ímpar : três linhas com um total de 152 redutos e 600 peças de artilharia, um sistema de comunicações com postos de sinais, defendido por 36.000 portugueses, 35.000 britânicos, 8.000 espanhóis e cerca de 60.000 homens de tropas portuguesas não regulares, estendidos ao longo de mais de 88Km. [7]</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" ><br /></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" > </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" >Por coincidência ou não, o lançamento de “O Ouro de Sharpe” ocorre em 2010, ano em que comemora-se os exatos 200 anos dos eventos ali narrados, notadamente, pelos orgulhosos portugueses, da construção das Linhas de Torres Vedras.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" ><br /></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" > </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" >Quando cheguei ao final da leitura, que foi mais rápida do que eu gostaria que fosse, e, enfim, alcancei a tradicional “Nota Histórica”, que para mim sempre foi uma das partes mais prazerosas da leitura dos livros de Bernard Cornwell, o autor, que parece antever e entender os problemas editoriais que encontramos aqui no Brasil, brinda-nos com o único lenitivo possível contra enorme ansiedade que é a esperança e o faz garantindo que Sharpe e Harper continuarão sua marcha.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" ><br /></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2cm;"><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" > </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" >____________________________</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" >1 O furo é do camarada Micheal Hasfel e está disponível em: <a href="http://bernardcornwellbr.vilabol.uol.com.br/">http://bernardcornwellbr.vilabol.uol.com.br/</a>, acesso em 15/12/2010, às 01h00min.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" ><br /></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" > </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" >2 CORNWELL, Bernard. <b>A fortaleza de Sharpe</b>. Tradução de Sylvio Gonçalves. Título original: <i>Sharpe’s fortress</i>. Rio de Janeiro: Record, 2005, p.68.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" ><br /></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" > </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" >3 CORNWELL, Bernard. <b>O Ouro de Sharpe</b>. Tradução de Alves Calado. Título original: <i>Sharpe’s gold</i>. Rio de Janeiro: Record, 2010, p.137.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" ><br /></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" > </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" >4 André Masséna, general francês que comandou a terceira invasão francesa de Portugal, sendo feito Príncipe d'Essling por Napoleão, mas que não logrou capturar Lisboa conforme o plano original, sendo detido pelas famosas Linhas de Torres Vedras.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" ><br /></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" > </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" >5 LONGFORD, Elizabeth. <b>O Homem que venceu Napoleão: </b>a História do Duque de Wellington. Tradução de Marcos Malvezzi Leal. Título original: <i>Wellington: a New Biograph</i>. São Paulo: Madras, 2004, p.132.</span></div><div class="MsoNormal"></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" >6 LONGFORD, Elizabeth. <b>O Homem que venceu Napoleão: </b>a História do Duque de Wellington. Tradução de Marcos Malvezzi Leal. Título original: <i>Wellington: a New Biograph</i>. São Paulo: Madras, 2004, p.131-132.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" ><br /></span></div><div class="MsoNormal"></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" >7 Informações do excelente Portal de comemoração ao bicentenário da construção das Linhas de Torres Vedras, disponível em:</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;font-family:Verdana;font-size:10pt;" > <a href="http://www.linhasdetorresvedras.com/historia/">http://www.linhasdetorresvedras.com/historia/</a>, acesso em 15/12/2010, às 02h00min.</span></div>CBhttp://www.blogger.com/profile/14574921363611189081noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7991305759433333228.post-84165222130362096382010-12-01T00:46:00.000-02:002012-04-11T18:48:12.159-02:00O Condenado, de Bernard Cornwell<div style="text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgtvPR8ZBDkoOag1lEVMykJNa9Y6olI6pNM62RZ6uQEGJ8cGfM-i1lrhuPc4P0ely2L8bITCIlwKm1wsOGMjZhC5HuGJA2ohFBf90gMRyxVZKmjXpgNKH6GUCuaUBmZku76-qKda3F7eg41/s1600/gallowsthief.jpg"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5545540700924050946" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgtvPR8ZBDkoOag1lEVMykJNa9Y6olI6pNM62RZ6uQEGJ8cGfM-i1lrhuPc4P0ely2L8bITCIlwKm1wsOGMjZhC5HuGJA2ohFBf90gMRyxVZKmjXpgNKH6GUCuaUBmZku76-qKda3F7eg41/s320/gallowsthief.jpg" style="cursor: pointer; float: left; height: 320px; margin: 0pt 10px 10px 0pt; width: 206px;" /></a><b><span style="font-family: Verdana; font-size: 14pt; font-variant: small-caps; line-height: 150%;">A </span></b><b><span style="font-family: Verdana; font-size: 14pt; font-variant: small-caps; line-height: 150%;">Pérola Subestimada</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">“Gallows Thief” é </span><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">o título original de mais esse excelente romance de </span><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">Bernard Cornwell. Como se sabe, a versão publicada no Brasil pela Editora</span><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"> Record foi chamada de “O Condenado”. O livro é brilhante: as descri</span><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">ções são finas e detalhadas; a trama é surpreendente e divertida; as ref</span><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">erências culturais são muitas e variadas; e as personagens marcantes. Tudo em sua composição </span><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">parece obedecer a uma ordem </span><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">bem planejada e minuciosa, como sói ocorrer com os romances históricos assin</span><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">ados por Cornwell.