O majestosamente belo e o tetricamente trágico
O belo e o trágico andam lado a lado no livro do professor Bernhard Schlink, muito embora, é evidente, não se trate da beleza majestosa referida no título deste comentário. Antes, o livro contém uma beleza pálida, uma espécie de altivez insípida, como se tudo o que pudesse ser reconhecido como belo nesta estória estivesse a tal ponto subjugado pelas forças incoercíveis da tragédia humana que só pode ser lembrado envolto pelo manto desbotado que sói cobrir as piores lembranças da Segunda Guerra Mundial.
Nada obstante, essa beleza esmaecida bem existe. Há a beleza opaca da força que impele a sociedade rumo ao progresso, na tentativa de se reerguer dos escombros da guerra que, pela segunda vez em menos de 30 anos, devastou a Europa. Nesse cenário, Michael Berg, o jovem protagonista de 15 nos, vive com os pais em um (imagino) subúrbio da capital alemã e se prepara para voltar à escola depois de ter ficado afastado das aulas para se tratar de uma hepatite que contraiu.