mas não se rende
Era
Precisamente 1h30min.
De repente,
numa extensão de mais de quarto de légua, pareceu a terra entreabrir-se e
vomitar o inferno. Grande frêmito inclino o centeio, fez tremer o solo e todos
os seres vivos sentiram na medula a palpitação que produz o estrondo do raio.
Foi o fragor percebido a cinquenta léguas de distância.
A um sinal do
Príncipe de Moskova [Ney], começou a grande bateria a castigar a posição
inglesa.
Marcel
Dupont.
O livro de Marcel Dupont é um
belíssimo relato de uma das mais famosas batalhas de todos os tempos, que se lê
como um romance, mas, sem a menor dúvida, trata-se de um livro para iniciados.
Estão, pois, sujeitos a ficarem relativamente perdidos em meios aos muitos
nomes de pessoas e lugares que o autor declina a todo momento, aqueles leitores
que, porventura, ignorem o panorama histórico do período conhecido como Os
Cem Dias – lapso temporal que compreende os eventos desde a volta triunfal
de Napoleão da Ilha de Elba, passando pela fuga de Luis XVIII, a nova aclamação
do Imperador, o advento da novel coalizão, a decisão de Napoleão de fazer
o primeiro movimento de ataque na guerra inexorável, até a segunda abdicação,
ocorrida após a vitória dos aliados em Waterloo.
Assim, para uma compreensão completa da narrativa, é recomendável, sobretudo, que o leitor esteja a par dos eventos ocorridos nos dias anteriores à Batalha de Waterloo, pois o autor se abstém em pormenorizar as duas importantíssimas batalhas havidas na véspera da grande hecatombe do Monte Saint-Jean: as Batalhas de Ligny e Quatre-Brás, que tiveram seriíssima repercussão em tudo o que fatalmente ocorreu no dia seguinte nas proximidades do lugarejo cujo nome até então era obscuro, mas que, após o ocorrido, ganhou eterna notoriedade, Waterloo.