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">É de se notar, entretanto, que o livro não fo</span><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">i recebido pelo mercado brasileiro com o entusiasmo que merecia. Talvez – mera es</span><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">peculação – apenas sintoma da tradução do </span><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">título do livro o fazendo parecer um dos romances jurídicos do </span><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">advogado norte-americano John Grisham. Isso</span><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"> poderia afastar os fãs de romances históricos, porém</span><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"> o nome de Bernard Cornwell, certamente, os traria de </span><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">volta, ainda que o autor não contasse com uma legião de fiéis s</span><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">eguidores no Brasil. Talvez o sucesso de outros livros </span><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">do autor, talvez a falta de uma campanha de marketing mais agressiva po</span><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">r parte dos editores brasileiros de Cornwell, resta saber. O fato é que “O Condenado”, entre os títulos publicados no Brasil, é um dos últimos lembrados quando se pensa no escritor inglês, o que, definitivamente, é uma pena. Em minha modesta perspectiva, o público em geral, de uma forma ou de outra, subestima este livro e com isso perde uma grande aventura de investigação policial, ambientada na Inglaterra dickensiana do início do Século XIX.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br />
<a name='more'></a><br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">Os ingleses – havia dois anos - derrotaram Napoleão em Waterloo e a expansão do império não encontraria mais obstáculos. Eles liderariam a chamada Revolução Industrial e remodelariam a face do mundo com aço e vapor. É nessa atmosfera que, em 1817, Bernard Cornwell nos apresenta a Rider Sandman, o protagonista. Um típico herói cornwelliano: veterano do exército inglês que serviu durante a Guerra Peninsular e que combateu em Waterloo, a batalha decisiva que marcou o fim de uma Era. Além disso, Sandman é um exímio jogador de críquete. Porém, o fato de Sandman ter liderado os casacas-vermelhas no momento decisivo da famosa batalha, no confronto final com a Guarda Imperial de Napoleão, não lhe torna a vida mais fácil. O ex-oficial encontra dificuldades nos tempos de paz, como a maioria dos veteranos das guerras napoleônicas. Não bastasse, o pai de Sandman, jogador contumaz, arruinou a fortuna e a honra da família e cometeu suicídio. Assim, o Capitão aceita um trabalho temporário: investigar as circunstâncias em torno do assassinato de uma condessa. Um jovem pintor é condenado pelo crime e deverá, dentro de pouquíssimo tempo, expiar seus pecados no cadafalso. Isso se, antes, Sandman não conseguir provar sua inocência em uma corrida desesperada contra tudo e contra todos.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">Com suas descrições pormenorizadas, Cornwell faz a crítica elegante, mas incisiva, do sistema de punições inglês que vigorou, aproximadamente, de 1400 até 1850 e, mais tarde ficou conhecido como “Bloody Code”. A alcunha, que em português poderia soar parecido com “Código Sangrento”, se deveu ao grande número de crimes puníveis com a pena capital.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">Por todo o contexto, parece inevitável não pensar em Richard Sharpe, quando se trava conhecimento com o capitão Rider Sandman. Ambos serviram na Espanha, ambos lutaram em Waterloo e se destacaram liderando seus homens e sendo, acima de tudo, soldados de escol. A dupla que Sandman forma com o sargento Sam Berrigan, aliás, é tão explosiva quanto aquela outra que Sharpe compõe ao lado de Patrick Augustine Harper.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">Indo um pouco além da mera inferência, ouso dizer que encontrei referências a Sharpe no romance em dois momentos: Na página 109, Sandman explica como foi parar no endereço que é reputado reduto de bandidos:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">“ – É uma taverna que me foi recomendada por um oficial fuzileiro em Winchester, e me estabeleci nela antes de descobrir que era um endereço talvez menos do que desejável. Mas me serve.”</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">Quem mais senão o próprio Sharpe, que além de oficial fuzileiro, ascendeu das fileiras poderia ter feito a indicação? Sharpe foi soldado raso e pertencia à escória da sociedade inglesa antes de ir parar no exército. A grande maioria dos oficiais ingleses da época pertencia à aristocracia e não poderia, portanto, conhecer a Wheatsheaf, hospedaria em que Sandman foi morar.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">Mais adiante, na página 270, Sandman se lembra de como foi surpreendido por 20 dragões franceses nos Pirineus e foi salvo apenas “porque um oficial casaca-verde tinha aparecido por acaso com uma dúzia de homens que usaram fuzis para espantar os cavaleiros.” Ora, não conheço outro oficial fuzileiro que faria esse serviço melhor do que Sharpe.