A Voz do Vencedor
Agora que começo a traçar estas linhas, acabo de regressar da Livraria Cultura. Naturalmente, um passeio perturbador para qualquer bibliófilo, por menos obsessivo que seja. Em meio a uma variedade infindável de títulos e volumes disponíveis, me detive alguns minutos admirando um: “Sharpe's Waterloo”.
Tratava-se de uma edição da HarperCollins de 2010, classificada como “paperback”, do tipo que, por aqui, poderíamos definir simplesmente como “brochura”, se fosse possível – claro está – não considerarmos que depois que os Beatles cantaram “Paperback writer. Please, sir or madam, can you read my book?” o termo ganhou outros significados correntes. Sim, pois, após essa intervenção pontual da cultura pop, “paperback”, mais do que nunca, passou a ter a conotação geral de publicação de baixo custo, quiçá baixa qualidade, seja do insumo empregado na própria edição, seja relativa à aptidão e aos rudimentos literários do escritor. Seguramente, trata-se de avassaladora bobagem, pois todos os grandes escritores publicados nos Estados Unidos e na Europa possuem edições em “paperback”, o que, a toda evidência, diminui sensivelmente o custo final do produto e o grande beneficiado não é outro senão o leitor.