Por Daniel Dreiberg
Será possível estudar um pássaro tão
de perto, observar e catalogar suas peculiaridades em detalhes tão minuciosos,
que o mesmo se torna invisível? Será possível que, enquanto medimos
fastidiosamente a envergadura de suas asas ou o comprimento de seu tarso,
acabamos perdendo a visão de sua poesia?
Será possível que, em nossas
prosaicas descrições de plumagens marmóreas ou vermiculadas, perdemos a visão
de pinturas vivas, uma sucessão de tons de marrom e dourado que envergonharia
Kandinsky ou explosões de luz e cor à altura de Monet? Eu creio que sim.
Acredito que, ao estudarmos nosso objeto com a sensibilidade de um estatístico
ou de um dissector, nós nos distanciamos cada vez mais das maravilhas e
encantamentos da imaginação.