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">Sandman é bastante carismático, não ficando atrás de Sharpe nesse quesito. O autor, inclusive, afirma, em uma resposta a um leitor, disponível em seu site oficial, que gosta bastante de Sandman e que tem planos no sentido de escrever outros livros sobre o herói. Isso seria muito interessante. Gostaria bastante de ver Rider Sandman entrar em ação novamente, por isso vou torcer para que Cornwell consiga colocar em práticas esse projeto.<br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEitcwXhA3xaQPyHNL2Owt9OQKYnGH_wZE_chpgk6Y-dq2BVJj7cZU6wiG7PPbvX0WRzN1ddQeEniK4AGNMqS9VgHssvmAj4DaJwWuYpi7XNeT5hkd5mlYWSJkPP2B3iC4y7PA-Qkl6AYhm-/s1600/paulineasvenusstuatue.jpg"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5545542460896615202" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEitcwXhA3xaQPyHNL2Owt9OQKYnGH_wZE_chpgk6Y-dq2BVJj7cZU6wiG7PPbvX0WRzN1ddQeEniK4AGNMqS9VgHssvmAj4DaJwWuYpi7XNeT5hkd5mlYWSJkPP2B3iC4y7PA-Qkl6AYhm-/s320/paulineasvenusstuatue.jpg" style="cursor: pointer; float: right; height: 242px; margin: 0pt 0pt 10px 10px; width: 320px;" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">Um dos pontos al</span><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">t</span><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">os do romance diz respeito às referências culturais. Uma </span><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">das personagens, o jovem</span><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"> que aguarda a execução de sua sentença</span><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"> pelo homicídio, é pintor</span><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"> e isso permitiu ao autor ex</span><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">plorar alguns elementos</span><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"> do mundo da arte. Log</span><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">o no início se pode ver a referência à escultur</span><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">a de Pauline Bonaparte, fei</span><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">ta por Antonio Canova</span><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"> </span><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">que, segundo Cornwell, v</span><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">irou a cabeça das mulher</span><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">es da sociedade européia, d</span><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">e um modo geral, à époc</span><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">a. A escultura se encontr</span><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">a hoje em um museu italiano, a <span style="font-style: italic;">Galleria Borghese</span>, e </span><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">quem, hoje, olha para a “Vênus de Canova”, percebe o</span><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;"> </span><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">qu</span><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">anto Cornwell é preciso e</span><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">m </span><span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">seus relatos.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">O teatro é também ligeiramente abordado, o que me fez lembrar do romance de Dumas, “O Conde de Monte Cristo”, que se passa aproximadamente na mesma época e tem inúmeras referências à cultura do século XIX, ainda que a trama se desenvolva basicamente na França e na Itáiia. Naturalmente, pela extensão da obra de Dumas, as referências culturais são mais frequentes. Nem por isso, o fato de Cornwell ter conseguido tratar de tantos assuntos em pouco mais de trezentas páginas merece menos crédito.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">O curioso é que Dumas e Cornwell escrevem sobre a mesma época, mas, respeitadas as devidas proporções, o fazem como uma abordagem diferente. Ambos são autores que prezam bastante as descrições, ambos são minuciosos, porém a mesma atividade que é corriqueira para Dumas, um escritor do século XIX, e, portanto, tratada “<i>en passant”</i>, se torna recriação histórica na perspectiva de Cornwell.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">Vejamos um exemplo dessa divergência sutil: quando Dumas quer dizer que um dos criados de Monte Cristo atrelou uma parelha de bons cavalos árabes em seu <i>coupé</i>, ele está diante de uma atividade trivial para as pessoas que viveram no século XIX e, portanto, julga que basta dizer “Ali atrelou os cavalos”. Por outro lado, Cornwell sabe que poucas pessoas que vivem nos dias de hoje têm ideia do que era preciso fazer para atrelar uma parelha de cavalos à uma carruagem e, dessa forma, e também por não poder deixar de ser Bernard Corwell ele diz: “se passou um tempo enorme para colocarem os arreios, barrigueiras, cilhas, gamarras, tirantes, rabichos e rédeas” (p. 293).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">Ademais, merece amplo destaque a pesquisa feita por Cornwell sobre as gírias faladas pelas pessoas que viviam nos redutos da bandidagem londrina do século XIX. Infelizmente, esse ponto não despertou nenhuma paixão no tradutor da versão brasileira, por certo que este se limitou a traduzir as expressões as tornando imprecisas e vazias de significado. A meu ver, o tradutor teria dado maior contribuição caso houvesse mantido as expressões no idioma original e se utilizado das notas de roda-pé para explicar o que elas poderiam significar em português.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt; line-height: 150%;">Por todas essas características e por outras mil vezes sutis, as quais não me foi dado apreender, e ainda aquelas que, muito embora tenha notado, não foram aqui descritas, é que considero “O Condenado” uma pequena pérola de Bernard Cornwell. Essa pérola, todavia, continua a ser subestimada pelo leitor brasileiro.</span></div>CBhttp://www.blogger.com/profile/14574921363611189081noreply@blogger.com